Compondo temporalidades: o colonial e a ditadura nas narrativas brasileiras do século XXI
Palavras-chave:
literatura contemporânea brasileira, ditadura militar, justiça de transição, colonialidadeResumo
Contar um período histórico está diretamente relacionado a questões políticas, sociais, históricas, culturais e temporais. No caso da ditadura militar brasileira, “o que foi” (ou o que é) ainda está sendo produzido, seja na historiografia ou na literatura. Muitas dessas histórias, entretanto, ainda não foram contadas e permanecem esquecidas, excluídas e/ou ignoradas. Neste artigo, atentaremos para os pontos cegos da história, observando a relação e composição das temporalidades coloniais e ditatoriais e discutindo quais histórias de violência e de resistência foram contadas, como foram escritas e mobilizadas, mesmo anos depois dos processos de justiça de transição e de reparação, no presente e na literatura, a partir das narrativas Nem tudo é silêncio (2010), de Sonia Bischain, a chamada Trilogia infernal, composta pelos livros Aqui, no coração do inferno (2016), O peso do coração do homem (2017), e O amor, esse obstáculo (2018), de Micheliny Verunschk, em maior medida, e, em menor medida, as obras Ainda estou aqui (2015), de Marcelo Rubens Paiva, e Antes do passado (2012), de Liniane Brum.
Downloads
Referências
AZEVEDO, Desirée de Lemos (2016). A única luta que se perde é aquela que se abandona: etnografia entre familiares de mortos e desaparecidos políticos no Brasil. Tese (Doutorado em Antropologia Social) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas. Disponível em: http://repositorio.unicamp.br/jspui/handle/REPOSIP/305070. Acesso em: 6 ago. 2020.
BENJAMIN, Walter (1995). Obras escolhidas. Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho; Jose Carlos Martins Barbosa. 5. ed. São Paulo: Brasiliense.
BEVERNAGE, Berber (2015). The past is evil/evil is past: on retrospective politics, philosophy of history, and temporal manichaeism. History and Theory, v. 54, n. 3, p. 333-352. Disponível em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/hith.10763. Acesso em: 6 ago. 2020.
BISCHAIN, Sonia (2010). Nem tudo é silêncio. São Paulo: Sarau da Brasa.
BRUM, Liniane H. (2012). Antes do passado: o silêncio que vem do Araguaia. Porto Alegre: Arquipélago Editorial.
CÁMARA, Mario (2017). Restos épicos: la literatura y el arte en el cambio de época. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Libraria.
CASANOVA, Pablo González (2006). Colonialismo interno (uma redefinição). In: BORON, Atilio A; AMADEO, Javier; GONZÁLEZ, Sabrina (org.). A teoria marxista hoje. Problemas e perspectivas. Buenos Aires: CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2006. p. 431-458. Disponível em: http://bibliotecavirtual.clacso.org.ar/clacso/formacion-virtual/20100715073000/boron.pdf Acesso em: 18 fev. 2020.
CRUZ, Lua Gill da (2021). Pretéritos futuros: ditadura militar na literatura do século XXI. 2021. 322 f. Tese (Doutorado em Teoria e História Literária) – Universidade Estadual de Campinas (Instituto de Estudos da Linguagem), Campinas. Disponível em: https://hdl.handle.net/20.500.12733/1642099. Acesso em: 1º nov. 2021.
DALCASTAGNÈ, Regina (2012). Literatura brasileira contemporânea: um território contestado. Vinhedo: Editora Horizonte.
FANON, Frantz (1968). Os condenados da terra. Tradução de José Laurênio De Melo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
GALLAGHER, Jennifer D. L. (2017). De muitas verdades a uma: histórias enredadas, memórias tuteladas e a Comissão Nacional da Verdade (1979-2014). Dissertação (Mestrado em História Cultural) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. Disponível em: https://bit.ly/3A3oPns. Acesso em: 6 ago. 2020.
GORDON, Avery (1997). Ghostly matters: haunting and the sociological imagination. Minneapolis: University of Minnesota Press.
IANNI, Clara (2017). Formas de transição. Intervenção na linha do tempo do Memorial da Resistência, São Paulo, 32 impressões UV em placas OS. Disponível em: http://claraianni.com/ Acesso em: 6 ago. 2020.
JELIN, Elizabeth (2002). Los trabajos de la memoria. Madrid: Siglo XXI de España Editores; Social Science Research Council.
LÖWY, Michael (2005). Walter Benjamin: aviso de incêndio, uma leitura das teses “Sobre o conceito de história”. Tradução de Wanda Nogueira Caldeira Brant; Jeanne Marie Gagnebin; Marcos Lutz Müller. São Paulo: Boitempo.
LUDMER, Josefina (2013). Aqui América Latina: uma especulação. Tradução de Rômulo Monte Alto. Belo Horizonte: Ed. UFMG.
MBEMBE, Achille (2018). Necropolítica. São Paulo: N-1 Edições.
PAIVA, Marcelo Rubens (2015). Ainda estou aqui. Rio de Janeiro: Alfaguara.
PARRY, Benita (2004). Postcolonial studies: a materialist critique. London; New York: Routledge.
PEDRETTI, Lucas (2020). Violência de Estado e racismo em dois momentos das lutas políticas de memória no Brasil. In: TELES, Edson; QUINALHA, Renan. Espectros da ditadura: da Comissão da Verdade ao bolsonarismo. São Paulo: Autonomia Literária. p. 311-339.
ROTHBERG, Michael (2009). Multidirectional memory: remembering the Holocaust in the age of decolonization. Stanford, California: Stanford University Press. [Cultural memory in the present].
SILVA, Denise Ferreira da (2018). O evento racial ou aquilo que acontece sem o tempo. In: PEDROSA, Adriano et al. (Org.). Histórias afro-atlânticas. Antologia. São Paulo: Instituo Tomie Ohtake; MASP. v. 2, p. 407-411.
SILVA, Denise Ferreira da (2019). A dívida impagável. Tradução de Pedro Daher e de Amilcar Packer. São Paulo: Oficina de Imaginação Política e Living Commons. Disponível em: https://casadopovo.org.br/wp-content/uploads/2020/01/a-divida-impagavel.pdf Acesso em: 18 fev. 2020.
SPIVAK, Gayatri Chakravorty (2010). Pode o subalterno falar? Tradução de Sandra Regina Goulart Almeida; Marcos Pereira Feitosa; André Pereira Feitosa. Belo Horizonte: Editora UFMG.
VARGAS, Mariluci Cardoso de (2018). O testemunho e suas formas: historiografia, literatura, documentário (Brasil, 1964-2017). Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
VERUNSCHK, Micheliny (2016). Aqui, no coração do inferno. São Paulo: Patuá Editora.
VERUNSCHK, Micheliny (2017). O peso do coração do homem. São Paulo: Patuá Editora.
VERUNSCHK, Micheliny (2018). O amor, esse obstáculo. São Paulo: Patuá Editora.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 Lua Gill da Cruz
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NoDerivatives 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a) Os(as) autores(as) mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, sendo o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons de Atribuição-Não Comercial 4.0, o que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
b) Os(as) autores(as) têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho on-line (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
d) Os(as) autores(as) dos trabalhos aprovados autorizam a revista a, após a publicação, ceder seu conteúdo para reprodução em indexadores de conteúdo, bibliotecas virtuais e similares.
e) Os(as) autores(as) assumem que os textos submetidos à publicação são de sua criação original, responsabilizando-se inteiramente por seu conteúdo em caso de eventual impugnação por parte de terceiros.