Reconhecimento, liberdade e ideologia em Axel Honneth: o caso dos ideais de “boa” mãe
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0102-6992-20243901e50440Palabras clave:
Axel Honneth, Reconhecimento, Liberdade, Ideologia, MaternidadeResumen
O presente artigo procura discutir a categoria do reconhecimento ideológico, tal como esboçada por Axel Honneth. Procura também apresentar elementos para um diagnóstico alternativo àquele apresentado pelo filósofo alemão em trabalhos recentes: se é verdade que se desmancham a olhos vistos os apelos emocionais à “boa” dona de casa, como bem diagnostica Honneth, o mesmo não se pode dizer dos modelos de “boa” mãe, que devem ser tomados pelo que verdadeiramente são, é dizer, formas ideológicas de reconhecimento, não só do passado, como argumenta Honneth, mas também do presente, por mais modificados que pareçam à primeira vista. Uma investigação desse tipo – com, contra ou para além de Honneth –, situa o debate no contexto brasileiro e faz da divisão sexual do trabalho objeto privilegiado de análise.
Descargas
Citas
ALMEIDA, Maria Isabel Mendes de. Maternidade: um destino inevitável? Rio de Janeiro: Campus, 1987.
ALVES, José Eustáquio Diniz; CAVENAGHI, Suzana Marta; CARVALHO, Angelita Alves de; SOARES, Maira Covre Sussai. “Meio século de feminismo e o empoderamento das mulheres no contexto das transformações sociodemográficas do Brasil”, in: BLAY, Eva Alterman; AVELAR, Lúcia (Org.). 50 anos de feminismo: Argentina, Brasil e Chile. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, Fapesp, 2019.
ARAÚJO, Clara; SCALON, Celi. Gênero, família e trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
ARAÚJO, Clara; GAMA, Andréa; PICANÇO, Felícia; CANO, Ignácio. “Apresentação”, in: ARAÚJO, Clara; GAMA, Andréa; PICANÇO, Felícia; CANO, Ignácio (Org.). Gênero, família e trabalho no Brasil do século XXI: mudanças e permanências. Rio de Janeiro: Gramma, 2018a.
ARAÚJO, Clara; GAMA, Andréa; PICANÇO, Felícia; CANO, Ignácio; VEIGA, Alinne. “Evolução das percepções de gênero, trabalho e família no Brasil: 2003-2016”, in: ARAÚJO, Clara; GAMA, Andréa; PICANÇO, Felícia; CANO, Ignácio (Org.). Gênero, família e trabalho no Brasil do século XXI: mudanças e permanências. Rio de Janeiro: Gramma, 2018b.
ARAÚJO, Clara; SCALON, Celi. “Percepções e atitudes de mulheres e de homens sobre a conciliação entre família e trabalho pago no Brasil”, in: ARAÚJO, Clara; SCALON, Celi (Org.). Gênero, família e trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
BARKER, Gary; AGUAYO, Francisco (Orgs.) Masculinidades y políticas de equidad de género: reflexiones a partir de la encuesta IMAGES: una revisión de políticas en Brasil, Chile y México. Rio de Janeiro: Promundo, 2011.
BIROLI, Flávia. Gênero e desigualdades. São Paulo: Boitempo, 2018.
BIROLI, Flávia. “Teorias feministas da política, empiria e normatividade”. Lua Nova, São Paulo, n. 102, 2017.
BIROLI, Flávia; MACHADO, Maria das Dores Campos; VAGGIONE, Juan Marco. Gênero, neoconservadorismo e democracia. São Paulo: Boitempo, 2020.
BURIL, Bárbara. Como se forma a imagem que nos mantém presos: o déficit etiológico no diagnóstico das patologias sociais na teoria crítica contemporânea. Dissertação de mestrado. Centro de Filosofia e Ciências Humanas da UFPE, Recife, 2016.
CADONÁ, Eliane; STREY, Marlene Neves. “A produção da maternidade nos discursos de incentivo à amamentação”. Estudos Feministas, v. 22, n. 2, 2014.
CARLOTO, Cássia Maria; MARIANO, Silvana Aparecida. “No meio do caminho entre o privado e o público: um debate sobre o papel das mulheres na política de assistência social”. Estudos Feministas, v. 18, n. 2, 2010.
CARULA, Karoline. “Perigosas amas de leite: aleitamento materno, ciência e escravidão em ‘A Mãi de Família’”. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 19, 2012.
CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; MARQUES, Stanley Souza. “Contribuições para uma reconstrução crítica da gramática moderna da maternidade”. Estudos Feministas, v. 28, n. 2, 2020.
CATTONI DE OLIVEIRA, Marcelo Andrade; MARQUES, Stanley Souza. “Paternidades e a identidade do sujeito constitucional no Brasil: um estudo a partir do direito fundamental à licença-paternidade”. Revista da Faculdade de Direito UFPR, v. 63, n. 2, 2018.
CAVENAGHI, Suzana; ALVES, José Eustáquio Diniz. Mulheres chefes de família no Brasil: avanços e desafios. Rio de Janeiro: ENS-CPES, 2018.
CRISSIUMA, Ricardo. “Trocando o jovem pelo velho: Axel Honneth leitor de Hegel”, in: MELO, Rúrion (Org.). A teoria crítica de Axel Honneth: reconhecimento, liberdade e justiça. São Paulo: Saraiva, 2013.
DE CAUX, Luiz Philipe. “Intersubjetividade e ontologia social nas revisões da teoria do reconhecimento de Axel Honneth”. ethic@, v. 16, n. 1, 2017.
FRASER, Nancy; HONNETH, Axel. ¿Redistribución o reconocimiento? Un debate político-filosófico. Madri: Ediciones Morata; Fundación Paidéia Galiza, 2006.
FREIRE, Maria Martha de Luna. “‘Ser mãe é uma ciência’: mulheres, médicos e a construção da maternidade científica na década de 1920”. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, v. 15, 2008.
GAMA, Andréa de Sousa. Trabalho, família e gênero. São Paulo: Cortez Editora, 2014.
GAMA, Andréa; SORJ, Bila; ROMERO, Karolyne; VEIGA, Aline. ‘Tensões entre trabalho e família: recomposições na divisão sexual do trabalho”, in: ARAÚJO, Clara; GAMA, Andréa; PICANÇO, Felícia; CANO, Ignácio (Org.). Gênero, família e trabalho no Brasil do século XXI: mudanças e permanências. Rio de Janeiro: Gramma, 2018.
GUEDES, Moema. “Escolaridade e gênero: percepções mais igualitárias?”, in: ARAÚJO, Clara; GAMA, Andréa; PICANÇO, Felícia; CANO, Ignácio (Org.). Gênero, família e trabalho no Brasil do século XXI: mudanças e permanências. Rio de Janeiro: Gramma, 2018.
HIRATA, Helena. “Gênero, classe e raça: Interseccionalidade e consubstancialidade das relações sociais”. Tempo Social, v. 26, n. 1, 2014.
HIRATA, Helena; KERGOAT, Danièle. “A divisão sexual do trabalho revisitada”, in: MARUANI, Margaret; HIRATA, Helena (Org.). As novas fronteiras da desigualdade: homens e mulheres no mercado de trabalho. São Paulo: Editora Senac, 2003.
HONNETH, Axel. “Barbarizações do conflito social: lutas por reconhecimento ao início do século 21”. Civitas, v. 14, n. 1, 2014a.
HONNETH, Axel. El derecho de la libertad. Buenos Aires: Katz Editores, 2014b.
HONNETH, Axel. “O fundamento do reconhecimento: uma réplica a questões críticas”, in: HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento. Lisboa: Edições 70, 2011.
HONNETH, Axel. “Recognition as Ideology: The Connection between Morality and Power”, in: HONNETH, Axel. The I in We. Cambridge, UK: Polity Press, 2012.
HONNETH, Axel. “Redistribución como reconocimiento: respuesta a Nancy Fraser”, in: FRASER, Nancy; HONNETH, Axel. ¿Redistribución o reconocimiento? Un debate político-filosófico, Madri, Ediciones Morata e Fundación Paidéia Galiza, 2006.
HONNETH, Axel. “Rejoinder”. Critical Horizons, v. 16, n. 2, 2015.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Estatísticas do Registro Civil. 2017. Rio de Janeiro, v. 44, 2017.
ITABORAÍ, Nathalie Reis. Mudanças nas famílias brasileiras (1976-2012): uma perspectiva de classe e gênero. Rio de Janeiro: Garamond, 2017.
JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2020.
LUFT, Lya. As parceiras. Rio de Janeiro: Record, 2014a.
LUFT, Lya. Exílio. Rio de Janeiro: Record, 2014b.
ROCHA-COUTINHO, Maria Lúcia. “‘Mulher moderna é assim, dá conta de tudo...’: a difícil arte de equilibrar trabalho e família”, in: STREY, Marlene Neves; BOTTON, Andressa; CADONÁ, Eliane; PALMA, Yáskara Arrial (Org.). Gênero e ciclos vitais: desafios, problematizações e perspectivas. Porto Alegre: Edipucrs, 2012.
MARQUES, Stanley Souza. “Justiça, gênero e famílias em ‘O direito da liberdade’, de Axel Honneth: elementos para uma contribuição ao projeto honnethiano”. Sociologias, n. 61, 2022.
McNAY, Lois. “Social freedom and progress in the family: reflections on care, gender and inequality”. Critical Horizons, v. 16, n. 2, 2015.
MENDONÇA, Ricardo Fabrino; PORTO, Nathália França Figuerêdo. “Reconhecimento ideológico: uma reinterpretação do legado de Gilberto Freyre sob a ótica da teoria do reconhecimento”. Dados, v. 60, n. 1, 2017.
MEYER, Dagmar Estermann. “As mamas como constituintes da maternidade: uma história do passado?”. Educação & Realidade, v. 25, n. 2, 2000.
MIGUEL, Luis Felipe. “Mulheres e política institucional no Brasil”. Revista do Observatório Brasil de Igualdade de Gênero, Brasília, n. 7, 2015.
MOURA, Solange Maria Sobottka Rolim de; ARAÚJO, Maria de Fátima. “Produção de sentidos sobre a maternidade: uma experiência no Programa Mãe Canguru”. Psicologia em Estudo, v. 10, n. 1, 2005.
PICANÇO, Felícia Silva. “Amélia e a mulher de verdade: representações dos papeis da mulher e do homem em relação ao trabalho e à vida familiar”, in: ARAÚJO, Clara; SCALON, Celi (Org.), Gênero, família e trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.
RAGO. Margareth. Do cabaré ao lar: a utopia da cidade disciplinar e a resistência anarquista. Brasil 1890-1930. São Paulo: Paz e Terra, 2014.
SCAVONE, Lucila. “A maternidade e o feminismo: diálogo com as ciências sociais”. Cadernos Pagu, n. 16, 2001.
SCHWENGBER, Maria Simone Vione; MEYER, Dagmar Estermann. “Discursos que (con)formam corpos grávidos: da medicina à educação física”. Cadernos Pagu n. 36, 2011.
SORJ, Bila. “Arenas de cuidado nas interseções entre gênero e classe social no Brasil”. Cadernos de Pesquisa, v. 43, n. 149, 2013.
TORNQUIST, Carmen Susana. “Armadilhas da nova era: natureza e maternidade no ideário da humanização do parto”. Estudos Feministas, v. 10, n. 2, 2002.
XAVIER, Elódia. Declínio do patriarcado: a família no imaginário feminino. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1998.
ZURN, Christopher. Axel Honneth: A Critical Theory of the Social. Cambridge: Polity Press, 2015.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2024 Sociedade e Estado
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
.jpg)
