Crioulização e fantasmagoria

Autores

  • Miguel Vale de Almeida

Palavras-chave:

Antropologia

Resumo

Um caso concreto de crioulização - o caboverdiano - permite discutir vários pontos. Primeiro, que o tropo da crioulização é correlato de outros com histórias política e teoricamente complexas e ambíguas: miscigenação, mestiçagem, “raça”, nação e outros. Segundo, que ele se constituiu em um quadro colonial mais vasto, em que várias histórias e geografias unidas por um quadro colonial comum, centrado no Estado português, constituíram uma “gramática” e um “glossário” para a definição daquele processo de crioulização. Terceiro, que esta crioulização é feita na presença de um fantasma (sintetizável na figura do negro, africano, escravizado) e se constitui como fantasmagoria. Finalmente, este caso será abordado como um bom começo para pensar dois outros terrenos da situação globalizada e póscolonial contemporânea: Portugal e Brasil.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ALEXANDRE, Vaientim; JILL Dias. (Eds.). 1998. O império africano 1825-1890, Vol X. Nova história da expansão portuguesa. SERRÃO, J.; OLIVEIRA MARQUES, A. H. (Eds.). Lisbon: Estampa.
ANDERSON, Benedict. 1983. Imagined communities: reflections on the origins and spread of nationalism, London: Verso.
ARAUJO, R. B. de. 1994. Guerra e paz. Casa-grande e senzala e a obra de Gilberto Freyre nos anos 30. Rio de Janeiro: Editora 34.
BK AZ DIAS, Juliana. 2002. Língua e poder: transcrevendo a questão nacional. Mana, 5:352- 374
CABRAL, Amílcar. 1977. Dignidade e identidade no contexto da luta de libertação nacional? Raízes, 1 (4).
CASTELO, Cláudia. 1998. O modo português de estar no mundo: o luso-tropicalismo e a ideologia colonial portuguesa (1933-1961). Porto: Afrontamento.
COllEN, Abner. 1981. The politics of elite culture. Explorations in the dramaturgy of power in a modem african society, London: University of California Press.
CORREIA, A. Mendes. 1940. O mestiçamento nas colônias portuguesas. In: Congresso do Mundo Português, Vol. XIV, I, Lisbon.
CURTIN, Phillip D. (Ed.). 1972. Africa and the West: intellectual responses to european culture, Madison: University of Wisconsin Press.
DIAS, Jill R. 1984. Uma questão de identidade: respostas intelectuais às transformações econômicas no seio da elite crioula da Angola portuguesa entre 1870 e 1930. Revista Internacional de Estudos Africanos, 1, p. 61-94.
___ . 2002. Novas identidades africanas em Angola no contexto do comércio Atlântico. In: BASTOS, C.; VALE DE ALMEIDA, M.; FELDMAN-BIANCO, B. (Eds.). Trânsitos coloniais’. diálogos críticos luso-brasileiros. Lisbon: ICS. p. 293-320.
FERNANDES, Gabriel. 2002. A diluição da África. Uma interpretação da saga identitária caboverdiana no panorama político (pós)colonial. Florianópolis: Editora da UFSC.
FREYRE, G 1955. Um brasileiro em terras portuguesas. Introdução a uma possível lusotropicologia, acompanhada de conferências e discursos proferidos em Portugal e em terras lusitanas e ex-lusitanas da Asia, da Africa e do Atlântico. Lisbon: Livros do Brasil.
____. 1992 [1933]. Casa-grande e senzala. Formação dafamãia brasileira sob o regime da economia patriarcal (Vol. I of Introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil), 29lh ed. Rio de Janeiro: Record.
GILROY, Paul. 1993. The black Atlantic: modernity and double consciousness. London: Verso.
IIARAWAY, Donna. 1989. Primate visions: gender, race and nature in the world of modem science, New York: Routledge.
MARIANO, Gabriel. 1991. Cultura cabo-verdiana. Lisbon: Vega.
______. 1959. Do Junco ao sobrado ou o mundo que o mulato criou, Lisbon: JIU.
MOREIRA, A. 1961. Política de integração. Discurso proferido pelo Ministro do Ultramar na Associação Comercial do Porto. Lisbon.
______ . 1963 (1958). Contribuição de Portugal para a valorização do homem no Ultramar’, Ensaios, 3rd ed. Estudos de Ciências Políticas e Sociais, 34, Lisbon: Junta de Investigações do Ultramar.
PEREIRA, Dulce. 2002. Crioulos de base portuguesa, electronic document chttp:// www.instituto-camoes.pt/CVC/hlp/geografia/crioulosbaseporthtml>, accessed 20 May 2003.
PEREIRA, R. 1986. Antropologia aplicada na política colonial portuguesa do Estado Novo, Revista Internacional de Estudos Africanos, 4-5, p. 191-235.
SANTOS, Gonçalo Duro dos. 1996. Topografias Imaginárias: as estórias de EusébioTamagnini no Instituto de Antropologia de Coimbra, 1902-1952, BAThesis, Department of Anthropology, University of Coimbra.
SEYFERTH, Giralda. 1991. Os paradoxos da miscigenação: observações sobre o tema imigração e raça no Brasil, Estudos Afro-Asiáticos, 20, p. 165-185.
SILVESTRE, Osvaldo. 2002. A aventura crioula revisitada: versões do Atlântico negro em Gilberto Freyre, Baltasar Lopes e Manuel Ferreira. In: BUESCU, H. C.; SANCHES, M. R. (Eds.). Literatura e viagens pós-coloniais, Lisbon: Edições Colibri e Centro de Estudos Comparatistas. p. 63-103.
VALE DE ALMEIDA, Miguel. 2000. Um mar da cor da terra: ‘raça’, cultura e política da identidade, Oeiras: Celta (forthcoming 2003, An Earth-Colored Sea. ‘Race’, Culture and the Politics o f Identity In the Postcolonial Portuguese-Speaking World, Oxford and Providence: Beghahn Books).
______. 2004. Outros destinos. Ensaios de antropologia e cidadania. Porto: Campo das Letras.
VERGES, Françoise. 2001. Vertigo and emancipation. Creole cosmopolitanism and cultural politics, Theory, culture and society, 18 (2-3), p. 169-183.
WADE, Peter. 1993. Blackness and race mixture: the dynamics of racial identity in Colombia, Baltimore and London: The Johns Hopkins Press.

Downloads

Publicado

2018-02-20

Como Citar

Almeida, Miguel Vale de. 2018. “Crioulização E Fantasmagoria”. Anuário Antropológico 30 (1):33-49. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6918.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.