A crise da pós-memória e o horizonte das sobrevivências: campos de batalha da memória no Brasil contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-4018645Palavras-chave:
pós-memória, sobrevivências, ditadura militar, usos do passado.Resumo
A reflexão que se propõe neste artigo concentra-se sobre o conceito escorregadio de “pós-memória” que surge na década de 1990 em âmbito cultural e não histórico. Tentando localizar os pontos de força e de debilidade que possui, situados em particular no caso brasileiro, a análise se interroga se esta reconfiguração crítica sobre a memória das segundas e sucessivas gerações tem contribuído – ou não – para se inscrever no debate contemporâneo sobre a salvação de memórias em risco. A prática do “desaparecimento forçado” e sua (im)possível herança mnésica para as outras gerações, oferece um ponto extremo de reflexão crítica. Mesmo surgida no contexto da pós-Shoah, a pós-memória encontra aplicações em diferentes contextos críticos – como no caso dos autoritarismos militares na América Latina e da ditadura militar brasileira (1964-1985). Depois de uma revisão do debate conceitual, a “pars construens” da reflexão procura verificar se a desmontagem analítica da pós-memória associada à figura das sobrevivências (Pasolini, Didi-Huberman, Warburg, Benjamin) oferece uma nova dimensão crítica com que repensar a transmissão da memória e a economia da herança. Desta revisão, articula-se uma política das sobrevivências que talvez possa reformular, em sua aliança com campos como o da literatura ou das artes, uma outra possível relação com o passado.
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