A regulação ad hoc nas decisões do CADE

Autores

  • Tereza Cristine Almeida Braga Ministério da Justiça

Palavras-chave:

CADE, agência reguladora, decisões, norma jurídica, legitimidade

Resumo

Propósito ”“ O presente artigo pretende lançar luzes à incipiente discussão acerca da inserção do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) no processo brasileiro de agencificação e debater sobre o reconhecimento da autarquia como agência reguladora no panorama institucional do Brasil.

Metodologia/abordagem/design ”“ Teorias regulatórias processuais e decisões do CADE.

Resultados ”“ O CADE exerce papel regulador nos casos que lhe são submetidos.

Implicações práticas ”“ O reconhecimento institucional do CADE como agência reguladora poderá ocasionar uma revisão do seu papel como formulador de políticas públicas e agregar conhecimento complementar e interdisciplinar aos demais campos da regulação.

Originalidade/relevância do texto ”“ O CADE tem sido cada vez mais exigido pela sociedade para realizar intervenções no domínio econômico a título de defesa da concorrência. As decisões do CADE são formas de intervenção do Estado no domínio econômico que nem sempre são vistas como regulação. O plano governamental brasileiro que abrange as agências reguladoras não inclui o CADE como agente fomentador da defesa da concorrência e como possível instrumento de regulação em searas mais delimitadas da economia. No entanto, nos casos em que o CADE recorre a remédios comportamentais e estruturais, tanto em controle de estruturas quanto em controle de condutas, a autoridade antitruste acaba fazendo uma regulação ad hoc. Tais intervenções acabam por modelar e, de certa forma, regular alguns mercados, sem que haja autorização ou proibição legal para que o CADE exerça esse papel regulatório. O reconhecimento do papel regulador do CADE pode significar a passagem de um auxiliar da estrutura regulatória brasileira para o de um efetivo agente formulador de políticas públicas, o que beneficia toda a sociedade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Tereza Cristine Almeida Braga, Ministério da Justiça

Especialista em Planejamento Tributário pelo Departamento de Ciências Contábeis da Universidade de Brasília. Especialista em Direito Processual Civil pelo Instituto Brasiliense de Direito Público. Bacharel em Direito pela Universidade de Brasília. Foi Coordenadora-Geral Substituta da Coordenação-Geral de Análise de Infrações nos Setores de Agricultura e Indústria da Secretaria de Direito Econômico do Ministério da Justiça. Atualmente é Assessora-Chefe do Presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica.

Referências

ALEXY, R. Teoria dos Direitos Fundamentais. São Paulo: Malheiros, 2008.
ARANHA, M. I. Manual de Direito Regulatório. 2. ed. Coleford: Laccademia Publishing, 2014.
AYRES, I.; BRAITHWAITE, J. Responsive Regulation: Transcending the Deregulation Debate. Oxford: Oxford University Press, 1992.
BOBBIO, N. Teoria da Norma Jurídica. Bauru: EDIPRO, 2001.
CARPENTER, D. Confidence Games: How Does Regulation Constitute Markets? In: BALLEISEN, E.; MOSS, D. (Eds.). . Government and Markets: Toward a New Theory of Regulation. New York: Cambridge University Press, 2009.
CROLEY, S. P. Regulation and Public Interests. Princeton: Princeton University Press, 2008.
DI PIETRO, M. S. Z. Limites da Função Reguladora das Agências Diante do Princípio da Legalidade. In: Direito Regulatório: Temas Polêmicos. Belo Horizonte: Fórum, 2003.
LAZZARINI, S. G. Capitalismo de Laços: os Donos do Brasil e suas Conexões. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
LORENZETTI, R. L. Teoria da Decisão Judicial: Fundamentos de Direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.
LUIZ, F. V. Teoria da Decisão Judicial: Dos Paradigmas de Ricardo Lorenzetti à Resposta Adequada à Constituição de Lênio Streck. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013.
MARINONI, L. G. Curso de Processo Civil: Teoria Geral do Processo. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.
MORAN, M. The British Regulatory State: High Modernism and Hyper-Innovation. Oxford: Oxford University Press, 2007.
MOTTA, M. Competition Policy: Theory and Practice. New York: Cambridge University Press, 2004.
OLIVEIRA, A. F. DE. Remédios Antitruste e o Ordenamento Jurídico Brasileiro: Primeiras Reflexões. In: OLIVEIRA, A. F. DE; RUIZ, R. M. (Eds.). . Remédios Antitruste. São Paulo: Singular, 2011.
POSNER, R. A. Theories of Economic Regulation. The Bell Journal of Economics and Management Science, v. 5, n. 2, 1974.
SOKOL, D. Monopolists Without Borders: The Institutional Challenge of International Antitrust in a Global Gilded Age. Berkeley Business Law Journal, v. 4, n. 1, 2007.
STIGLER, G. J. The Theory of Economic Regulation. The Bell Journal of Economics and Management Science, v. 2, n. 1, 1971.
STIGLITZ, J. E. Economics of the Public Sector. 3. ed. New York: W. W. Norton & Company, 1999.
STIGLITZ, J. E. Government Failure vs. Market Failure: Principles of Regulation. In: BALLEISEN, E.; MOSS, D. (Eds.). . Government and Markets: Toward a New Theory of Regulation. New York: Cambridge University Press, 2009.
TULLOCK, G.; SELDON, A.; BRADY, G. L. Government Failure: A Primer in Public Choice. Washington: Cato Institute, 2000.

Downloads

Publicado

2017-10-16

Como Citar

BRAGA, Tereza Cristine Almeida. A regulação ad hoc nas decisões do CADE. Journal of Law and Regulation, [S. l.], v. 3, n. 2, p. 173–190, 2017. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/rdsr/article/view/19183. Acesso em: 3 maio. 2024.