O mito da mãe preta no imaginário literário de raça e mestiçagem cultural
Resumen
A evocação nostálgica da mãe preta (liberada no Modernismo do rótulo de agente de contaminação) revela algumas das contradições do gesto legitimador das culturas e sujeitos afro-brasileiros e mestiços no início do século XX. No caso específico da mãe preta, constata-se a construção de um “outro” racial mitificado; ou seja, as marcas sociais e raciais marginalizadoras da mãe preta são atenuadas para que essa figura possa exemplificar a narrativa utópica da harmonia inter-racial do velho sistema agrário-patriarcal brasileiro. Além disso, a transformação da mãe preta em símbolo de assimilação racial reforça os estereótipos burgueses da servidão negra, e comprova a indiferença dos intelectuais e escritores modernistas à s lutas políticas das próprias domésticas contra a discriminação racial e social ”“ políticas tais que comprometem a defesa destes intelectuais do mito da democracia racial brasileira.
Descargas
Citas
ALENCASTRO, Luis Filipe. “Vida privada e ordem privada no Império”, em História da vida privada no Brasil: Império ”“ a corte e a modernidade nacional. v. 2. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
ALMEIDA, José Maurício Gomes de. “Regionalismo e modernismo: as duas faces da renovação cultural dos anos 20”, em KOSMINSKY, Ethel Volfzon et al (org.). Gilberto Freyre em quatro tempos. Bauru: EDUSC, 2003. pp. 315-25.
ALMEIDA, Maria Inês de e QUEIROZ, Sônia. Na captura da voz: as edições da narrativa oral no Brasil. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.
ARAÚJO, Joel Zito A negação do Brasil: o negro na telenovela brasileira. São Paulo: Editora SENAC, 2000.
BARTHES, Roland. Mythologies. Trans. Annette Lavers. New York: Hill and Wang, 1972.
BENJAMIM, Walter. “The Storyteller”, em Illuminations. Trans. Harry Zohn. New York: Schoken Books, 1969.
BORGES, Dain. “Como e porque a escravidão voltou à consciência nacional na década de 30”, em KOSMINSKY, Ethel Volfzon et al (org.). Gilberto Freyre em quatro tempos. Bauru: EDUSC, 2003. pp. 205-22.
BROOKSHAW, David. Raça e cor na literatura brasileira. Trans. Marta Kirst. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.
CARNEIRO, Maria Elizabeth Ribeiro. “Corpos que nutrem: mulheres procuradas e oferecidas para aluguel e venda na capital federal da Corte Imperial”. Em tempo de histórias, nº. 3, Universidade de Brasília, 2003.
_______. “Procuram-se amas-de-leite na historiografia da escravidão: da ‘suavidade do leite preto’ ao ‘fardo’ dos homens brancos”. Em tempo de histórias, nº. 5, ano 5. Universidade de Brasília, 2001.
COSTA, Emilia Viotti da. The Brazilian Empire: Myths and Histories. rev. ed. Chapel Hill and London: The University of North Carolina Press, 2000.
COSTA, Jurandir Freire. Ordem médica e norma familiar. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
DEIAB, Rafaela de Andrade. “A memória afetiva da escravidão”. Revista de História da Biblioteca Nacional, nº. 4, ano 1, out. 2005, pp. 36-40.
FERREIRA, Maria Cláudia Cardoso. Representando as relações raciais: as trajetórias dos militantes Veiga dos Santos e Correia Leite. Anais do XXIII Simpósio Nacional de História (História: Guerra e Paz). Universidade Estadual de Londrina, 17- 22 de julho de 2005.
FRANCO, Jean. “What’s in a Name?: Popular Culture Theories and Their Limitations”, em Pratt, Mary Louise and Newman, Kathleen (ed). Jean Franco ”“ Critical Passions: Selected Essays. Durham and London: Duke University Press, 1999.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil ”“ 1. 45ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2001.
_______. “Aspectos de um século de transição no nordeste do Brasil”, em _______. Região e tradição. Rio de Janeiro: José Olympio, 1941.
_______. Assombrações do Recife Velho: algumas notas históricas e outras tantas folclóricas em torno do sobrenatural no passado recifense. 2ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1970.
_______. Manifesto regionalista de 1926. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura, Serviço de Documentação, 1955.
_______. Região e tradição. Rio de Janeiro: Gráfica Record Editora, 1942.
GIACOMINI, Sonia Maria. “Ser escrava no Brasil”. Estudos Afro-Asiáticos, nº 15. Universidade Cândido Mendes, 1988, pp. 145-70.
Mulher e escrava: uma introdução ao estudo histórico da mulher negra no Brasil. Petrópolis: Vozes, 1988.
GRAHAM, Sandra Lauderdale “Contagion and Control”. House and Street: The Domestic World of Servants and Masters in Nineteenth-Century Rio de Janeiro. Austin: Universit y of Texas Press, 1992.
ISFA HANI-HAMMOND, Alexandra (ed.). The Masters and the Slaves: Plantation Relations and Mestizage in American Imaginaries. New York: Palgrave, 2005.
JÚNIOR, José A. C. “Mãi preta”. A mãi de família. Rio de Janeiro, nov. 1888.
LAJOLO, Marisa. “Negros e negras em Monteiro Lobato”, em _______. Lendo e escrevendo Lobato. Belo Horizonte: Autêntica, 1999. pp. 65-82.
MACHADO, Antônio de Alcântara. Concurso de lactantes. Revista de Antropofagia, nº 7, ano 1. São Paulo, nov. 1928.
MAGALHÃES, Elizabeth K. C. de e GIACOMINI, Sonia Maria. “A escrava ama-de-leite: anjo ou demônio?”, em BARROSO, Carmen e COSTA, Albertina Oliveira (org.). Mulher, mulheres São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1983. pp. 73-88.
MAROTTI, Giorgio. Black Characters in the Brazilian Novel. Trans. Maria O. Marotti and Harry Lawton. Los Angeles, CA: Center for Afro-American Studies, University of California, 1987.
RABASSA, Gregory. O negro na ficçcão brasileira: meio século de história literária. Rio de Janeiro: Tempo brasileiro,1964.
REGO, José Lins do. Histórias da Velha Totônia: um clássico da literatura infantojuvenil. 13ª ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2001.
_______. Menino de engenho; Doidinho; Banguê: romances reunidos e ilustrados. Rio de Janeiro: José Olympio, 1960.
_______. Meus verdes anos: memórias. Rio de Janeiro: José Olympio, 1956.
_______. “Prefácio”, em _______. Região e tradição. Rio de Janeiro: Gráfica Record Editora, 1942.
ROMERO, Sílvio. “Origens de nossa poesia e de nossos contos populares” (Introdução), em Contos populares do Brazil: folclore brasileiro. Belo Horizonte; São Paulo: Itatiaia; EDUSP, 1985.
ROWE, Willian e SCHELLING, Vivian. Memory and Modernity: Popular Culture in Latin America. London; New York: Verso, 1991.
SANTIAGO, Silviano. “Vale quanto pesa (a ficção modernista brasileira)”, em _______. Vale quanto pesa: ensaios sobre questões politico-culturais. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
SAYERS, Raymond S. The Negro in Brazilian Literature. New York: Hispanic Institute, 1956.
SEGATO, Rita Laura. “O Édipo brasileiro: a dupla negação de gênero e raça”. Série Antropologia. Universidade de Brasília, 2006, pp. 1- 21.
SEIGEL, Micol e Gomes, Tiago de Melo. “Sabina das laranjas: gênero, raça e nação na trajetória de um símbolo popular, 1889-1930”. Revista Brasileira de História, nº. 43, v. 22. São Paulo, 2002, pp. 171-93.
STAM, Robert. Tropical Multiculturalism: A Comparative History of Race in Brazilian Cinema and Culture. Durham: Duke University Press, 1997.
STOREY, John. Inventing Popular Culture: from Folcklore to Globalization. Malden, MA: Blackwell, 2003.
THURBER, Cheryl. “The Development of the Mammy Image and Mythology”, em Bernhard, Virginia et al. (ed.). Southern Women: Histories and Identities. Columbia and London: University of Missouri Press, 1992. pp. 87-108.
TRIGO, Luciano. Engenho e memória: o nordeste do açúcar na ficção de José Lins do Rego. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras; Topbooks, 2002.
VENTURA, Roberto. Estilo tropical: história cultural e polêmicas literárias no Brasil, 1870-1914. 2ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 70
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Los autores que publican en esta revista concuerdan con los siguientes términos:
a) Los (los) autores (s) conservan los derechos de autor y conceden a la revista el derecho de primera publicación, siendo el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Licencia Creative Commons de Atribución-No Comercial 4.0, lo que permite compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría del trabajo y publicación inicial en esta revista.
b) Los autores (a) tienen autorización para asumir contratos adicionales por separado, para distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (por ejemplo, publicar en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y reconocimiento publicación inicial en esta revista.
c) Los autores tienen permiso y se les anima a publicar y distribuir su trabajo en línea (por ejemplo, en repositorios institucionales o en su página personal) después del proceso editorial, ya que esto puede generar cambios productivos, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (ver el efecto del acceso libre).
d) Los (as) autores (as) de los trabajos aprobados autorizan la revista a, después de la publicación, ceder su contenido para reproducción en indexadores de contenido, bibliotecas virtuales y similares.
e) Los (as) autores (as) asumen que los textos sometidos a la publicación son de su creación original, responsabilizándose enteramente por su contenido en caso de eventual impugnación por parte de terceros.