A hora da estrela:
por uma leitura nordestina
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-4018514Resumo
Meu objetivo neste artigo é pensar A hora da estrela, de Clarice Lispector, a partir de duas instâncias éticas: uma da escrita e da literatura e outra do encontro incontornável com a alteridade, ambas à luz do que estou chamando de uma crítica nordestina. Na primeira, pretendo discorrer sobre as relações da obra com o contexto brasileiro dos anos 1970 e como Clarice Lispector responde a uma “demanda de engajamento”, problematizando e reinscrevendo a literatura e sua autonomia em face de um contexto por demais pregnante; na outra, objetivo demonstrar como a primeira se constitui sobre uma delimitação precisa, identitária, da alteridade de Macabéa e de sua nordestinidade.
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