Desistência do crime

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0102-6992-201833030008

Palavras-chave:

Desistência criminal, Reforma de maturação, Pontos de virada, Prevenção terciária, Apoio aos egressos

Resumo

O texto explora o conceito da desistência criminal, cada vez mais empregado na literatura criminológica contemporânea, a discutir o tema da estabilidade e da mudança comportamental a partir de novas bases teóricas. O trabalho discute as contribuições de diferentes teorias criminológicas e oferece uma síntese sobre as principais evidências encontradas em estudos longitudinais, destacando a relevância do fator etário para a desistência considerada na hipótese da “reforma de maturação”. A partir da “perspectiva do curso de vida” (Sampson & Laub, 1995), são indicados os chamados “pontos de virada” representados por eventos especiais correlacionados à desistência como o casamento, o nascimento do primeiro filho, a conquista de um emprego formal, entre outros. Com base na experiência internacional, sustenta-se que o fenômeno da desistência pode ser amplamente estimulado com políticas públicas e programas específicos, o que tenderia a produzir impactos positivos quanto à segurança pública. Em sua parte final, esse desafio é situado na realidade brasileira, com a sugestão de caminhos para a prevenção terciária, particularmente no que tange à integração comunitária dos egressos do sistema prisional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Marcos Rolim, Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul

Doutor e mestre em sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Presidente do Instituto Cidade Segura e membro do Conselho Administrativo do Centro Internacional para Promoção dos Direitos Humanos. Autor, entre outros, de A síndrome da Rainha Vermelha, policiamento e segurança pública no século XXI (Zahar, 2006) e A formação de jovens violentos, estudo para a etiologia da violência extrema (Appris, 2016).

Referências

ARIELY, Dan. Positivamente irracional: os benefícios inesperados de desafiar a lógica em todos os aspectos de nossas vidas. Rio de Janeiro: Campus Elsevier, 2010. [ Links ]

BEIRNE, Piers. Adolphe Quetelet and the origins of positivist criminology. American Journal of Sociology, v. 92, n. 5, p. 1140-1169, 1987. [ Links ]

BLUMENSTEIN, Alfred; COHEN, Jacqueline; FARRINGTON, David P. Criminal career research: its value for criminology. Criminology, v. 26, p. 1-35, 1988. [ Links ]

BOONE, Miranda. Judicial rehabilitation in the Netherlands: balancing between safety and privacy. European Journal of Probation, v. 3, n. 1, p. 63-78, University of Bucharest, 2011. [ Links ]

BRAFMAN, Ori; BRAFMAN, Rom. A força do absurdo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. [ Links ]

CARLSSON, Christoffer. Using "turning points" to understand processes of change in offending. Notes from a swedish study on life courses and crime. British Journal of Criminology, v. 52, p. 1-16, 2012. [ Links ]

CORDEIRO, Laurentino André; COELHO, Kellen da Silva; KANITZ, Amarildo F.; SILVA GONÇALVES, Helen. Os reflexos da capacitação fora das grades: a ressocialização dos ex-detentos do complexo penitenciário de São Pedro de Alcântara (SC/Brasil) Reice. Revista Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia y Cambio en Educación, v. 12, n. 2, p. 139-162, 2014. [ Links ]

FARRALL, S.; CALVERLEY, A. Understanding desistance from crime: Theoretical directions in resettlement and rehabilitation. Maidenhead (UK): Open University Press, 2006. [ Links ]

FARRAL, S.; BOTTOMS, A.; SHAPLAND, J. Social structures and desistance from crime. European Journal of Criminology, v. 7, p. 546-569, 2010. [ Links ]

FARRINGTON, D. P. Explaining the beginning, progress, and ending of antisocial behaviour from Birth to adulthood. In: MCCORD, J. (Ed.). Facts, frameworks, and forecasts: advances in criminological theory. v. 3. New Brunswick (NJ): Transaction Publishers, 1992. [ Links ]

____ . Self-reported and official offending from adolescence to adulthood, In: KLEIN, M. W. (Ed.). Cross-national research in self-reported crime and delinquency. Dordrecht (NL): Kluwer, 1989. [ Links ]

____ . Age and crime. In: TONRY, Michael; MORRIS, Norval (Eds). Crime and justice. v. 7, p. 189-250. Chicago (IL): University Press, 1986. [ Links ]

FOX, Katheryn J. Theorizing community integration as desistance-promotion. Criminal Justice and Behavior, v. 42, n. 1, p. 82-94, 2015. [ Links ]

GOTTFREDSON, Michael; HIRSCHI, Travis. A general theory of crime. Stanford (CA): Stanford University Press, 1990. [ Links ]

GRAHAM, J.; BOWLING, B. Young people and crime. London: Home Office, 1995. [ Links ]

HELYAR-CARDWELL, Vicki. Fathers for good? Exploring the impact of becoming a father on young offenders’ desistance from crime. Safer Communities, v. 11. n. 4, p. 169-178, 2012. [ Links ]

HIRSHI, Travis; GOTTFREDSON, Michael. Age and the explanation of crime. American Journal of Sociology, v. 89, p. 552-584, 1983. [ Links ]

HOLLIS, James, A sombra interior: porque pessoas boas fazem coisas ruins? São Paulo: Novo Século, 2010. [ Links ]

HUESMANN, L. R.; ERON, L. D.; LEFKOWITZ, M. M.; WALDER L. O. The stability of aggression over time and generations. Developmental Psychology, v. 20, p. 1120-1134, 1984. [ Links ]

JOHNSON, S. B. et alii. Adolescent maturity and the brain: the promise and pitfalls of neuroscience. Research in adolescent health policy. Journal of Adolescent Health, v. 45, n. 3, p. 216-221, 2009. [ Links ]

JULIÃO, Elionaldo Fernandes. O impacto da educação e do trabalho como programas de reinserção social na política de execução penal do Rio de Janeiro. Rev. Bras. Educ. v. 15, n. 45, 2010. [ Links ]

LOEBER, Rolf. The stability of antisocial child behavior: a review. Child Development, v. 53, p. 1431-1446, 1982. [ Links ]

MARUNA, Shadd. Making good: how ex-convicts reform and rebuild their lives. Washington (DC): APA Books, 2001. [ Links ]

MARUNA, Shadd; LEBEL, T. P.; LANIER, C. Understading desistance from crime. London: Rehabilitation Services Group; National Offender Managment Service; Ministry of Justice (UK), 2010. [ Links ]

____ . Generativity behind bars: some “redemptive truth” about prison society. In: ST. AUBIN, E. de; MCADAMS, D.; KIM T. (Eds.). The generative society: caring for future generations, p. 131-151. Washington (DC): American Psychological Association, 2003. [ Links ]

MATZA, D. Delinquency and drift. New York: John Wiley and Sons, 1964. [ Links ]

METTIFOGO, Decio; ARÉVOLO, Camila; GOMÉS, Francisca; MONTEDÓNICO, Sofia; SILVA, Luis. Factores transicionales y narrativas de cambio en jóvenes infractores de ley: análisis de las narrativas de jóvenes condenados por la Ley de Responsabilidad Penal Adolescente. Psicoperspectivas, v. 14, n. 1, Valparaíso (CL), 2015. [ Links ]

MLODINOW, Leonard. Subliminar: como o inconsciente influencia nossas vidas. Rio de Janeiro: Zahar, 2012. [ Links ]

MONSBAKKEN, Christian Weisæth; LYNGSTAD, Torkild Hovde; SKARDHAMAR, Torbjørn. Crime and the transition to parenthood: the role of sex and relationship context. British Journal of Criminology, v. 53, p. 129-148, 2012. [ Links ]

PIQUERO, A. R.; FARRINGTON, D. P.; BLUMSTEIN, A. Key issues in criminal career research. New analyses of the Cambridge Study in delinquent development. Cambridge (MA): Cambridge University Press, 2007. [ Links ]

ROLIM, Marcos. A formação de jovens violentos: estudo sobre a etiologia da violência extrema. Curitiba (PR): Appris, 2016. [ Links ]

SAMPSON, Robert J.; LAUB, John H. Crime in the making: pathways and turning points through life. Cambridge (MA): Harvard University Press, 1995. [ Links ]

SOWELL, Elizabeth et alii. In vivo evidence for post-adolescent brain maturation in frontal and striatal regions. Nature Neuroscience, v. 10, 1999. [ Links ]

STONE, Rebecca. Desistance and identity repair: redemption narrative as resistance to stigma. British Journal of Criminology, v. 56, n. 5, p. 956-975, 2015. [ Links ]

SYKES, G. M.; MATZA, D. Techniques of neutralization: a theory of delinquency. American Sociological Review, v. 22, n. 1, p. 664-670, 1957. [ Links ]

THORNBERRY, Terence P.; KROHN, Marvin D. The self-report method for measuring delinquency and crime. In: Measurement and analysis of crime and justice. Washington (DC): U.S. Department of Justice Office of Justice Programs Washington (DC), 2000. [ Links ]

UGGEN, Christopher. Work as a turning point in the life course of criminals: a duration model of age, employment, and recidivism. American Sociological Review, v. 65, n. 4, p. 529-546, 2000. [ Links ]

VAN MASTRIGT, S. B.; FARRINGTON, D. P. Co-offending, age, gender and crime type: implications for criminal justice policy. British Journal of Criminology, v. 49, p. 552-573, 2009.

VAUGHAN, Barry, The internal narrative of desistance. British Journal of Criminology, v. 47, p. 390-404, 2007.

WAUTERS, E. A reinserção social pelo trabalho. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2003.

Downloads

Publicado

01-12-2018

Como Citar

Rolim, M. (2018). Desistência do crime. Sociedade E Estado, 33(03), 829–847. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-201833030008

Edição

Seção

Artigos

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.