Genocídio da juventude negra: notas sob a concepção da sociologia da ação disposicional

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0102-6992-20233802e48175

Palabras clave:

Genocídio da juventude negra, Capital Racial, Sociologia disposicional, Estado, Polícia

Resumen

Reconhecendo a modernidade/colonialismo como um fenômeno que mobilizou o significante racial como pressupostos balizadores para as formas de dominação, este artigo intenta uma compreensão teórica sobre o genocídio da juventude negra à luz da sociologia da ação disposicional, onde se localiza sua originalidade, uma vez que as pesquisas no campo da segurança pública tendem a abordagens inseridas ou espelhadas na teoria da escolha racional e modelos analíticos afeitos ao “economicismo”. A partir de conceitos balizadores, como habitus, campo e capital, propõe-se um modelo analítico que evidencie a organicidade do que chamamos de “capital racial”, um mecanismo analítico disposicional revelador daqueles aspectos fundamentais na conformação da sociedade brasileira, um recurso social que passa a disponibilizar certo quantum de controle nas ações e nas estruturas compartilhadas e que atua como regente da exploração da população negra e do genocídio agenciado pelo Estado. Como projeto em andamento, pretende apontar caminhos para a pesquisa aplicada e teórica, no campo das políticas públicas relativas à segurança, à violência e às desigualdades.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Jair Junior, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Doutorando em SociologiaPrograma de Pós-graduação em Sociologia UFMG, Mestre em Ciências Sociais, Especialista  em  Estudos  de  Criminalidade  e  Segurança  Pública  e  Graduado  em  serviço  social,  seus  estudos transitam pelos temas: Juventude e Sociabilidade; Criminalidade e Violência; Sistema Socioeducativo e Garantia de Direitos; Diferença, Identidade e Reconhecimento; Raça, Gênero e Etnia, racismo, modernidade, afrodiáspora, decolonialidade  e  perspectivascontra-colonais.

Citas

AMARAL DE OLIVEIRA, Lucas; ALVES, Ana Rodrigues Cavalcanti. Relendo a teoria sociológica brasileira à luz da crítica pós-colonial. Sociedade e Estado, v. 1, n. 38, p. 211-242, 2023. Disponível em: <https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/45208>. Acesso em: 02 ago. 2023.

» https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/45208

ARAÚJO, Ricardo Augusto Nascimento M. Entrevista: Ricardo Augusto Nascimento de Mello Araújo. (S.1). Entrevista concedida a Luiz Adorno. Abordagem nos Jardins tem de ser diferente da periferia, diz novo comandante da Rota. UOL, 2017. Disponível em: <https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/08/24/abordagem-no-jardins-e-na-periferia-tem-de-ser-diferente-diz-novo-comandante-da-rota.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 17 mar. 2023.

» https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/08/24/abordagem-no-jardins-e-na-periferia-tem-de-ser-diferente-diz-novo-comandante-da-rota.htm?cmpid=copiaecola

AUTOS DE RESISTÊNCIA. Direção: Natasha Neri e Lula Carvalho. Produção de Lia Gandelman e Joana Nin. Brasil, 2018.

BAERT, Patrick. Algumas limitações das explicações da escolha racional na ciência política e na sociologia. Revista brasileira de Ciências Sociais, v. 12, n. 35, 1997.

BARRETO, Paula et al. Entre o isolamento e a dispersão: a temática racial nos estudos sociológicos no Brasil. Revista Brasileira de Sociologia , v. 5, n. 11, p. 113-141, 2017.

BASTIDE, Roger; FERNANDES, Florestan. Brancos e negros em São Paulo. São Paulo: Global, 2008.

BEATO FILHO, Cláudio C. Políticas públicas de segurança e a questão policial. São Paulo em Perspectiva, v. 4, n. 13, p. 13-27, 1999.

BECKER, Gary S. Crime and punishment: an economic approach. The Journal of Political Economy, v. 76, n. 2, p. 169-217, 1968.

BERNARDINO-COSTA, Joaze; SANTOS, Sales Augusto; SILVÉRIO, Valter Roberto. Relações raciais em perspectiva. Sociedade e Cultura, v. 12, n. 2, p. 215-222, 2009.

BOURDIEU, Pierre. Sobre o Estado. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.

______. A miséria do mundo. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

______. A distinção: crítica social do julgamento. São Paulo; Porto Alegre: Editora USP; Zouk, 2007.

______. Questões de sociologia. Lisboa: Edições Sociedade Unipessoal LTDA, 2003.

______. Meditações pascalianas. Rio de Janeiro: Betrand, 1998.

______. Razões práticas: sobre a teoria da ação. 4. ed. São Paulo: Papirus, 1996.

______. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Betrand, 1989.

CASTRO-GÓMEZ, Santiago. Ciencias sociales, violencia epistémica y el problema de la “Invención del Otro”, p. 145- 162. In: LANDER, Edgardo (org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales. Buenos Aires: Clacso “Perspectivas latino-americanas”, 2000.

CARNEIRO, Aparecida Sueli. A construção do outro como não-ser no fundamento do ser. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, USP, São Paulo, 2005.

CERQUEIRA, Daniel et al. Atlas da Violência 2021. São Paulo: FBSP, 2021.

CERQUEIRA, Daniel; LOBÃO, Waldir. Determinantes da criminalidade: arcabouços teóricos e resultados empíricos. Revista de Ciências Sociais, v. 47, n. 2, p. 233-269, 2004.

CHIAVENATO, Júlio José. O negro no Brasil. São Paulo: Cortez, 2012.

COSTA-JUNIOR, Jair. Capital racial e as cifras do genocídio: a contabilidade não deve ser um fator objetivo e isolado. In: LEMOS, Cristina Silveira et al. (orgs.). Brutalismos, necropolítica e biopolíticas governamentalidades em quadros de guerra que tornam vidas precárias. Curitiba: CRV, 2023.

______. Genocídio: o apagamento de uma identidade. Dissertação (Mestrado em Ciências Sociais) - Programa de Pós-graduação em Ciências Sociais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG), Belo Horizonte, 2018.

COTTA, Francis Albert. Matrizes do sistema policial brasileiro. Belo Horizonte: Crisálida, 2012.

DAVIS, Angela. A liberdade é uma luta constante. São Paulo: Boitempo, 2018.

ELIAS, Norbert. Os alemães. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

______. A Sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1994.

ELSTER, Jon. Peças e engrenagens das ciências sociais. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.

FANON, Frantz. Pele negra, máscara branca. Salvador: Editora UFBA, 2008.

______. Os condenados da terra. Juiz de fora, MG: Editora UFJF, 2005.

FARIAS, Lindbergh (relator). Relatório Final CPI - assassinato de jovens. Brasília: Senado Federal, 2016.

FERDINAND, Malcolm. Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho. São Paulo: Ubu Editora, 2022.

FERNANDES, Florestan. Prefácio. In: NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro. 2. ed. São Paulo: Perspectivas, 2016.

FLAUZINA, Ana Luiza Pinheiro. Corpo negro caído no chão: o sistema penal e o projeto genocida do Estado brasileiro. Dissertação (Mestrado em Direito) - Programa de Pós-graduação em Direito, Universidade de Brasília, Brasília, 2006.

FLORES, Giane Carolina. Farda, saúde e etnia: a presença de populares negros na polícia de Porto Alegre através dos registros da Santa Casa de Misericórdia (1888-1894). Revista História, v. 3, n. 6, p. 309-320, 2016.

FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA (FBSP). Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2022. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2022.

GÓES, Luciano. A “tradução” de Lombroso na obra de Nina Rodrigues - o racismo como base estruturante da criminologia brasileira. São Paulo: Revam, 2016.

GOMES, Nilma Lino. A força educativa e emancipatória do Movimento Negro em tempos de fragilidade democrática. Revista Teias, v. 1, n. 62, 2020.

______. O movimento negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis, RJ: Vozes, 2017.

GOMES, Nilma Lino; LABORNE, Ana Amélia de Paula. Pedagogia da crueldade: racismo e extermínio da juventude negra. Educação em Revista, v. 34, 2018.

GONÇALVES, Heli José. Controle social e violência: uma análise da Polícia Militar de Minas Gerais. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Social) - Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Social (PPGDS) Universidade Estadual de Montes Claros, 2012.

GONZALEZ, Lélia. Lélia Gonzalez: primavera para as rosas negras. São Paulo: Diáspora Africana, 2018.

GONZALEZ, Lélia; HASENBALG, Carlos. Lugar de Negro. Rio de Janeiro: Marco Zero, 1982.

GUERREIRO RAMOS, Alberto. A redução sociológica. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1996.

HALL, Stuart. Cultura e representação. Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2016.

______. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.

LIMA, Renato Sérgio. Como funciona a segurança pública no Brasil. In: Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 2022. São Paulo: Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 2022.

MAUCH, Cláudia. Considerações sobre a história da polícia. Revista Métis: História & cultura, v. 6, n. 11, p. 107-119, 2007.

MBEMBE, Achille. Crítica da razão negra. São Paulo: N-1 Edições, 2018.

MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2011.

MOORE, Carlos. Racismo & sociedade: novas bases epistemológicas para entender o racismo. Belo Horizonte: Mazza Edições, 2007.

MUNIZ, Jaqueline. Discrecionalidad policial y aplicación seletiva de la ley en democracia. Artículo elaborado para el Curso de Gestión Organizacional en Seguridad Pública y Justicia Criminal del NEV, USP, 2012.

NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro brasileiro. São Paulo: Perspectivas, 2016 [1978].

ODON, Tiago Ivo. Segurança pública e análise econômica do crime: o desenho de uma estratégia para a redução da criminalidade no Brasil. Revista de Informação Legislativa, v. 55, n. 218, p. 33-61, 2018.

OLIVEIRA, João Pacheco de. Pacificação e tutela militar na pacificação dos territórios. Mana, v. 20, n. 1, p. 125-161, 2014.

PORTES, Alejandro. Economic sociology: a systematic inquiry. New Jersei: Princeton University Press, 2010.

POWER, Samantha. Genocídio: a retórica americana em questão. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

QUIJANO, Alejandro. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Buenos Aires: Clacso, 2005.

______. Introdução crítica à sociologia brasileira. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1995.

REIS, João José. Quilombos e revoltas escravas no Brasil. São Paulo: Revista USP, n. 28, p. 14-39, 1995.

RESENDE, João Paulo de; ANDRADE, Mônica Viegas. Crime social, castigo social: o efeito da desigualdade de renda sobre as taxas de criminalidade nos grandes municípios brasileiros. Estudos Econômicos, v. 41, n. 1, p. 173-195, 2011.

RIBEIRO, Carlos Antonio Costa. Classe, raça e mobilidade social no Brasil. Revista de Ciências Sociais, v. 4, n. 49, p. 833-873, 2006.

RIVERA CUSICANQUI, Silvia. Ch’ixinakax utxiwa una reflexión sobre prácticas y discursos descolonizadores. Buenos Aires: Tinta Limón, 2010.

ROSEMBERG, André. Polícia, policiamento e o policial na província de São Paulo, no final do Império: a instituição, prática cotidiana e cultura. Tese (Doutorado em História) - Programa de Pós-graduação em História Social, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

RUSSEL-WOOD, Anthony John R. A base moral e ética do governo local no Atlântico luso-brasileiro durante o Antigo Regime. In: GONÇALVES, Andréa Lisly; CHAVES, Cláudia Maria das Graças; VENÂNCIO, Renato Pinto. Administrando Impérios: Portugal e Brasil nos séculos XVIII e XIX. Belo Horizonte: Fino traço, 2012.

SILVA, Denise Ferreira. Homo modernus: para uma ideia global de raça. Rio de Janeiro: Cobgô, 2022.

SILVÉRIO, Valter Roberto. Rejeições articuladas e reconfigurações do racismo. São Paulo: Entremeios, 2022.

SINHORETTO, Jacqueline et al. A filtragem racial na seleção policial de suspeitos: segurança pública e relações raciais. Relatório final de pesquisa. Brasília; São Carlos, SP: MJ-SENASP; Editora UFSCar, 2013.

SODRÉ, Muniz. O fascismo da cor: uma radiografia do racismo nacional. Petrópolis, RJ: Vozes, 2023.

SOUZA, Jessé. Em defesa da sociologia: o economicismo e a invisibilidade das classes sociais. Revista Brasileira de Sociologia, v. 1, n. 1, 2013.

SOUZA, Robson Sávio Reis. Quem comanda a segurança pública no Brasil? Belo Horizonte: Letramento, 2015.

VOYAGES. The tras-Atlantic slave trade database. [S.L]. Slave Voyages Emory University, 2013. Disponível em: <http://www.slavevoyages.org/assessment/estimates>. Acesso em:10 jan. 2023.

» http://www.slavevoyages.org/assessment/estimates

VILELA, Elaine Meire NORONHA, Cláudia L. Ayer de. Análise da mobilidade social intergeracional entre brancos, pretos e pardos na região metropolitana de Belo Horizonte. Congresso Brasileiro de Sociologia, “Sociedade, Estado e natureza”. Belém, PA, 2021.

WEBER, Max. Ensaios de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

ZALUAR, Alba; LEAL, Maria Cristina. Violência extra e intramuros. Revista Brasileira de Sociologia, v. 16, n. 45, 2001.

Publicado

2024-05-20

Cómo citar

Junior, J. (2024). Genocídio da juventude negra: notas sob a concepção da sociologia da ação disposicional. Sociedade E Estado, 38(02), e48175. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-20233802e48175

Número

Sección

Artigos

Artículos similares

<< < 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 100 101 102 103 104 

También puede {advancedSearchLink} para este artículo.