A censura ao direito de sonhar em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40184412Resumo
O trabalho parte da consideração da literatura como direito fundamental do homem, passando a analisar a dimensão literária e o imaginário feminino presentes em Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, a fim de evidenciar a habilidade da autora na criação de representações muito ricas do seu cotidiano miserável, e com isso contestar a consideração usual do texto como sendo um mero documentário sobre a fome no Brasil dos anos 50. Procurando evidenciar a existência de uma censura implícita por parte dos mediadores culturais, encarregada de impedir que uma mulher subalterna possa ser considerada escritora, e relegando-a ao âmbito do mero protesto, conclui-se que a palavra de Carolina, eco de muitas vozes autorizadas, enriquece a cena literária brasileira contemporânea, dando-lhe maior representatividade.
Downloads
Referências
CANDIDO, Antonio (2004). O direito à literatura. In: Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades; Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul.
DALCASTAGNÈ, Regina (Org.) (2008). Vozes e sombras: representação e legitimidade na narrativa contemporânea. In: Ver e imaginar o outro: alteridade, desigualdade, violência na literatura brasileira contemporânea. Vinhedo: Horizonte.
DALCASTAGNÈ, Regina (2003). Sombras da cidade: o espaço na narrativa contemporânea brasileira. Ipotesi, Juiz de Fora, v. 2, n. 7, p. 11-28.
DANTAS, Audálio. Casa de alvenaria: História de uma ascensão social. In: JESUS, Carolina Maria (1961). Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada. Rio de Janeiro: Francisco Alves.
GINZBURG, Jaime (2010). Linguagem e trauma na escrita do testemunho. Conexão letras, Porto Alegre, n. 3, p. 61-66. Disponível em: <http://www.msmidia.com/conexao/3/cap6.pdf>. Acesso em: 8 abr. 2013.
JESUS, Carolina Maria de (1960). Quarto de despejo: diário de uma favelada. 6. ed. São Paulo: Francisco Alves.
JESUS, Carolina Maria de (1961). Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada. Rio de Janeiro: Francisco Alves.
JESUS, Carolina Maria de (1983). Quarto de despejo: diário de uma favelada. 10. ed. São Paulo: Francisco Alves.
JESUS, Carolina Maria de (1994). Quarto de despejo: diário de uma favelada. 3. ed. São Paulo: Ática.
JESUS, Carolina Maria de (1996). Meu estranho diário. Organização de José Carlos Sebe Bom Meihy e Robert M. Levine. São Paulo: Xamã.
JESUS, Carolina Maria de (2007). Quarto de despejo: diário de uma favelada. 9. ed. São Paulo: Ática.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom; LEVINE, Robert (1994). Cinderela negra: a saga de Carolina Maria de Jesus. Rio de Janeiro: Editora da UFRJ.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom (1998). Carolina Maria de Jesus: emblema do silêncio. São Paulo: Biblioteca Virtual de Direitos Humanos da Universidade de São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 8 abr. 2013.
MEIHY, José Carlos Sebe Bom (2002). Subversão pelo sonho: a censura cultural nos diários de Carolina Maria de Jesus. In CARNEIRO, Maria Luiza Tucci (Org.). Minorias silenciadas: história da censura no Brasil. São Paulo: EDUSP, Imprensa Oficial do Estado, Fapesp.
PERPÉTUA, Elzira Divina (2003). Aquém do Quarto de despejo: a palavra de Carolina Maria de Jesus nos manuscritos de seu diário. Estudos de literatura brasileira contemporânea, Brasília, n. 22, p. 63-83.
PERROT, Michele (2005). As mulheres ou os silêncios da história. Tradução Viviane Ribeiro. Bauru: Edusc.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty (2010). Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida, Marcos Pereira Feitosa, André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG.
VOGT, Carlos (1983). Trabalho, pobreza e trabalho intelectual. In: SCHWARZ, Roberto (org.). Os pobres na literatura brasileira. São Paulo: Brasiliense.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons de Atribuição-Não Comercial 4.0, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.