Os Ãpyãwa (Tapirapé), os neologismos e a escola indígena: políticas linguísticas em resposta ao etnocídio
Palavras-chave:
Ãpyãwa (Tapirapé). Escola Indígena. Etnocídio. Neologismo.Resumo
Neste estudo, a partir de uma política linguística desenvolvida na Escola Estadual Indígena Tapi’itãwa, propõe-se uma inicial reflexão sobre os neologismos, como pertencentes ao discurso, e sobre o papel da escola na resistência aos movimentos etnocidas. A criação desses neologismos formais é consequência da não aceitação passiva de um largo número de empréstimos oriundos do português inseridos na língua tapirapé, ou seja, análises linguísticas articulam análises discursivas e explanações de caráter social, cuja ação da comunidade indígena é legitimada como uma tentativa de resistência linguística e cultural. Tais empréstimos, que pertenciam à classe gramatical dos nomes, foram traduzidos no tapirapé, o que ocasionou um acréscimo de, aproximadamente, duzentos novos nomes no léxico da língua. Na formação desses novos nomes foram aplicados, principalmente, os recursos morfológicos de composição, derivação, nominalização, os quais podem ser empregados simultaneamente na criação de um novo item lexical. Além da gênese dos neologismos formais, também é registrada a inserção de neologismos semânticos, isto é, criação neológica decorrente de ressignificação de itens lexicais já existentes. Para isso, serão discutidos os conceitos de genocídio e etnocídio, no viés das Ciências Sociais (CLASTRES, 2004); os dados linguísticos e culturais sobre os Tapirapé (PRAÇA, 2007); a definição de neologismo (CABRÉ, 1993); os processos morfológicos mais recorrentes na constituição de novas unidades léxicas na língua tapirapé (PRAÇA, 2012); e os conceitos de poder, discurso e ideologia, desenvolvidos na Análise de Discurso (FAIRCLOUGH, 2003; THOMPSON, 1998; RAMALHO & RESENDE, 2011; e outros).
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