Estigmatização e riscos no trabalho dos necrotomistas

Autores

  • Frankleudo Luan de Lima-Silva Universidade Federal da Paraíba
  • Paulo César Zambroni-de-Souza Docente do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba
  • Anísio José da Silva Araújo Docente do Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba
  • Francinaldo do Monte Pinto Docente do departamento de Psicologia da Universidade Estadual da Paraíba

Palavras-chave:

Psicologia do trabalho, Estigma, Segurança no trabalho, Necrotomistas

Resumo

Este artigo objetivou compreender de que maneira a estigmatização é vivenciada por necrotomistas e a relação que eles desenvolvem com os riscos de sua atividade. Quanto à teoria, utilizaram-se os conceitos de estigma e risco, articulando-os com elementos da Psicodinâmica do Trabalho. Metodologicamente, combinaram-se entrevistas semiestruturadas individuais e observações na sala de necropsias. Para a análise dos dados, a opção foi pela análise de conteúdo temática. Participaram deste estudo os necrotomistas do Departamento de Medicina Legal de uma capital do Nordeste brasileiro. Evidenciou-se que a intensa estigmatização está associada ao desconhecimento popular sobre sua atividade e à natureza de seu trabalho. A relação dos necrotomistas com os riscos, inclusive aqueles produzidos pela vivência do estigma, está mediada por um uso intensivo de estratégias defensivas que podem não contribuir para transformar positivamente as situações de trabalho.

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Publicado

2016-05-24

Como Citar

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