Trabalhadores de plataformas digitais: mundialização, superexploração e lutas de classe
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202338010002Palabras clave:
uberização, capitalismo de plataforma, superexploração, trabalhadores de plataformas digitais, teoria marxiana do valorResumen
A partir da teoria do valor de Marx e dos aportes sociológicos de Ruy Mauro Marini, o artigo analisa as condições de trabalho dos(as) trabalhadores(as) da empresa Uber e empresas similares de aplicativos, assim como as formas de resistência que estão sendo empregadas por eles(as), nacional e internacionalmente. Para tanto, em um primeiro momento, aborda as implicações teóricas da exploração do trabalho realizada pelas plataformas digitais. Em seguida, a partir de dados de pesquisas realizadas junto aos trabalhadores e de dados de natureza secundária, analisa: i. as condições pelas quais vieram a ter maior adesão, visibilidade e difusão para outros setores; ii. as estratégias mundiais de mercado e de mudança das regulações trabalhistas implementadas por essas plataformas; iii. as formas de controle e de resistência que vêm sendo adotadas pelos trabalhadores. À guisa de conclusão, dada a característica autônoma de suas manifestações frente aos meios de convocação e às direções dos organismos sindicais tradicionais e, em particular, dadas as reivindicações imediatas de caráter internacionalista, o artigo apresenta uma possível agenda de comparação com as manifestações e os movimentos antiglobalização de massa até então em voga.
Descargas
Citas
ABDELNOUR, Sarah; BERNARD, Sophie. Vers un capitalisme de plateforme? La Nouvelle Revue du Travail, n. 13, 2018.
ABILIO, Ludmila Costhek. Uberização traz ao debate a relação entre precarização e tecnologia. IHUONline, n. 503, 2017.
AKGÜÇ, Mehtap; LENAERTS, Karolien; KILHOFFER, Zachary. Traditional and new forms of organisation and representation in the platform economy. Work Organisation, Labour & Globalization, v. 12, n. 2, p. 60-78, 2018.
ANDRADE, Dalila Nascimento; MURICY, Jéferson Alves Silva (Orgs.). Revista Eletrônica do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia. Tribunal Regional do Trabalho da 5a Região/Escola Judicial), Ano 9, n. 13, maio 2021. Disponível em: < http://abet-trabalho.org.br/wp-content/uploads/2021/05/revista_13_otimizado.pdf>.
» http://abet-trabalho.org.br/wp-content/uploads/2021/05/revista_13_otimizado.pdf
ANTUNES, Ricardo. A nova morfologia do trabalho e suas principais tendências: informalidade, infoproletariado, (i)materialidade e valor. In: ______ (Org.). Riqueza e miséria do trabalho no Brasil II. São Paulo: Boitempo, 2013.
______ (Org.). Uberização, trabalho digital e Indústria 4.0. São Paulo: Boitempo, 2020.
ANTUNES, Ricardo; FILGUEIRAS, Vitor. Plataformas digitais, uberização do trabalho e regulação no capitalismo contemporâneo. Contracampo, v. 39, n. 1, p. 27-43, 2020.
BAYLOS, Antonio. La larga marcha hacia el trabajo formal: el caso de los riders y la ley 12/2021. Cuadernos de Relaciones Laborales, v. 40, n. 1, p. 95-113, 2022.
BENVEGNÙ, Carlota et al. (Eds). Platformization and its discontents. The South Atlantic Quarterly, v. 120, n. 4, out. 2021.
BIHR, Alain. Du “grand soir” à “l’alternative”. Paris: Les Éditions Ouvrières, 1991.
CABEZA PEREIRO, Jaime. La devaluación de las garantías del empleo: el reducido control de la decisión unilateral del empresário. Cuadernos de Relaciones Laborales, v. 40, n. 1, p. 57-76, 2022
CANT, Callum. Riding for Deliveroo. Cambridge, UK: Polity Press, 2020.
CANT, Callum; WOODCOCK, Jamie. Platform Worker Organising at Deliveroo in the UK. Journal of Labor and Society online, 2022. Disponível em: <https://brill.com/view/journals/jlso/aop/article-10.1163-24714607-bja10050/article-10.1163-24714607-bja10050.xml>.
CASTEL, Robert. Les métamorphoses de la question sociale. Mesnil-sur-L’Estrée, FR: Librarie Arthème Fayard, 1995.
CHESNAIS, François. La mondialisation de l’armée industrielle de réserve. Carré Rouge, n. 35, 2006.
DEPARTAMENTO INTERSINDICAL DE ESTATÍSTICA E ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS (DIEESE). Boletim de Conjuntura, n. 22, maio 2020a.
______. Boletim Emprego em Pauta, n. 17, dez. 2020b.
______. A reforma trabalhista e os impactos para as relações de trabalho no Brasil. São Paulo: Dieese, 2017a.
______. Impactos da Lei 13429/17. São Paulo: Dieese, 2017b.
DOHERTY, Michael. When the working day is through: the end of work as identity? Work, Employment and Society, v. 23, n. 1, p. 84-101, 2009.
DÖRRE, Klaus. Prekarität als Konzept kritischer Gesellschaftsanalyse - Zwischenbilanz und Ausblick. Ethik und Gesellschaft, n. 2, p. 1-28, 2014.
DRAHOKOUPIL, Jan; FABO, Brian. The platform economy and the disruption of the employment relationship. Brussels: The European Trade Union Institute, 2020.
ENGLERT, Sai; WOODCOCK, Jamie; CANT, Callum. Digital workerism: technology, platforms, and the circulation of workers’ struggles. TripleC, v. 18, n. 1, p. 132-145, 2020.
FELIX, Gil. Krise des Reformismus und revolutionäre Wiederaufnahme in Brasilien. Indymedia.org, 16 jul. 2022. Disponível em: <https://de.indymedia.org/node/208711>.
» https://de.indymedia.org/node/208711
______. O capital selvagem: mobilidade e superexploração do trabalho. Revista Latinoamericana de Antropología del Trabajo, n. 10, jan./abr. 2021a.
______. Aportes da teoria marxista da dependência para a análise da agropecuária e da indústria da mineração. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais, v. 23, jan./dez. 2021b.
______. Aportes teóricos de Ruy Mauro Marini para o marxismo e as ciências sociais hoje”. In: ______ (Org.). Dependência, Estado e superexploração do trabalho no século XXI. Bremen: El Tiple, 2021c.
______. Super-Circulation: towards a political economy of platformisation. Critical Sociology, v. 46, n. 7-8, p. 1221-1232, 2020a.
______. Mate todos eles! Amazonização do trabalho, consenso bolsonarista e algumas distopias políticas do primeiro de maio no Brasil. Kaos en la Red, 06 maio 2020b. Disponível em: <https://passapalavra.info/2020/05/131645/>.
» https://passapalavra.info/2020/05/131645
______. Mobilidade e superexploração do trabalho: o enigma da circulação. Rio de Janeiro: Fapesp; Lamparina, 2019.
______. Circulación y superexplotación del trabajo. Sociología del Trabajo, n. 92, p. 87-105, 2018.
______. Circulação e superexploração do trabalho. Anais do 41º Encontro Anual da Anpocs. Caxambu: Anpocs, 2017.
FELIX, Gil; SOTELO VALENCIA, Adrián. Superexploitation: precarity and the proletarian condition through the perspective of the Marxist theory of dependency. Studies in Political Economy, v. 103, n. 1, p. 1-18, 2022.
FONTES, Virgínia. Capitalismo em tempos de uberização: do emprego ao trabalho. Marx e Marxismo, v. 5, n. 8, p. 46-67, 2017.
FRANCA, Valentina; ZIRNSTEIN, Elisabeta. The legal aspects of the deregulation of professions as a supporting measure towards greater mobility of workers. E-Journal of International and Comparative Labor Studies, v. 3, n. 1, p. 1-26, 2014.
GERSHON, Ilana. Down and out in the new economy: how people find (or don’t find) work today. Chicago, IL: University of Chicago Press, 2017.
GONSALES, Marco; MODA, Felipe. Por dentro da mobilização global dos motoristas de transporte particular por aplicativo. Pensata, v. 9, n. 1, p. 1-19, 2020.
GRAHAM, Mark; WOODCOCK, Jamie. The gig economy: a critical introduction. Cambridge, UK: Polity, 2020.
HAIPETER, Thomas. Trade Unions and digitalization in Germany. Cuadernos de Relaciones Laborales, v. 40, n. 2, p. 301-323, 2022.
HARVEY, David. The condition of postmodernity. New York: Blackwell, 1989.
HUWS, Ursula. Reaping the whirlwind: digitalization, restructuring, and mobilization in the Covid crisis. Socialist Register, v. 57, p. 1-13, 2021.
______. The making of a cybertariat. New York: Monthly Review Press, 2003.
INTERNATIONAL LABOUR ORGANIZATION (ILO). World employment and social outlook: the role of digital platforms in transforming the world of work. Geneva: ILO, 2021.
______. Digital labour platforms and the future of work: towards decent work in the online world. Geneva: ILO, 2018.
______. Working anytime, anywhere: the effects on the world of work. Geneva: ILO, 2017.
______. World employment and social outlook 2015: the changing nature of jobs. Geneva: ILO, 2015a.
______. Labour market reforms since the crisis: drivers and consequences. Geneva: ILO, 2015b.
IUS LABORIS. The gig economy. Brussels: Global HR Lawyers Ius Laboris, 2018.
JEPSEN, Maria; DRAHOKOUPIL, Jan (Eds). The digital economy and its implications for labour: the platform economy. Transfer: European Review of Labour and Research, v. 23, n. 2, p. 103-223, maio 2017.
KÄMPF, Tobias. Die neue Unsicherheit. Frankfurt, DE; New York: Campus, 2008.
KILHOFFER, Zachary et al. Study to gather evidence on the working conditions of platform workers (Final Report). Brussels: European Commission, 2020.
LENAERTS, Karolien; KILHOFFER, Zachary; BEBLAVY, Miroslav. The platform economy and industrial relations: applying the old framework to the new reality. Research Report (CEPS), 12 ago. 2017.
LINHART, Danièle. A desmedida do capital. São Paulo: Boitempo, 2007.
LINHART, Danièle et al. Vers une nouvelle rémunération scientifique du travail? Travail et Emploi, n. 57, 1993.
LOJKINE, Jean. La révolution informationnelle. Paris: Presses Universitaires de France, 1992.
MACHADO, Leandro. Dormir na rua e pedalar 12 horas por dia: a rotina dos entregadores por aplicativo. BBC News Brasil, maio 2019. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48304340>.
» https://www.bbc.com/portuguese/brasil-48304340
MAGDOFF, Fred; MAGDOFF, Harry. Disposable workers: today’s reserve army of labor. Monthly Review, v. 55, n. 11, abr. 2004.
MARINI, Ruy Mauro. El reformismo y la contrarrevolución: estudios sobre Chile. México: Era, 1976.
______. Dialéctica de la dependencia. México: Era, 1973.
______. Subdesarrollo y revolución. México: Siglo XXI, 1969.
MARSZALEK, Bernard. Stronger together? Monthly Review, v. 69, n. 5, 2017.
MARX, Karl. O capital. Livro I. São Paulo: Boitempo, 2013 [1867].
______. Trabalho assalariado e capital. In: ______. Trabalho assalariado e capital & salário, preço e lucro. São Paulo: Expressão Popular, 2006a.
______. Salário, preço e lucro. In: ______. Trabalho assalariado e capital & salário, preço e lucro. São Paulo: Expressão Popular, 2006b.
MELLA, Maria; BINGEN, Aline. Una carrera hacia la rentabilidad. Revista Latinoamericana de Antropología del Trabajo, n. 9, out./dez. 2020.
ORSINI, Adriana et al. (Orgs.). Trabalhadores plataformizados e o acesso à justiça pela via dos direitos. Belo Horizonte: Expert, 2021.
PAGURA, Nicola. La teoria del valor-trabajo y la cuestión de su validez em el marco del llamado “posfordismo”. Trabajo y Sociedad, n. 15, p. 55-69, 2010.
PANITCH, Leo; ALBO, Greg. (Eds.). Beyond digital capitalism. Socialist Register, v. 57, 2021.
PASTOR MARTINEZ, Alberto. La endémica situación de la contratación temporal como justificante de una necesaria revisión de sus presupuestos normativos. Cuadernos de Relaciones Laborales, v. 40, n. 1, p. 17-36, 2022.
PESOLE, A. et al. Platform workers in Europe. Luxembourg: Publications Office of the European Union, 2018.
RADICE, Hugo; COLE, Matthew; UMNEY, Charles. The political economy of datafication and work: a new digital Taylorism? Socialist Register, v. 57, p. 78-99, 2021.
RAVENELLE, Alexandrea. Hustle and gig: struggling and surviving in the sharing economy. Oakland, CA: University of California Press, 2019.
ROSENBLAT, Alex. Uberland: how algorithims are rewriting the rules of work. Oakland, CA: University of California Press, 2018.
SCHOLZ, Trebor. Platform cooperativism: challenging the corporate sharing economy. New York: Rosa Luxemburg Stiftung New York Office, 2016.
SCHOLZ, Trebor (Org.). Digital labor: the internet as playground and factory. London: Routledge, 2013.
______. The corrosion of character. London; New York: W.W. Norton & Company, 1998.
SENETT, Richard. The corrosion of character. London: W. W. Norton & Company: 1998.
SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. São Paulo: Elefante, 2017.
SMITH, John. Imperialism in the 21st Century: globalization, super-exploitation and capitalism’s final crisis. New York: Monthly Review Press, 2016.
SPENCER, Neil; HOLTS, Kaire; HUWS, Ursula; COATES, Matthew. The platformisation of work in Europe. Brussels: Foundation for European Progressive Studies, 2019.
SRNICEK, Nick. Platform capitalism. Cambridge, UK: Polity Press, 2016.
STANDING, Guy. The precariat. London: Bloomsbury, 2011.
SUNDARARAJAN, Arun. The sharing economy. Cambridge, MA: The MIT Press, 2016.
SUTTER, Ove. Erzählte Prekarität. Frankfurt, DE; New York: Campus, 2013.
TASSINARI, Arianna; MACCARONE, Vicenzo. Striking the Startups. Jacobin, 23 jan. 2017. Available in: <https://auth.jacobinmag.com/2017/01/foodora-strike-turin-gig- economy-startups-uber>.
» https://auth.jacobinmag.com/2017/01/foodora-strike-turin-gig- economy-startups-uber
WOODCOCK, Jamie. The limits of algorithmic management: on platforms, data, and workers’ struggle. South Atlantic Quarterly, v. 120, n. 4, p. 703-713, 2021a.
______. The fight against platform capitalism. London: University of Westminster Press, 2021b.
______. The algorithmic panopticon at deliveroo: measurement, precarity, and the illusion of control. Ephemera, v. 20, n. 3, p. 67-95, 2020.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2023 Sociedade e Estado
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.