As gentes do Brasil: racialismo e regionalismo na construção do discurso varguista sobre a mestiçagem
DOI:
https://doi.org/10.1590/s0102-6992-20254002e55164Palavras-chave:
Identidade Nacional; Discurso Político; Estado Novo; Raça e Região; Getúlio VargasResumo
A bibliografia especializada converge ao localizar no Estado Novo varguista o momento de inflexão dos discursos oficiais sobre a questão racial brasileira. O racialismo imperante no pensamento social anterior teria dado lugar, sobretudo na década de 1940, a uma perspectiva mais culturalista na qual a mestiçagem racial desponta como valor nacional fundamental. Neste artigo, buscamos nuançar essa interpretação a partir de uma análise dos discursos de Getúlio Vargas proferidos entre 1930 e 1953 durante suas viagens pelo Brasil. O ideal de um país racialmente híbrido foi construído pelo discurso varguista mais como forma de acomodar os fortes regionalismos a época imperantes em várias partes do território do que como forma de romper com seus elementos mais essencialistas e racialistas. Mais do que superar o essencialismo racial, esses discursos conseguiram equilibrar projetos regionais-raciais adversários em uma narrativa oficial integradora das diferenças.
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