Uma Leitura ecossistêmica do conto Maria, da autora Conceição Evaristo
Resumo
Este artigo analisa o conto Maria, de Conceição Evaristo, sob as práxis da Análise do Discurso Ecossistêmica, para observar como o discurso de preconceito racial impeli os sujeitos a praticarem violências contra a população negra, além de determinar a forma como a população afro-brasileira interagi socialmente. Este conto narra a história da personagem Maria, mulher negra, que vive em uma favela, trabalha como emprega doméstica na casa de uma família de alto poder aquisitivo. Na volta para casa, depois de mais um dia de trabalho, entra em um ônibus que é assaltado pelo seu ex-companheiro, pai de seu primeiro filho e seu grande amor, e morre, vítima de linchamento, em decorrência de um engano. Utilizamos como base a corrente teórica Análise do Discurso Ecossistêmica, postulada por Couto (2014), que abarca os conceitos de valorização da vida e a luta contra o sofrimento evitável, defendendo a ideologia da vida. Assim, percebeu-se que essa narrativa evidencia a discriminação e o preconceito contra as pessoas negras e de classe econômica desfavorecida, além de colocar em foco, por meio de interações desarmônicas, o desprezo e a exclusão sofridos pelas pessoas negras e do sexo feminino.
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