Redes afro diaspóricas: Abdias Nascimento e o (auto)exílio

Resumo

Abdias Nascimento foi uma liderança importante do movimento negro no Brasil, começou sua trajetória cultural e política com a criação do Teatro Experimental (1944), a participação no Movimento Negro Unificado, (1978) e foi Deputado Federal e Senador. Durante a ditadura militar, entre 1964 e 1969, enfrentou repressão por sua ligação com os movimentos sociais de libertação africana e suas atividades antirracistas no teatro negro. Em 1968, aceitou um convite para um intercâmbio nos Estados Unidos, onde ficou em exílio por 13 anos. O objetivo deste artigo de revisão teórica é remontar a trajetória de Abdias Nascimento durante seu autoexílio, destacando as experiências e redes criadas junto à movimentos norte-americanos e africanos. Através da análise metodológica qualitativa com ênfase na pesquisa documental analisamos os relatos biográficos acerca da vida e obra do ativista, bem como suas produções intelectuais, buscando apresentar os caminhos que Nascimento traçou nos movimentos internacionais dos quais fez parte. A pesquisa revelou que Nascimento se tornou uma referência importante em movimentos de arte e cultura nos Estados Unidos, participando de movimentos como o Black Arts Movement. Além disso, foram encontradas e analisadas produções de Abdias apresentadas em encontros pan-africanistas, compreendendo as interlocuções entre o ativista e as lutas de libertação africana. A análise dos relatos biográficos e das produções intelectuais de Nascimento revelaram a importância de sua voz na luta contra a opressão racial e na promoção da cultura negra e o seu papel fundamental na articulação de uma consciência negra latino-americana e na denúncia do racismo estrutural brasileiro.