REPRESENTAÇÕES DE PAPEIS DE GÊNERO NA VIOLÊNCIA CONJUGAL EM INQUÉRITOS POLICIAIS

Autores

  • Lúcia Freitas Universidade Estadual de Goiás

DOI:

https://doi.org/10.26512/les.v12i1.10557

Palavras-chave:

violência, conjugalidade, gênero, discurso.

Resumo

Este artigo analisa a representação dos papeis que homens e mulheres assumem em seu discurso como protagonistas da violência conjugal a partir de seus depoimentos em inquéritos policiais. Os dados foram colhidos em 20 processos penais de ameaça e lesão corporal, enquadrados na Lei Maria da Penha, nos quais vítimas e agressores tinham relações de conjugalidade. À luz da Análise de Discurso Crítica (ADC), os resultados mostram como esses atores sociais conferem à violência significados bem específicos, dentro de um padrão relacional que os posiciona em condições desiguais ainda mantidas na sociedade, com prejuízo maiores para as mulheres. Ao final, o texto alerta para a necessidade de os estudos de gênero informarem a razão jurídica sobre as especificidades dessa violência, a fim de que sejam evitadas decisões que não promovem justiça e muitas vezes dão força normativa às desigualdades.

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Biografia do Autor

Lúcia Freitas, Universidade Estadual de Goiás

Doutorada em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB). Foi bolsista do Programa de Estágio de Doutorado no Exterior (PDEE) pela CAPEs, tendo sido pesquisadora visitante por quatro meses no Center for Advanced Research in English, na Universidade de Birmingham, Inglaterra. Atualmente, é professora titular da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e Coord. de Pesquisa da mesma instituição. Lidera o Grupo de Estudos sobre aspectos histórico-sociais do centro-oeste goiano.

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Publicado

2011-07-25

Como Citar

Freitas, L. (2011). REPRESENTAÇÕES DE PAPEIS DE GÊNERO NA VIOLÊNCIA CONJUGAL EM INQUÉRITOS POLICIAIS. Cadernos De Linguagem E Sociedade, 12(1), 128–152. https://doi.org/10.26512/les.v12i1.10557

Edição

Seção

Artigos de pesquisa