A escrita comovida de João Anzanello Carrascoza
Resumo
A narração impassível, que emula em sua indiferença a brutalidade dos episódios descritos, caracteriza as ficções de mais visibilidade crítica e midiática na produção literária brasileira dos anos 1990. A atenção recebida por esse realismo mimético, que aposta no choque como estratégia de apreensão imediata do real, contribui para a criação de um contexto em que a narração comovida é percebida como ingênua, ou suspeita. A recepção dos contos de João Anzanello Carrascoza, descritos como fronteiriços entre o sublime e o kitsch, é um exemplo disso. Mas, nessas histórias, a comoção não resulta de uma negação do real, e sim do reconhecimento daquilo que ele tem de inelutável e “idiota”, como disse Clément Rosset.
Downloads
Referências
CARRASCOZA, João Anzanello. Hotel solidão. São Paulo: Scritta, 1994.
_______. O vaso azul. São Paulo: Ática, 1998.
_______. Duas tardes. São Paulo: Boitempo, 2002.
_______. Meu amigo João. São Paulo: Melhoramentos, 2003.
_______. Dias raros. São Paulo: Planeta, 2004.
_______. O volume do silêncio. São Paulo: Cosac Naify, 2006.
DERRIDA, Jacques. “How to avoid speaking”, em Iser, Wolfgang e Budick, Sanfoor. Languages of the unsayable. Stanford: Columbia Univeristy Press, 1987.
DUTTON, Dennis. “Kitsch”, em Turner, J. (coord.). The dictionary of art. Londres: Macmillan, 1998.
ECO, Umberto. Apocalípticos e integrados. Trad. de Pérola de Carvalho. Rio de Janeiro: Perspectiva, 1970.
JAGUARIBE, Beatriz. O choque do real. Rio de Janeiro: Rocco, 2007.
KUNDERA, Milan. A insustentável leveza do ser. Trad. de Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
ROSSET, Clément. O real e seu duplo. Trad. de José Thomaz Brum. Rio de Janeiro: José Olympio, 2007.
SCHOLLHAMMER, Karl Erik. “O espetáculo e a demanda do real”, em Freire Filho, João Batista de Macedo. Comunicação, cultura, consumo. Rio de Janeiro: e-papers, 2005. pp. 207-24.
SONTAG, Susan. “Notes on ‘Camp’”. Disponível em: . Acesso em: 09 nov. 2008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons de Atribuição-Não Comercial 4.0, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.