A brincadeira de faz-de-conta como capacidade para diferenciar entre o real e o imaginário
Palavras-chave:
Teoria da mente, Faz-de-conta, Real, ImaginárioResumo
Para Leslie (1988b) a habilidade de faz-de-conta, como também de entender que outra pessoa está fingindo, estaria situada sob o mesmo domínio da estrutura lógica requerida para a compreensão de estados mentais. A brincadeira de faz-de-conta seria uma manifestação primitiva da teoria da mente da criança e apareceria por volta dos 18 a 24 meses de idade, nas manifestações sociais e individuais da criança. O objetivo deste estudo foi o de analisar, em crianças institucionalizadas, que vivem em orfanatos e em crianças não institucionalizadas, de nível sócio-econômico baixo e médio, o desenvolvimento da capacidade de diferenciar entre mundo imaginário e mundo real. Para analisar esta questão, a tarefa de brincadeira de faz-de-conta da xícara cheia/vazia, tal como usada por Leslie (1987), foi utilizada. Os resultados mostram que a brincadeira de faz-de-conta, aparece apenas aos 4 anos de idade em crianças que vivem em orfanatos e aos 3 anos em crianças de nível sócio-econômico baixo, enquanto as crianças de nível sócio-econômico médio conseguem o mesmo desempenho já aos 2 anos de idade, como ocorre com as crianças inglesas estudadas por Leslie (1987). Estes dados contrariam os argumentos dos inatistas que afirmam que haveria aparecimento dos mecanismos sujacentes à teoria de mente nas mesmas idades, como universais e que este desenvolvimento não seria devido a diferentes experiências.
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