Os Avá-Canoeiro do Araguaia e o tempo do cativeiro

Authors

  • Patrícia de Mendonça Rodrigues

Keywords:

Avá-Canoeiro do Araguaia, Frente de Atração, genocídio, cativeiro, resiliência

Abstract

Depois de décadas de massacres e fuga dos colonizadores em condições desumanas, um grupo de dez sobreviventes dos Avá-Canoeiro do Araguaia foi capturado por uma violenta Frente de Atração da FUNAI em 1973 e 1974. Dois anos depois, com o grupo reduzido à metade, os Avá-Canoeiro foram transferidos compulsoriamente para a aldeia Canoanã, dos Javaé, com quem disputaram um mesmo território por mais de cem anos, em um contexto de enfrentamentos e inúmeras mortes recíprocas. Embora tenham sido aprisionados por agentes do Estado, os Avá-Canoeiro foram recebidos por seus antigos adversários como perdedores de guerra e incorporados a uma posição subalterna de inferioridade social, sofrendo desde então severa marginalização socioeconômica, política e cultural nas aldeias javaé. Depois de 40 anos do traumático evento da captura, os atuais 21 Avá-Canoeiro ainda residem na “aldeia dos inimigos” como cativos de guerra, à espera do retorno a uma terra própria. A precipitada ação estatal beneficiou unicamente o interesse dos grandes grupos econômicos que se instalaram nas terras ocupadas tradicionalmente pelos dois grupos indígenas. Apesar de todo o histórico de opressão, os Avá-Canoeiro têm demonstrado uma extraordinária capacidade de resiliência física e cultural.

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Published

2018-02-19

How to Cite

Rodrigues, Patrícia de Mendonça. 2018. “Os Avá-Canoeiro Do Araguaia E O Tempo Do Cativeiro”. Anuário Antropológico 38 (1):83-137. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6875.