NOTAS SOBRE O MÉTODO COMO DESVIO EM WALTER BENJAMIN
DOI :
https://doi.org/10.26512/pl.v10i20.38494Mots-clés :
Metodologia. Epistemologia. Teoria Crítica. Walter Benjamin.Résumé
A partir do Prólogo de Origem do drama trágico alemão, intenta-se abordar a teoria crítico-epistemológica de Walter Benjamin sob o enfoque dado pelo autor aos problemas que defluem do método more geometrico, que se põe como propedêutica à investigação dos objetos filosóficos. Ao recorrer à lógica e à matemática, e não à linguagem que codifica historicamente a filosofia, tal metodologia se apresenta como condição universal para o conhecimento claro e distinto, conquanto se revele, ao mesmo tempo, gesto de renúncia à verdade, seja por pretendê-la capturável em uma rede conceitual prévia, seja por tomá-la como mero produto de uma equação. Benjamin, diante desse impasse, evoca a forma do tratado escolástico-medieval como modo de exposição filosófica assaz a fazer justiça aos objetos em sua conformação inarredavelmente plurívoca. Pela forma expositiva do tratado, os objetos são cotejados em relação ao todo em que se inscrevem, assim como o todo é remetido aos objetos, em um movimento dialético do qual, segundo ele, se faz possível a exsurgência ou o lampejar de seu teor de verdade. No projeto benjaminiano, portanto, evidencia-se a aliança entre o pensamento filosófico e seu modo de exposição mediante a concepção de método enquanto desvio ou caminho indireto (Umweg), e que pode ser compreendido como um exercício contemplativo de idas, vindas e pausas reflexivas sobre os fenômenos e as questões que emergem de sua singularidade.
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