A etnologia indígena de Julio Cezar Melatti

Auteurs-es

  • Manuel Ferreira Lima Filho

Mots-clés :

Antropologia, Homenagem

Résumé

Quando decidi trabalhar com os Karajá da ilha do Bananal estava dividido entre a novidade de fazer uma pesquisa de campo etnográfica pela primeira vez, ou seja, passar por aquilo que alguns chamam de rito de iniciação da profissão, e as ponderações de etnólogos que pintavam uma situação de contato interétnico difícil entre o grupo, alertando que a etnografia seria contaminada pela aura desanimadora daqueles que fizeram uma experiência etnográfica com os Karajá. Diziam que os Karajá expulsavam os antropólogos, ou ainda, que os que começavam as etnografias não conseguiam terminá- las, devido ao caos provocado pela bebida alcoólica no grupo. O receio aumentou quando percebi que no levantamento etnológico do Centro-Oeste, de modo especial o que foi realizado pelo Harvard Central Brazil Research Project (Maybury Lewis, 1979), os Karajá não haviam sido contemplados. E assim, entre a animação do noviço em Antropologia e um certo receio em relação à situação do grupo, ficava uma desesperança no ar. Foi então que se fez presente a sensatez e a serenidade do professor Julio Cezar Melatti, que sabiamente me mostrou algumas etnografias de sucesso sobre o grupo e ainda sentenciou: “Em último caso, você ouve os índios do lado da cidade...” Ou seja, as dificuldades do campo não seriam maiores que a contribuição que a etnografia poderia dar ao estudar pela primeira vez, e de maneira global, o rito de iniciação dos meninos Karajá ou o rito da Casa Grande.

Téléchargements

Les données relatives au téléchargement ne sont pas encore disponibles.

Références

GALVÃO, Eduardo. 1979. “Áreas Culturais Indígenas do Brasil: 1900-1959”. In Encontro de Sociedades: índios e brancos no Brasil. Rio de Janeiro: Paz e Terra. pp. 193-228.
LIMA FILHO, Manuel Ferreira. 1994. Hetohoky: um rito Karajá. Goiânia: Editora da UCG.
MAYBURY-LEWIS, David. 1979. Dialectical Societies. Cambridge: Harvard University Press.
MELATTI, Julio Cezar. 1963. O Mito e o Xamã. Revista do Museu Paulista, N. S., v. 14: 60-70.
------ 1967. índios e Criadores. Rio de Janeiro: UFRJ (Monografias do Instituto de Ciências Sociais, 3).
------ 1970. A Estrutura Social Krahó. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo. [Orientador: João Baptista Borges Pereira]
------ . 1974. Reflexões sobre Algumas Narrativas Krahó. Série Antropologia, nE 8 (Brasília: DAN/UnB).
------ 1976a. Corrida de Toras. In Revista de Atualidade Indígena, n. 1: 38-45. Brasília: FUNAI.
------- 1976b. “Nominadores e Genitores: um aspecto do dualismo Krahó”. In Leituras de Etnologia Brasileiras (Egon Schaden, org.). São Paulo: Editora Nacional, pp. 139-148.
----- 1978. Ritos de uma Tribo Timbira. São Paulo: Ática.
------ . 1979a. Pólos de Articulação Indígena. Revista de Atualidade Indígena, n.16: 17-28. Brasília: FUNAI.
------ - 1979b. “The Relationship System of the Krahó”. In Dialectical Societies (D. Maybury Lewis, org.). Cambridge: Harvard University Press. pp. 46-79.
----- 1985. Curt Nimuendajú e os Jês. Série Antropologia, n? 49 (Brasília: DAN/UnB).
----- 1987 [1970]. índios do Brasil. São Paulo: Hucitec; Brasília: Editora da UNB.
------ . 1992. “Enigmas do Corpo e Soluções dos Panos”. In Roberto Cardoso de Oliveira -
Homenagem. Campinas: IFCH-Unicamp. pp. 143-166.

Téléchargements

Publié-e

2018-02-08

Comment citer

Lima Filho, Manuel Ferreira. 2018. « A Etnologia indígena De Julio Cezar Melatti ». Anuário Antropológico 25 (1):95-99. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6766.