Religião, Conservadorismo e Inteligência
DOI:
https://doi.org/10.26512/2358-82842019e29089Palavras-chave:
fé, dúvida, conservadorismo político, conservadorismo religioso, conservadorismo epistêmico.Resumo
Diante da relativa ausência do estudo da religião no meio filosófico acadêmico brasileiro, o texto busca explorar a tese de que esse fato se deve a uma associação da religião a uma atitude politicamente conservadora e uma falta de espírito crítico, devida a uma suposta valorização da fé em detrimento de um posicionamento cético. O artigo pretende discutir a relação entre religião e inteligência usando a noção de conservadorismo como mediação conceitual. Inicialmente, é analisada a relação entre religião e conservadorismo, na qual será proposta uma noção de conservadorismo religioso, distinto do conservadorismo político. A segunda seção trata da relação entre conservadorismo e inteligência, analisando o papel do conservadorismo epistêmico no desiderato não só científico, mas epistemológico em geral de ganho cognitivo sobre a realidade. Uma comparação do papel epistêmico da dúvida e da crença se segue dessa análise. Em seguida, é discutida a relação entre religião e inteligência, tanto do ponto de vista da aplicação de princípios de conservadorismo epistêmico na defesa da razoabilidade da crença religiosa quanto de uma compreensão de inteligência mais ampla que a meramente intelectual. Ao final, analisa-se novamente o problema da religião no meio acadêmico em vista da relação entre ela, o conservadorismo e a inteligência.
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