UM RITO PARA NÃO MORRER

Resumen

O presente artigo traz à baila o rito celebrado na Romaria dos Mártires da Caminhada Latino-americana, realizada quinquenalmente na Prelazia de São Félix do Araguaia – MT, em memória dos mortos na luta por justiça social à luz da fé católica. O objetivo é confrontar a performance ritual desempenhada lá com a teoria proveniente dos estudos antropológicos sobre o rito apresentada por Giorgio Bonaccorso. A hipótese de Bonaccorso assume o fenômeno ritual como um recurso humano para lidar com a questão da finitude. Marcadamente corpóreo, o rito seria capaz de se colocar em diálogo com as dimensões humanas – volitiva, afetiva e cognitiva – e laborar para tornar real, concreta e a palpável, desde o prisma da experiência, a possibilidade de viver eternamente. Os resultados encontrados confirmam a tese de Bonaccorso e apontam dois modos de vida eterna: 1) a ressurreição, conforme a esperança cristã; e 2) a sobrevivência das causas pelas quais um mártir dá a vida, por meio do comprometimento de outros homens e mulheres que dão seguimento à sua luta.