O uso de estruturas passivas em enunciados matemáticos: relações entre domínios linguístico e cognitivo

Autores

  • Marina Augusto Universidade do Estado do Rio de Janeiro
  • Rafaella Souza Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Palavras-chave:

passivas perifrásticas; passivas pronominais; raciocínio matemático; cognição.

Resumo

Este artigo focaliza a relação entre linguagem e outros domínios da cognição. Mais especificamente, busca-se verificar como o uso de orações passivas em enunciados de problemas matemáticos pode interferir na sua compreensão e impactar o raciocínio para a sua resolução. Na pesquisa de campo realizada, foram apresentados problemas matemáticos adequados a distintas séries escolares, com formulações em que se apresentam sentenças ativas, passivas perifrásticas ou passivas pronominais. Neste artigo, reportamos os resultados referentes aos quarto e sexto anos do Ensino Fundamental. Analisaram-se tanto a resolução dos problemas propostos como o tempo dispendido para sua execução. Os resultados coletados e analisados indicam que o tipo de sentença utilizado no enunciado pode interferir na resolução de problemas matemáticos, sendo os melhores resultados alcançados quando a ativa está presente. A questão da competência linguística do estudante e a formação de uma periferia marcada da sua gramática nuclear, no sentido de Kato (2005), para a apreensão de habilidades necessárias no âmbito escolar são discutidas.

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Publicado

2017-04-17

Como Citar

Augusto, M., & Souza, R. (2017). O uso de estruturas passivas em enunciados matemáticos: relações entre domínios linguístico e cognitivo. Revista Letra Capital, 1(2), 1–22. Recuperado de https://periodicos.unb.br/index.php/lcapital/article/view/8583

Edição

Seção

Artigos