A família natural da Nova Era
afetos, culturas e naturezas
DOI :
https://doi.org/10.26512/anuarioantropologico.v41i2.2016/6351Mots-clés :
família, estudos de parentesco, natureza, Nova Era, contracultura, Alto ParaísoRésumé
Em diálogo com os estudos de parentesco na antropologia, este artigo discute uma noção contracultural de família a partir de relações afetivas desenvolvidas entre pessoas de diferentes nacionalidades radicadas no interior do Brasil. Eles e elas, antigos moradores de “comunidades alternativas” e também jovens buscadores de uma Nova Era, entendem que uma família natural é reunida pela continuidade das relações recíprocas de amizade e livre obrigação convertidas em relações horizontais de fraternidade. Estabelecem, assim, uma distância em relação à s chamadas famílias biológicas, determinadas pelo nascimento, e ao modelo de sociedade patriarcal, estruturado verticalmente. Não há uma substituição de modelos; as famílias biológicas são incorporadas à família natural quando preenchem os requisitos de horizontalidade e continuidade das relações de reciprocidade. Desde uma visão holista sobre a natureza, são construídos “signos de proximidade” que enfatizam essa experiência contracultural de família. Trata-se de um questionamento a respeito da natureza das relações de parenteco e da predominância das explicações biogenéticas no “Ocidente”, revelando uma natureza alternativa que confere forma e conteúdo aos laços familiares. Os dados analisados são resultantes de trabalho de campo conduzido no município de Alto Paraíso de Goiás, entre 2010 e 2012, para elaboração da tese de doutorado do autor.
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