Catatau, imagem e trânsito

Autores

  • Cid Ottoni Bylaardt Universidade Federal do Ceará
  • Saulo de Araújo Lemos Universidade Estadual do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.1590/2316-4018486

Resumo

Em Catatau, Paulo Leminski desenha uma hipotética estadia de René Descartes no Brasil durante o domínio de Maurício de Nassau. Publicado em 1975, o romance apresenta um fluxo textual contínuo, imprevisível e heterogêneo. Descartes, nessa obra, percorre a linguagem rumo ao mundo e rumo a si mesma: poesia. Este trabalho conversa sobre dois destinos possíveis e inalcançados da viagem de Leminski: o Brasil-colônia da era dos descobrimentos, o Brasil contemporâneo ao autor. Tratando de trajetos que só se afirmam como possibilidade, este percurso crítico traz os conceitos de imagem, solidão da obra e fala errante, propostos por Maurice Blanchot em O espaço literário, e defende que os brasis produzidos a partir da tessitura literária do Catatau sejam imagens distanciadas umas das outras, bem como dos tempos e espaços que, segundo o senso comum, as teriam gerado; são uma espécie geminada de signos opacos que se dirigem àqueles dois brasis e deles também se afastam, transformando-os em algo não Brasil: linguagem, inquietação. 

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Publicado

05/27/2016

Como Citar

Bylaardt, C. O., & Lemos, S. de A. (2016). Catatau, imagem e trânsito. Estudos De Literatura Brasileira Contemporânea, (48), 101–122. https://doi.org/10.1590/2316-4018486

Edição

Seção

Seção Temática