OS MOVIMENTOS SOCIAIS URBANOS: ORGANIZAÇÃO E DEMOCRACIA INTERNA
Palavras-chave:
.Resumo
Este trabalho analisa os limites e possibilidades concretas relacionados com
práticas alternativas geralmente adotadas pelas organizações que emergem
no bojo de movimentos sociais. Primeiramente, discute-se, no plano teórico,
problemas que a própria formação de associações burocraticamente
organizadas pode acarretar para os KíSUs. A seguir, apresenta-se as
características do modelo alternativo de organização
"democrático-coletivista", baseada na informalidade, no consenso e em uma
divisão de trabalhos ad hoc e minima.
As dificuldades associadas a ambos os tipos de organização são
consideradas a partir de experiências ocorridas no movimento de bairros de
Fortaleza. Esta análise evidencia os dilemas suscitados, de um lado, pela
demanda por menor formalização e centralismo e, de outro, pela
necessidade de procedimentos explícitos para dirimir conflitos e avaliar a
legitimidade e representatividade de grupos que competem pelo controle de
uma associação ou movimento.
Finalmente, apresenta-se um modelo que pode ser a única salda efetiva para
o dilema "organização versus participação direta". Esse modelo,
fundamentado nas idéias utópicas de Habermas e Lechner, preconiza a
busca por um consenso baseado em um processo onde todos os participantes
se reconheçam mutuamente como sujeitos da vida coletiva, não havendo
lugar para a manipulação e o autoritarismo.
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