Decolonialidade, Atlântico Negro e intelectuais negros brasileiros:

em busca de um diálogo horizontal

Autores

  • Joaze Bernardino-Costa Universidade de Brasília (UnB)

Palavras-chave:

decolonialidade, Atlântico Negro, intelectuais negros brasileiros

Resumo

Baseado nas contribuições dos teóricos da decolonialidade e em diálogo com a tradição dos estudos do Atlântico Negro, o artigo, em busca de uma justiça cognitiva, propõe um diálogo horizontal e equitativo entre estas correntes do pensamento político-acadêmico e os intelectuais negros brasileiros. Para o desenvolvimento deste argumento, radicalizamos o compromisso do projeto decolonial com a corpo-geopolítica do conhecimento, bem como propomos uma maior ênfase nas raízes, mais do que nas rotas, dos estudos sobre o Atlântico Negro. Esta afirmação da corpo-geopolítica do conhecimento e das raízes é a chave tanto para a afirmação ontológica e epistemológica das populações negras quanto para construirmos um diálogo pluriversal e transmoderno, no qual as experiências particulares não se percam nem num provincianismo nem num universo abstrato.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Joaze Bernardino-Costa, Universidade de Brasília (UnB)

Doutor em sociologia pela Universidade de Brasília, Brasília (DF), Brasil, onde atualmente é professor associado I. Editor da Revista Sociedade & Estado, desenvolve pesquisas sobre feminismo negro, teorias pós-coloniais e decoloniais. Publicações Recentes: Saberes subalternos e decolonialidade: os sindicatos das trabalhadoras domésticas no Brasil, Brasília, EdUnB, 2015; Pensamento afro-diaspórico e decolonialidade, Belo Horizonte, Autêntica (coorganizado com Nelson Maldonado-Torres, Ramón Grosfoguel e Angela Figueiredo, no prelo); “Decolonialidade e perspectiva negra”, Sociedade & Estado, v. 31, n. 1, p. 15-24, 2016; “A prece de Frantz Fanon: oh, meu corpo, faça sempre de mim um homem que questiona”, Civitas: Revista de Ciências Sociais, v. 16, p. 504-521, 2016.

Referências

BERNARDINO-COSTA, J.; GROSFOGUEL, R. Perspectiva negra e decolonialidade. Revista Sociedade e Estado, v. 31 n. 1, p.13-22, 2016.

BOGUES, A. Black heretics, black prophets: radical political intellectuals. New York; London: Routledge, 2015.

CARNEIRO, S. A construção do outro como não-ser como fundamento do ser. Tese (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

CHALHOUB, S.; PINTO, A. F. M. (Orgs.). Pensadores negros - pensadoras negras: Brasil, séculos XIX e XX. Cruz das Almas; Belo Horizonte: Editora UFRB; Fino Traço, 2016.

CHRISMAN, L. Whose black world is this anyway? Black atlantic and transnational studies after The Black Atlantic. In: LEDENT, B.; CUDER-DOMÍNGUEZ, P. (Eds.). New perspectives on the black atlantic: definitions, readings, practices, dialogues. Bern: Peter Lang, 2012.

COLLINS, P. H. Black feminist thought: knowledge, consciousness, and politics of empowerment. New York; London: Routledge , 2000.

DUSSEL, R. Trasmodernidade e interculturalidade: interpretações a partir da filosofia da libertação. Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 49-71, 2016.

____. 1492: el encubrimiento del otro: hacia el origen del mito de la modernidade. Bolivia: Plural Editores, 1994.

____. Filosofia de la liberación. Mexico: Edicol, 1977.

ESCOBAR, A. Mundos y conocimientos del otro modo: el programa de investigación de modernidad/colonialidade latinoamericano. Tabula Rasa, n. 1, p. 51-86, 2003.

FANON, F. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: Edtora UFBA, 2008.

____. Os condenados da terra. Juiz de Fora: Editora UFJF, 2005.

GILROY, P. Against race: imagining political culture beyond the color line. Cambridge (MA): Harvard University Press, 2000.

____. O Atlântico Negro. São Paulo: Editora 34, 2001.

GONZÁLEZ, L. A categoria político-cultural de amefricanidade. Tempo Brasileiro, n. 92/93, p. 69-82, 1988.

GORDON, L. Introdution to africana philosophy. Cambrigde: Cambrigde University Press, 2008.

GRAMSCI, A. Os intelectuais e a organização da cultura. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1982.

GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado , v. 31, n. 1, p. 23-47, 2016.

____. Decolonizing werstern uni-versalisms: decolonial pluri-versalism from Aimé Césaire to the Zapatistas. Transmodernity: Journal of Peripheral Cultural Production of the Luso-Hispanic World, v. 1, n. 3, p. 88-104, 2012.

HENRY, P. Caliban’s reason: introducing afro-caribbean philosophy. New York; London: Routledge . 2000.

HOOKS, B. Intelectuais negras. Estudos Feministas, v. 3 n. 2, p. 464-469, 1995.

JAMES, C. R. L. Jacobinos negros: Toussaint L’Ouverture e a Revolução de São Domingos. São Paulo: Boitempo, 2004.

LEDENT, B.; CUDER-DOMÍNGUEZ, P. (Eds.). New perspectives on the black atlantic: definitions, readings, practices, dialogues. Bern: Peter Lang . 2012.

MALDONADO-TORRES, N. Descolonización y el giro des-colonial. Tabula Rasa, n. 9, p. 61-72, 2008.

____. Sobre la decolonialidade del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GOMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Orgs.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistémica mas allá del capitalismo global, p. 127-167. Bogotá: Siglo del Hombre Editores; Universidad Central; Instituto de Estudios Sociales Contemporáneos; Pontificia Universidad Javeriana; Instituto Pensar, 2007.

MATTOS, H. André Rebouças e o pós-Abolição: entre a África e o Brasil (1888-1989). In: CHALHOUB, S.; PINTO, A. F. M. (Orgs.). Pensadores negros - pensadoras negras: Brasil, séculos XIX e XX, p. 129-143. Cruz das Almas; Belo Horizonte: Editora UFRB; Fino Traço , 2016.

MIGNOLO, W. Histórias locais/projetos globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2003.

MOURA, C. Brasil: raízes do protesto negro. São Paulo: Global, 1983.

NASCIMENTO, A. O quilombismo. Brasília; Rio de Janeiro: Fundação Cultural Palmares; OR editor, 2002.

OBOE, A.; SCACCHI, A. (Eds.). Recharting the black atlantic: modern cultures, local communities, global connections. New York; London: Routledge , 2008.

OLIVEIRA E OLIVEIRA, E. Etnia e Compromisso Intelectual. II Caderno da Semana de Estudos sobre a Contribuição do Negro na Formação da Sociedade Brasileira, p. 22-28. Niterói: Universidade Federal Fluminense, 1977.

QUIJANO, A. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais, p. 227-278. Perspectivas latino-americana. Buenos Aires: Clacso, 2005.

RAJI, W. Tornadoes full of dreams: Paul Gilroy’s Black Atlantic and African literature of the transatlantic imagination. In: LEDENT, B.; CUDER-DOMÍNGUEZ, P. (Eds.). New perspectives on the black atlantic: definitions, readings, practices, dialogues, p. 173-194. Bern: Peter Lang , 2012.

WALLERSTEIN, I. La creación del sistema mundial moderno. In: PEÑA, L. B.; JARAMILLO, R. (Orgs.). Un mundo jamás imaginado, p. 1-8. Bogotá: Editorial Santillana, 1992.

WILLIAMS, J. M. Négritude as performance practice: Rio de Janeiro’s Black experimental theatre. In: OBOE, A.; SCACCHI, A. (Eds.). Recharting the black atlantic: modern cultures, local communities, global connections, p. 45-57. New York; London: Routledge , 2008.

Downloads

Publicado

30-04-2018

Como Citar

Bernardino-Costa, J. (2018). Decolonialidade, Atlântico Negro e intelectuais negros brasileiros:: em busca de um diálogo horizontal. Sociedade E Estado, 33(01), 119–137. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/18352

Edição

Seção

Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.