Fractos corpografados

uma experiência de arte abolicionista ou estilhaços de dor também podem refletir um arco-íris

Autores

  • Victor Siqueira Serra Universidade Estadual Paulista
  • Murilo Moraes Gaulês Universidade de São Paulo

Palavras-chave:

Abolicionismo, Artivismo, Travesti, Movimentos Sociais

Resumo

O presente texto parte de experiências práticas no trato com mulheres trans e travestis sobreviventes do sistema prisional, para evocar conceitos anti-coloniais de organização de ações de luta. Tendo a criminologia crítica, o abolicionismo penal, a arte e os estudos culturais como disparadores do debate, evocamos exercícios de imaginário político como estratégia de participação política de corpas dissidentes, sistematicamente excluídas dos espaços de diálogo e construção social. Para isso, são partilhadas metodologias interseccionais de trabalho construídas em diálogo com outros movimentos de luta por mudança social, como o processo de produção em ficções visionárias elaborado pela ativista estadunidense Walidah Imarisha, o conceito de cuirdadania da pesquisadora mexicana Sayak Valência e as experiências do coletivo de terrorismo poético CiA dXs TeRrOrIsTaS.

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Biografia do Autor

Victor Siqueira Serra, Universidade Estadual Paulista

Mestre (2018) e Graduado (2016) em Direito pela UNESP. Graduando em Pedagogia pela Univesp. Líder do NEPAL (Núcleo de Estudo e Pesquisa em Aprisionamentos e Liberdades). É pesquisador, educador popular, agente da Pastoral Carcerária e colaborador da Frente Estadual pelo Desencarceramento de São Paulo. Atua como gerente de um serviço da rede socioassistencial da cidade de São Paulo.

Murilo Moraes Gaulês, Universidade de São Paulo

Doutorando em Artes pelo PPGAC-USP (Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da Universidade de São Paulo), Mestre em Artes pelo PPGAC-USP. Possui especialização em Psicopedagogia e Arteterapia pela Faculdade Paulista de Artes, Bacharelado em Artes Cênicas e Licenciatura em Educação Artística pela mesma instituição. É co-fundador do coletivo de arte-ativismo CiA dXs TeRrOrIsTaS e colabora com a Rede de Proteção e Resistência Contra o Genocídio.

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Publicado

30.12.2021

Como Citar

SIQUEIRA SERRA, Victor; MORAES GAULÊS, Murilo. Fractos corpografados: uma experiência de arte abolicionista ou estilhaços de dor também podem refletir um arco-íris. Revista Latino-Americana de Criminologia, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 87–113, 2021. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/relac/article/view/39365. Acesso em: 26 abr. 2024.