O belo, o feio e o abjeto nos corpos femininos

Autores

DOI:

https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202136010008%20

Palavras-chave:

belo, feio, abjeto, feminino, travesti.

Resumo

O projeto social hegemônico para os corpos generificados assenta-se na suposição de que existe uma relação de continuidade entre a genitália (vagina/pênis), o corpo inteiro (mulher/homem) e as práticas generificadas (feminilidades/masculinidades). Esta linha de continuidade marcaria o que Judith Butler irá chamar de “gêneros inteligíveis”. A hipótese deste artigo é que a noção que ameaça o reconhecimento de um corpo como pertencente a um determinado gênero não é a feiura. Beleza e feiura seriam gradações hierarquizadas da leitura sobre os corpos generificados inteligíveis. São os corpos das travestis, das pessoas trans, transgênero que expressariam o lado da negação, da abjeção e que estariam fora mesmo das hierarquias de beleza. As categorias centrais de análise serão abjeção e gênero E o objetivo será discutir as categorias belo, feio e abjeto nos femininos relacionando-as às noções de performance de gênero, paródia, próteses identitárias e relações de poder.

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Biografia do Autor

Berenice Bento, Universidade de Brasília (UnB)

Professora Associada do Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília, UnB, Brasília, DF, Brasil

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Publicado

26-05-2021

Como Citar

Bento, B. (2021). O belo, o feio e o abjeto nos corpos femininos. Sociedade E Estado, 36(01), 157–172. https://doi.org/10.1590/s0102-6992-202136010008

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