Colonialidade do poder em Salvar o fogo, de Itamar Vieira Junior
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40187105Palavras-chave:
pobreza; colonialismo; colonialidade do poder; interseccionalidadeResumo
Salvar o fogo, de Itamar Vieira Junior (2023), é uma narrativa que prima pela pobreza extrema, desembocando na exclusão, e não prenuncia salvação. Ambientada no nordeste brasileiro, recupera o estereótipo de nordestino como sinônimo de pobreza, bem como a desigualdade social que assola o país desde os tempos da colonização. Remete aos desmandos da Igreja Católica, que, por meio da religiosidade, não somente manipula, como também explora a população desvalida. A narrativa passa-se na contemporaneidade e, por isso, corrobora a afirmativa de Aníbal Quijano (2014) de que o colonialismo deixou rastros por onde passou, pois, apesar de não mais existir, a colonialidade do poder ainda continua presente, principalmente entre as camadas mais vulneráveis da população. A selvageria do capitalismo com o neoliberalismo corrói a existência dos mais pobres, forçando a migração constante como meio de fugir da miséria. Para além disso, os pressupostos de raça, etnia e gênero também se apresentam, demonstrando a interseccionalidade sempre presente nessas camadas da população. Utilizando esses pressupostos como fios condutores para a análise da narrativa, foi imprescindível recorrer aos estudos de Gayatri Spivak (2010), Aníbal Quijano (2014), María Lugones (2014), Walter D. Mignolo (2017), Isildinha Baptista Nogueira (2021), Patricia Hill Collins e Sirma Bilge (2021), Rita Segato (2021), entre outros.
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Referências
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