Positivismo criminológico e outrificaçao racista

uma análise das permanências e continuidades positivistas contra a existência indígena

Autores

  • Camilla Magalhães Gomes Universidade Federal do Rio de Janeiro
  • Tainá Braga de Oliveira Universidade Federal do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

povos indígenas, criminologia positivista, “Outrificação”, Nina Rodrigues, controle social

Resumo

O presente trabalho pretende analisar a produção da criminologia positivista em relação aos povos indígenas, com enfoque nas obras de Raimundo Nina Rodrigues. Demonstra-se o processo de fortalecimento das teses positivistas no contexto brasileiro, perpassando pelas demandas sociais da época e as formas de articulação da Escola Positiva em território nacional. Nesse sentido, ressalta as ferramentas mobilizadas pelo campo criminológico, tais como a criação e sofisticação do discurso do “Outro” indesejável, de forma a problematizar tal narrativa hegemônica. Tem-se, com isso que, o enfoque se dá na tentativa de evidenciar essa produção e, demonstrar como além de ser uma linha teórica da criminologia, o positivismo criminológico permanece nas estruturas sociais que corroem e obstaculizam a existência plena dos povos pindorâmicos.

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Biografia do Autor

Camilla Magalhães Gomes, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutora em Direito, Estado e Constituição (UnB). Professora Adjunta de Direito Penal e Criminologia da Faculdade Nacional de Direito - Universidade Federal do Rio de Janeiro (FND/UFRJ). Co-líder do Corpografias - Grupo de Pesquisa e Extensão em Gênero, Raça e Direito.

Tainá Braga de Oliveira, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Pós-graduanda em Execução Penal pelo Curso CEI

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Publicado

28.12.2022

Como Citar

MAGALHÃES GOMES, Camilla; BRAGA DE OLIVEIRA, Tainá. Positivismo criminológico e outrificaçao racista: uma análise das permanências e continuidades positivistas contra a existência indígena. Revista Latino-Americana de Criminologia, [S. l.], v. 2, n. 02, p. 134–173, 2022. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/relac/article/view/45561. Acesso em: 3 maio. 2024.