Acesso dos pacientes com obstrução biliopancreática neoplásica à rede assistencial pública, hierarquizada e regulada

Autores

  • Adriana Ferreira Marques

Palavras-chave:

Gestão, Saúde

Resumo

Introdução: O Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil possui uma rede de serviços hierarquizados, com acesso universal e regulado, mas a demora no tratamento do câncer tem sido objeto de análise e motivou a elaboração de legislação específica com definição do tempo para o seu início.  Objetivo: Caracterizar o acesso dos pacientes com obstrução biliopancreática neoplásica aos serviços de uma rede assistencial pública, hierarquizada e regulada, e analisar a suas implicações. Metodologia: Os aspectos relacionados ao acesso à assistência dos pacientes com afecção biliopancreática (ABP) e diagnóstico de coleletíase (COL), litíase na via biliar (LVB) e neoplasia ampolar e periampolar (NAP) encaminhados para um hospital público, universitário e de referência terciária foram estudados, mediante informações obtidas de prontuários e entrevistas relativas ao histórico do acesso às consultas e tratamento, confiança nos serviços e nos profissionais e percepção quanto às qualidades do atendimento e de vida. Resultados: A mediana de idade dos 115 pacientes tratados com ABP foi de 58 anos; maior no grupo NAP (n=53; 64), em comparação aos grupos COL (n=30; 51) e LVB (n=32; 53) (p= 0,001). Dentre os 115 pacientes estudados, 74 (64,35%) tiveram o primeiro atendimento em menos de 15 dias após o início dos sintomas; 59 (50,43%) procuraram inicialmente a unidade de pronto atendimento pré-hospitalar, evento que esteve associado aos grupos COL e LVB (P= 0,02). O acesso ao hospital foi obtido por meio de rede própria de relacionamento social por 48 pacientes (41,74%), com tempo de espera para atendimento entre a atenção básica e o hospital de zero a 1568 dias (mediana de 119) e para o tratamento de 1 a 411 dias (mediana de 39,50). O acesso por meio da regulação da assistência, também variou de 1 a 1705 dias (mediana de 134) e o tempo de espera para tratamento variou de 0 a 562 dias (mediana de 42,50). No grupo NAP, os tempos, em mediana, para acesso ao hospital, com apoio da rede de relacionamento social e da regulação da assistência foram, respectivamente, de 91e 134 dias e para tratamento de 32,50 e 29 dias. Para o manejo de 55 pacientes do grupo NAP, foram necessárias 158 internações hospitalares. A qualidade de atendimento, a confiança nos profissionais e no serviço foi maior no hospital, na comparação com a atenção básica. A piora da qualidade de vida foi destacada, após o início do tratamento, no grupo NAP. Conclusão: O tempo de acesso para o tratamento da obstrução biliopancreática de origem neoplásica está muito além do preconizado, o que enfraquece o papel da atenção básica e da regulação da assistência, compromete a qualidade de vida dos pacientes e amplia desnecessariamente a participação assistencial do hospital.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Adriana Ferreira Marques

É aluna de Doutorado (2015) na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais - UNESP e de especialização em Educação à distância na Estácio/Uniseb. É Mestra em Ciências pela Universidade de São Paulo (FMRP/USP), pelo Programa de Pós-Graduação em Clínica Cirúrgica, na área de Gestão em Saúde e Especialista em Gestão Estratégica de Recursos Humanos pela Pontifícia Universidade Católica de Santos(2007). Graduada em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2000). Atua como Coordenadora no curso de Serviço Social e docente - Estácio/Uniseb. Atua como Tutora Pedagógica em cursos de graduação à distância e com Consultoria nas áreas: Responsabilidade Social e de Gestão de Pessoas. Realizou aprimoramento na FMRP/USP no Departamento de Gastro/Cirurgia - Serviço Social. Possui experiência prática em todos os subsistemas de Recursos Humanos e também como Assistente Social.

Downloads

Publicado

01-06-2015

Como Citar

1.
Marques AF. Acesso dos pacientes com obstrução biliopancreática neoplásica à rede assistencial pública, hierarquizada e regulada. Rev. G&S [Internet]. 1º de junho de 2015 [citado 19º de dezembro de 2024];6(2):Pag. 1150-1173. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rgs/article/view/2894

Edição

Seção

Artigos de Pesquisa