A REPRESENTAÇÃO ESTRATÉGICA DA VIOLÊNCIA URBANA NA MÍDIA: UMA ANÁLISE CRÍTICA DE GÊNERO
DOI:
https://doi.org/10.26512/les.v18i3.7471Palavras-chave:
: Violência urbana. Televisão. Linguagens verbal e não verbal. Discurso midiático. Análise Crítica de Gêneros.Resumo
A partir da perspectiva teórico-metodológica da Análise Crítica de Gêneros (FAIRCLOUGH, 2001; 2003; BAKHTIN, 2003 [1952/53]; BONINI, 2010; 2013), o presente artigo analisa um episódio do interprograma O Sagrado (Rede Globo/Brasil), ressaltando o trabalho discursivo da emissora sobre as dimensões verbal e não verbal do gênero em questão e sua implicação para a sedimentação de um discurso sobre a violência urbana. Os dados apontam que, por meio, principalmente, da recontextualização (CHOULIARAKI; FAIRCLOUGH, 1999) do discurso da própria mídia e do ordenamento das dimensões verbal e não verbal, sedimenta-se um discurso segundo o qual a violência urbana tem sua origem em grupos sociais oriundos das favelas brasileiras, sendo que estes assim agiriam por uma escolha estritamente individual. Dessa forma, tal discursivização legitima, contraditoriamente, a naturalização da relação entre violência e pobreza, por um lado, e apaga, por outro, a possibilidade de problematização acerca de outros agentes envolvidos no assunto em pauta.Downloads
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