Chamada nº 05 | Volume nº 03 | Número 01

13.12.2022

Diversos programas de prevenção da violência destinam-se à juventude, como se houvesse uma clara e constante ligação entre esses dois termos. Políticas públicas trazem frequentemente a ideia de que ações relacionadas à prática esportiva, educativa, artística e de trabalho e renda seriam programas de prevenção à violência, quando dirigidas preferencialmente a jovens pobres, negros, indígenas e de regiões periféricas. Se essas ações existem, qual seria a razão para a permanência de conflitos, de encarceramento e de mortes envolvendo jovens em nossa região? Vale lembrar aqui o que Alessandro Baratta dizia a respeito das políticas públicas de segurança: que são elaboradas por homens, adultos e brancos para homens, adultos e brancos. Ele definia democracia como “a gestão pública das necessidades pelos próprios portadores” e, neste sentido, as políticas referidas podem não ser, ou ser muito pouco democráticas, pois talvez não estejam realmente dando voz e fortalecendo os e as jovens no exercício de seus direitos.

Essas afirmações são indicativas da proposta deste dossiê, a partir do qual pretendemos reunir trabalhos de estudiosos sobre o tema, identificando convergências ou mesmo a diversidade de programas, bem como os resultados de políticas implementadas em países latino-americanos, capazes de apontar caminhos na difícil tarefa de reduzir a vitimização e a criminalização dos nossos e das nossas jovens.

Nos interessam especialmente textos que apresentem pesquisas associando o grande tema do dossiê aos seguintes pontos:

  • Manifestações artísticas e atividades esportivas;
  • Responsabilidade penal e outras possibilidades de restauração de conflitos;
  • Incivilidades nos espaços públicos;
  • Conflitos e violências em ambiente escolar;
  • Sexualidade e dignidade sexual;
  • Masculinidades e violência de gênero;
  • Acesso à educação, perspectivas profissionais e oportunidades de emprego;
  • Controle da letalidade e do aprisionamento;
  • Iniciativas comunitárias de prevenção;
  • Identidade e diversidade étnico-racial;
  • O fenômeno dos juvenis latino-americanos (pandillas ou maras);
  • Bullying, redes sociais e tecnologia;
  • Violência do crime organizado e das forças de segurança contra jovens marginalizados;
  • Violências contra jovens e meninas;
  • Violência estrutural, institucional ou direta contra jovens em condições de vulnerabilidade socioeconômica ou que pertençam a minorias étnicas, ou de preferência sexual.