Paula Glenadel e Elvira Vigna: agoridade da literatura
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-40187104Palavras-chave:
Paula Glenadel; Elvira Vigna; natalidade; androginia; agoridadeResumo
Tomando como objeto central os poemas compilados em A fábrica do feminino, de Paula Glenadel (2008), e o romance Como se estivéssemos em palimpsesto de putas, de Elvira Vigna (2016), mas recorrendo igualmente a outras obras das autoras, o artigo questiona o que neles se guarda sobre a possibilidade de nascimento do novo. Parte, então, da discussão de Walter Benjamin rubricada sob o conceito de agoridade (Jetztzeit) e investiga a relação entre androginia e natalidade como ruptura com a vida orgânica (Zoé), e a aposta que as autoras fazem na vida simbólica (Bíos) como possibilidade da política. Seria a androginia — a diluição da diferença entre o masculino e o feminino, mas sobretudo entre o Outro e o Eu —, buscamos sustentar, a aposta que suas literaturas mimetizam como alternativa à instrumentalidade da política contemporânea.
Downloads
Referências
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max (1985). Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Tradução de Guido Antônio de Almeida. Rio de Janeiro: Zahar.
AGAMBEN, Giorgio (2002). Homo Sacer: o poder soberano e a vida nua. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: UFMG.
AGAMBEN, Giorgio (2005). Infância e história: destruição da experiência e origem da história. Tradução de Henrique Burigo. Belo Horizonte: UFMG.
ARENDT, Hannah (1979). A crise na educação. In: ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro Tradução de Mauro Barbosa. São Paulo: Perspectiva, 1979. p. 221-247.
ARENDT, Hannah (2016). A condição humana Tradução de Roberto Raposo e Adriano Correia. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
ARISTÓTELES (2015). Poética Tradução de Paulo Pinheiro. São Paulo: 34.
ARTAUD, Antonin (2019). Escritos de Antonin Artaud Tradução de Cláudio Willer. Porto Alegre: L&PM.
AUERBACH, Erich (1998). Mímesis: a representação da realidade na literatura ocidental. Tradução de George Bernard. São Paulo: Perspectiva.
BENJAMIN, Walter (2002). História cultural do brinquedo. In: BENJAMIN, Walter. Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação Tradução de Marcus Vinicius Mazzari. São Paulo: 34. p. 89-94.
BENJAMIN, Walter (2016). Origem do drama trágico alemão Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica.
BENJAMIN, Walter (2017a). Rua de mão única / Infância em Berlim: 1900. Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica.
BENJAMIN, Walter (2017b). Sobre el origen [Problemas de la sociología del lenguaje]. In: BENJAMIN, Walter. La tarea del crítico Tradução de Ariel Magnus. Buenos Aires: Eterna Cadencia. p. 221-255.
BENJAMIN, Walter (2017c). Guerra a la guerra [Teorías del fascismo alemán]. In: BENJAMIN, Walter. La tarea del crítico Tradução de Ariel Magnus. Buenos Aires: Eterna Cadencia. p. 159-175.
BENJAMIN, Walter (2018a). Doutrina das semelhanças. In: BENJAMIN, Walter. Linguagem, tradução, literatura (filosofia, teoria e crítica). Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica. p. 47-52.
BENJAMIN, Walter (2018b). O contador de histórias: reflexões sobre a obra de Nikolai Leskov. In: BENJAMIN, Walter. Linguagem, tradução, literatura (filosofia, teoria e crítica). Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica. p. 139-166.
BENJAMIN, Walter (2019). Sobre o conceito da História. In: BENJAMIN, Walter. O anjo da história Tradução de João Barrento. Belo Horizonte: Autêntica. p. 9-20.
BENJAMIN, Walter (2020). Gente Alemã Tradução de Daniel Martineschen. Florianópolis: Nave.
CASTRO, Edgardo (2013). Acerca de la (no) distinción entre Bíos y Zoé. In: CAPONI, Sandra; VALENCIA, Maria F. V.; VERDI, Marta; ASSMANN, Selvino (org.). A medicalização da vida como estratégia biopolítica São Paulo: LiberArs. p. 59-68.
COPI (2010). La guerra de las mariconas Tradução de Margarita Martínez. Buenos Aires: El Cuenco de Plata.
ECCEL, Daiane (2019). Franz Kafka lido por Hannah Arendt: cultura, formação e política. Revista de Filosofia Aurora, Curitiba, v. 31, n. 52, p. 304-322. https://doi.org/10.7213/1980.5934.31.052.A001
» https://doi.org/10.7213/1980.5934.31.052.A001
FLORES, Maria Bernardete Ramos (2017). Xul Solar e Ismael Nery entre outros místicos modernos: sobre o revival espiritual. Campinas: Mercado de Letras.
FREUD, Sigmund (2010a). Além do princípio do prazer. In: FREUD, Sigmund. Obras completas Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras. v. 14. p. 161-239.
FREUD, Sigmund (2010b). O inquietante. In: FREUD, Sigmund. Obras completas Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras. v. 14. p. 328-376.
FREUD, Sigmund (2011). O mal-estar na civilização Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Penguin-Companhia.
GINZBURG, Carlo (2013). Raíces de un paradigma de inferencias indiciales. In: GINZBURG, Carlo. Mitos, emblemas e indícios: morfología e historia. Tradução de Verónica Trentini. Buenos Aires: Prometeo. p. 171-221.
GLENADEL, Paula (2008). A fábrica do feminino Rio de Janeiro: 7Letras.
GLENADE, Paula (2011). Casi un arte Tradução de Rodrigo Labriola. Bahía Blanca: VOX.
GLENADEL, Paula (2018). Mínimos teatros: poesia contemporânea e ética. Outra Travessia, Florianópolis, n. 25, p. 6-16. https://doi.org/10.5007/2176-8552.2018n25p5
» https://doi.org/10.5007/2176-8552.2018n25p5
RANCIÈRE, Jacques (2021). Aisthesis: cenas do regime estético da arte. Tradução de Dilson Ferreira da Cruz. São Paulo: 34.
SANTIAGO, Silviano (2017). Stella Manhattan São Paulo: Companhia das Letras.
SARLO, Beatriz (1996). Instantáneas: medios, ciudades y costumbres en el fin del siglo. Buenos Aires: Ariel.
SCRAMIM, Susana (2018). Teatralidades da linguagem e poesia contemporânea. Outra Travessia, Florianópolis, n. 25, p. 17-30. https://doi.org/10.5007/2176-8552.2018n25p17
» https://doi.org/10.5007/2176-8552.2018n25p17
SCRAMIM, Susana (2020a). Antología y traducción. Pensamiento y política. In: ROCA, Agustina (org.). Tejer y destejer: 7 poetas contemporáneas del Brasil. Caba: Bajolaluna. p. 7-16.
SCRAMIM, Susana (2020b). Cartas ao humanismo. In: BENJAMIN, Walter. Gente Alemã Florianópolis: Nave. p. 243-263.
SONTAG, Susan (2010). Ante el dolor de los demás Tradução de Aurelio Major. Barcelona: Debolsillo.
SONTAG, Susan (2015). Una aproximación a Artaud. In: SONTAG, Susan. Bajo el signo de Saturno Tradução de Juan Trejo. Barcelona: Debolsillo. p. 21-80.
SONTAG, Susan (2020). Notas sobre o camp. In: SONTAG, Susan. Contra a interpretação e outros ensaios Tradução de Denise Bottmann. São Paulo: Companhia das Letras. p. 346-367.
VAZ, Alexandre Fernandez (2005). Subjetividade, memória e experiência: sobre a infância em alguns escritos de Walter Benjamin e de Theodor W. Adorno. Educação em Revista, Marília, n. 6, p. 51-66. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/educacaoemrevista/article/view/598/481 Acesso em: 2 out. 2023.
» https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/educacaoemrevista/article/view/598/481
VIGNA, Elvira (2016). Como se estivéssemos em palimpsesto de putas São Paulo: Companhia das Letras.
VIGNA, Elvira; BRANDÃO, Ruth Silviano (2004). Aporias de Astérion Rio de Janeiro: Lamparina.
VIGNA, Elvira; MURRAY, Roseana (2000). O silêncio dos descobrimentos São Paulo: Paulus.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons de Atribuição-Não Comercial 4.0, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.