O contato do português com as línguas indígenas brasileiras: Considerações sobre o desenvolvimento de L2
DOI:
https://doi.org/10.26512/rbla.v12i1.29723Palabras clave:
Contato linguístico, línguas indígenas, português do Brasil, educação indígena, segunda língua.Resumen
Nosso objetivo neste artigo é contar uma parte da história do português do Brasil a partir do contato com as línguas indígenas nacionais. Para realizar esse objetivo, buscamos trabalhos que versam sobre a presença real de características gramaticais e sonoras das línguas dos povos indígenas no português falado pelos membros desses povos. A interferência das gramáticas nativas dos povos indígenas é discutida a partir de propriedades sonoras consonantais e vocálicas do Português Ticuna (BONIFÁCIO, 2019); de propriedades consonantais do Português Kamaiurá (SILVA E SILVA, 1985); de propriedades gramaticais dos subsistemas da flexão de número no nome e da flexão de primeira e terceira pessoa do plural no verbo do Português Xinguano (EMMERICH, 1987); e de características gramaticais da expressão do gênero no português Huni Kuin (CHRISTINO, 2015). Defendemos que compreender o conhecimento linguístico responsável por produzir as características do português de contato com as línguas indígenas brasileiras possa esclarecer fenômenos envolvidos no processo de bilinguismo/multilinguismo dos povos indígenas, e ajudar a lidar com os desafios da educação escolar indígena. Para explicar o comportamento linguístico e mostrar como ele se apoia nas propriedades da Faculdade da Linguagem recorremos ao conceito de interlíngua (SELINKER, 1972). Partindo desse conceito, o início do processo de conhecimento de L2 seria marcado pela presença da gramática nativa e pelos dados da segunda língua. Todo esse processo seria restringido pelas propriedades gerais e abstratas da linguagem humana (WHITE, 2003). Assim, demonstramos como gramáticas nativas estruturam o português de contato. Pretendemos com reconhecimento dessa estruturação um resgate da participação da língua e cultura dos povos nativos na sociedade brasileira, e uma promoção do seu processo de descolonização.
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