A REPRESENTAÇÃO ESTRATÉGICA DA VIOLÊNCIA URBANA NA MÍDIA: UMA ANÁLISE CRÍTICA DE GÊNERO

Autores

  • Vanessa Arlésia de Souza Ferretti Soares Universidade Federal de Santa Catarina
  • Adair Bonini Universidade Federal de Santa Catarina

DOI:

https://doi.org/10.26512/les.v18i3.7471

Palavras-chave:

: Violência urbana. Televisão. Linguagens verbal e não verbal. Discurso midiático. Análise Crítica de Gêneros.

Resumo

A partir da perspectiva teórico-metodológica da Análise Crítica de Gêneros (FAIRCLOUGH, 2001; 2003; BAKHTIN, 2003 [1952/53]; BONINI, 2010; 2013), o presente artigo analisa um episódio do interprograma O Sagrado (Rede Globo/Brasil), ressaltando o trabalho discursivo da emissora sobre as dimensões verbal e não verbal do gênero em questão e sua implicação para a sedimentação de um discurso sobre a violência urbana. Os dados apontam que, por meio, principalmente, da recontextualização (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999) do discurso da própria mídia e do ordenamento das dimensões verbal e não verbal, sedimenta-se um discurso segundo o qual a violência urbana tem sua origem em grupos sociais oriundos das favelas brasileiras, sendo que estes assim agiriam por uma escolha estritamente individual. Dessa forma, tal discursivização legitima, contraditoriamente, a naturalização da relação entre violência e pobreza, por um lado, e apaga, por outro, a possibilidade de problematização acerca de outros agentes envolvidos no assunto em pauta.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Vanessa Arlésia de Souza Ferretti Soares, Universidade Federal de Santa Catarina

Mestre em Linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC (2013) e graduada em Letras pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro/UERJ (2010). Atualmente cursa Doutorado em Linguística, na Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC, tendo atuado como professora de língua portuguesa na Educação Básica (séries finais do ensino fundamental, ensino médio e ensino médio integrado ao técnico) e na Educação Superior. Empreende pesquisa no campo da Linguística Aplicada, ocupando-se principalmente dos seguintes temas: gênero discursivo, identidade, discurso midiático, ensino e aprendizagem de língua portuguesa.

Adair Bonini, Universidade Federal de Santa Catarina

Doutor em linguística pela UFSC, e atualmente professor na mesma universidade, com pós-doutorado pela
Universidade de Buenos Aires. Pesquisador do CNPq (processo 311642/2015-2)

Referências

BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: _______ Estética da Criação Verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003 [1952/53] . p. 261 ”“ 306.

BERNSTEIN, B. The structuring of pedagogic discourse. London: Routledge, 1990.

BHATIA, Towards critical genre analysis. In: ______; FLOWERDEW, J; JONES, R.H. (Eds.). Advances in discourse studies. London; New York: Routledge, 2008. p. 166 ”“ 177.

BONINI, Adair. Critical genre analysis and professional practice: the case of public contests to select professors for Brazilian public universities. Linguagem em (dis)curso, v. 10, n. 3, p. 485-510, 2010.

_______ Análise crítica de gêneros discursivos no contexto das práticas jornalísticas. In: SEIXAS, Lia; PINHEIRO, Najara Ferrari. (Orgs.). Gêneros: um diálogo entre comunicação e Linguística Aplicada. 1. ed. Florianópolis: Insular, 2013. p. 103-120.

BOURDIEU, P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 1997.

BRITTOS, V. C.; BOLAÑO, C. (Orgs.). Rede Globo: 40 anos de poder e hegemonia. São Paulo: Paulus, 2005.

CHOULIARAKI, L.; FAIRCLOUGH, N. Discourse in late modernity: rethinking critical discourse analysis. Edinburgh: Edinburgh University Press, 1999.

FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança Social. Coordenação de tradução, revisão técnica e posfácio de Izabel Magalhães. Brasília: Editora UnB, 2001.

__________ Analysing discourse: textual analysis for social research. London: Routledge, 2003.

FERRETTI-SOARES, V. A. S. F. A série televisiva O Sagrado e a prática de publicidade institucional indireta da Rede Globo: uma análise crítica de gênero. Dissertação 278f. (Mestrado em Linguística) ”“ Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2013.

______. A tecnologização do gênero discursivo e a construção de identidades: a mulher, a religião, a marca institucional. Revista Lumina., v. 10 n. 3, dezembro, p. 1-28, 2016.

______; BONINI, A. Gênero e prática social: como a Rede Globo inventa uma identidade positiva a partir do programa “O Sagrado”. In: SOUZA,S.; SOBRAL, A. (Orgs.). Gêneros, entre o texto e o discurso: questões conceituais e metodológicas. Campinas: Mercado de Letras, 2016. p. 173-196.

FIGUEIREDO, D. de C.; BONINI, A. Recontextualização e sedimentação do discurso e da prática social: como a mídia constrói uma representação negativa para o professor e para a escola pública. DELTA, v. 33, n. 3, p. 759-786, 2017.

GIDDENS, A. Modernity and self-identity. Cambridge: Polity, 1991.

GRACIOSO, F. Propaganda institucional: nova arma estratégica da empresa. São Paulo: Atlas, 1995.

HARVEY, David. Justice, nature and geography of difference. London: Blackwell, 1996.

MELO, J. M. de. A opinião no jornalismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985.

MEURER, J. L. Uma dimensão crítica do estudo de gêneros textuais. In: ______; MOTTA-ROTH, D. (Orgs.). Gêneros textuais e práticas discursivas: subsídios para o ensino da linguagem. Bauru: EDUSC, 2002. p. 17-29.

MOTTA-ROTH, D. Análise crítica de gêneros: contribuições para o ensino e a pesquisa de linguagem. DELTA, v. 24, n. 2, p. 341-383, 2008.

PINHO, J. B. Propaganda institucional: usos e funções da propaganda em relações públicas. São Paulo: Summus, 1990.

RABAÇA, C. A.; BARBOSA, G. G. Dicionário de comunicação. Rio de Janeiro: Campus, 1978.

REDE GLOBO. O sagrado. Rio de Janeiro: Rede Globo; Canal Futura, 2009-2013.

______ Relatório de ações sociais. 2011. Disponível em: http://redeglobo.globo.com/globocidadania/balanco-social-2011/> Último acesso em 05 out. 2013.

ROSE, D. Análise de imagens em movimento. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. (Eds.). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. p. 343 ”“ 364.

SAMPAIO, R. Propaganda de A a Z. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

SODRÉ, M. Linguagem da televisão. In: _______ O monopólio da fala. Petrópolis: Vozes, 1977. p. 55 ”“ 83.

THOMPSON, J. B. Ideologia e cultura moderna. Petrópolis: Vozes, 1995.

Downloads

Publicado

2017-12-21

Como Citar

Soares, V. A. de S. F., & Bonini, A. (2017). A REPRESENTAÇÃO ESTRATÉGICA DA VIOLÊNCIA URBANA NA MÍDIA: UMA ANÁLISE CRÍTICA DE GÊNERO. Cadernos De Linguagem E Sociedade, 18(3), 313–332. https://doi.org/10.26512/les.v18i3.7471

Edição

Seção

Artigos de pesquisa