REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO CRACK NA MÍDIA

Autores

  • Daniel Rohe Salomon da Rosa Rodrigues Universidade de Brasília
  • Maria Inês Gandolfo Conceição Universidade de Brasília
  • Ana Luísa da Silva Iunes Universidade de Brasília

Palavras-chave:

Psicologia, análise de texto, prevenção ao uso de drogas, Representação social, Crack, ALCESTE, Mídia

Resumo

O crack tem desafiado o sistema de saúde, configurando-se em um dos alvos das políticas de governo. O artigo tem como objetivo identificar as representações sociais veiculadas pela mídia sobre o usuário de crack. Com base na Teoria das Representações Sociais, foram analisadas as 76 reportagens do jornal Correio Braziliense publicadas em 2009 sobre o tema. Utilizou-se o software ALCESTE que gerou uma análise lexical das 93 unidades de contexto inicial, agrupando-as em seis classes. A partir das classes, foram destacadas três representações sociais: a droga como flagelo da humanidade, as ações indistintas da polícia contra usuários ou traficantes e a internação do usuário como solução do problema. Observou-se que as representações sociais se coadunam com a abordagem estigmatizante e repressiva do usuário de drogas, a qual continua a considerar o usuário como criminoso ou doente, reforçando a manutenção de sua clandestinidade e limitando a compreensão do fenômeno.

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Publicado

2015-09-03

Como Citar

Rodrigues, D. R. S. da R., Conceição, M. I. G., & Iunes, A. L. da S. (2015). REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DO CRACK NA MÍDIA. Psicologia: Teoria E Pesquisa, 31(1). Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/revistaptp/article/view/18143

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