Representações da criança na literatura de autoria indígena
DOI:
https://doi.org/10.1590/2316-4018462Resumo
A literatura indígena brasileira, que adquire notoriedade a partir dos anos 1990 no bojo de um movimento mais amplo de valorização das diferenças, configura-se como espaço de produção de narrativas híbridas, multimodais e interculturais. As obras escritas por autores de diferentes etnias são um registro privilegiado do contato entre povos, nelas se inscrevem marcas identitárias e se procede, por vezes, a uma contestação de visões monolíticas e representações estereotipadas sobre os índios. Neste texto, o objetivo é analisar representações da criança em sete obras escritas pelos autores indígenas Daniel Munduruku, Olívio Jekupé, Yaguerê Yamã e Wasiry Guará. A análise mostra a recorrência de três estratégias representacionais: a afirmação do pertencimento étnico das personagens; o posicionamento da criança como sujeito ativo e a afirmação da memória e do lugar social dos anciãos no aprendizado das crianças.
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