Restos de passados, fragmentos de histórias: memória, temporalidade e cidade nas fotografias de Ricardo Rangel (1950-1975)

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.4000/aa.11104

Palabras clave:

fotografia, memoria, imaginação historica, ricardo rangel, colonialismo

Resumen

Este ensaio articula três eixos: fotografia, antropologia e história. Tomo como material de análise um conjunto de imagens do fotógrafo moçambicano Ricardo Rangel do período tardo-colonial no país (1950-1975). O objetivo é abordar essas fotografias enquanto uma série que articula memórias e questiona narrativas oficializadas dos períodos colonial e pós-independência. Argumento que a fotografia revela um emaranhado de temporalidades, restos de passados e fragmentos de histórias plurais que se coadunam no presente, tensionando-o. Com essa reflexão, problematizo o olhar fotográfico de Ricardo Rangel a respeito da cidade de Lourenço Marques/Maputo, refletindo sobre sua prática fotográfica, mas também sobre suas condições e contextos de atuação. A partir das imagens, o texto reflete a produção da cidade, abordando narrativas e memórias do tempo colonial e sua atualização no presente.

Descargas

Los datos de descargas todavía no están disponibles.

Biografía del autor/a

Bruna Triana, Universidade Federal de Goiás

Professora da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (Goiânia, Goiás, Brasil). Pesquisadora Associada do PERIFÉRICAS (UFBA) e do GRAVI (USP).

Citas

Allina, Eric. 1997. “‘Fallacious Mirrors’: Colonial Anxiety and Images of African Labor in Mozambique, ca. 1929”. History in Africa 24: 9–52. https://doi.org/10.2307/3172017

Baia, Alexandre H. M. 2009. “Os conteúdos da urbanização em Moçambique: considerações a partir da expansão da cidade de Nampula”. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

Barros, Manoel de. 2001. Livro sobre nada. Rio de Janeiro: Record.

Barthes, Roland. 2015. A câmara clara. Rio de Janeiro: Nova Fronteira.

Benjamin, Walter. 1994. Obras escolhidas I. São Paulo: Brasiliense.

Bhabha, Homi. 2005. O local da cultura. Belo Horizonte: Editora da UFMG.

Bragança, Aquino, e Jacques Depelchin. 1986. “Da idealização da Frelimo à compreensão da história de Moçambique”. Estudos Moçambicanos 5, nº 6: 29–52.

Borges Coelho, João Paulo. 2015. “Abrir a fábula: questões da política do passado em Moçambique”. Revista Crítica de Ciências Sociais 106: 153–66. https://doi.org/10.4000/ rccs.5926

Borges Coelho, João Paulo. 2007. Memória das Guerras Moçambicanas. Conferência, Coimbra: Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia.

Cabral, José. 1998. A guerra da água. Maputo: Ébano Multimédia.

Caiuby Novaes, Sylvia. 2014. “O silêncio eloquente das imagens fotográficas e sua importância na etnografia”. Cadernos de Arte e Antropologia 3, nº 2: 57–67. https://doi.org/10.4000/ cadernosaa.245

Castelo, Claudia, Omar Thomaz, Sebastião Nascimento, e Teresa Cruz e Silva, orgs. 2012. “Introdução”. In Os outros da colonização: Ensaios sobre o colonialismo tardio em Moçambique, 19–24. Lisboa: ICS.

Castelo, Claudia. 2013. “O luso-tropicalismo e o colonialismo português tardio”. Buala. https://bit.ly/2CcP6k0

Centro de Estudos Africanos – CEA. 1983. Boletim Não Vamos Esquecer, nº 2/3, CEA/UEM.

Centro de Estudos Africanos – CEA. 1998. O Mineiro Moçambicano. Maputo: CEA/UEM.

Certeau, Michel de. 1998. A invenção do cotidiano: Artes de fazer. Petrópolis: Vozes.

Colaço, João. 2001. “Trabalho como política em Moçambique: Do período colonial ao regime socialista”. In Moçambique: Ensaios, organizado por Peter Fry, 90–110. Rio de Janeiro: Editora UFRJ.

Correa, Sílvio M. 2019. “Heterotopia e vilegiatura em Lourenço Marques (1890-1930)”. Revista de História 178: a04118. http://dx.doi.org/10.11606/issn.2316-9141.rh.2019.144194

Couto, Mia. 2003. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. São Paulo: Cia das Letras.

Craveirinha, José. 1994. “Carta para o Ricardo sobre as suas fotografias”. In Ricardo Rangel – Fotógrafo, de Ricardo Rangel, 5-9. Montreuil: Éditions de l’Oeil.

Cruz e Silva, Teresa. 2015. “Memória, história e narrativa”. Revista Crítica de Ciências Sociais 106: 133–52. https://doi.org/10.4000/rccs.5916

Domingo, Nuno, e Elsa Peralta, orgs. 2013. Cidade e Império: Dinâmicas coloniais e reconfigurações pós-coloniais. Lisboa: Edições 70.

Didi-Huberman, George. 2017a. Diante do tempo. Belo Horizonte: UFMG.

Didi-Huberman, George. 2017b. Quando as imagens tomam posição. Belo Horizonte: UFMG.

Fauvet, Paul, e Marcelo Mosse. 2004. É proibido pôr algemas nas palavras: Uma biografia de Carlos Cardoso. Lisboa: Editorial Caminho.

Graça, Machado. 1996. “Liberdade de informação”. In 140 anos de imprensa em Moçambique, coordenado por Fátima Ribeiro e António Sopa, 177–90. Porto: Afrontamento.

Hayes, Patricia. 2014. “Pão Nosso de cada noite: As mulheres e a cidade nas fotografias de Ricardo Rangel de Lourenço Marques, Moçambique (1950-60)”. In Ricardo Rangel: insubmisso e generoso, organizado por Luís Bernardo Honwana, 63–84. Maputo: Marimbique.

Honwana, Luís Bernardo, org. 2014. Ricardo Rangel: insubmisso e generoso. Maputo: Marimbique.

Honwana, Luís Bernardo. 2017. A velha casa de madeira e zinco. Maputo: Alcance.

Instituto Nacional de Estatística – INE. 2007. Recenseamento Geral da População e Habitação – Indicadores Sócio-Demográficos (Maputo Cidade). Maputo: INE; Gabinete Central do Recenseamento.

Khatib, Sami. 2017. “Where the Past Was, There History Shall Be”. Anthropology & Materialism, Special Issue I: 1–22. https://doi.org/10.4000/am.789

Kilomba, Grada. 2019. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogó.

Macagno, Lorenzo. 1996. “Os Paradoxos do Assimilacionismo: ‘Usos e Costumes’ do colonialismo português em Moçambique”. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Macagno, Lorenzo. 2020. “Modern Intimacies and Modernista Landscapes: Chinese Photographs in Late- Colonial Moçambique”. Lusotopie XIX, nº 2: 181–212. http://journals.openedition.org/lusotopie/5642

Machava, Benedito. 2018. “The Morality of Revolution: Urban Cleanup Campaigns, Reeducation Camps, and Citizenship in Socialist Mozambique (1974-1988)”. Tese de Doutorado. Universidade de Michigan.

Maloa, Joaquim. 2016. “A urbanização moçambicana: Uma proposta de interpretação”. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

Mamdani, Mahmood. 1996. Citizen and Subject. Princeton: Princeton University Press. DOI : 10.23943/9781400889716

Meneses, Maria Paula. 2015. “Memórias de violências: Que futuro para o passado?”. Revista Crítica de Ciências Sociais 106: 3–8. https://doi.org/10.4000/rccs.5867

Meneses, Maria Paula. 2010. “O ‘indígena’ africano e o colono ‘europeu’: a construção da diferença por processos legais”. E-cadernos CES 7: 1–18. https://doi.org/10.4000/eces.403

Mota Lopes, José. 2014. “Ricardo Rangel no texto dos seus contemporâneos”. In Ricardo Rangel: insubmisso e generoso, organizado por Luís Bernardo Honwana, 23–40. Maputo: Marimbique.

Nascimento, Sebastião, e Omar Thomaz. 2012. “Nem Rodésia, nem Congo: Moçambique e os dias do fim das comunidades de origem europeia e asiática”. In Os outros da colonização: ensaios sobre o colonialismo tardio em Moçambique, organizado por Claudia Castelo, Omar R. Thomaz, Sebastião Nascimento e Teresa Cruz e Silva, 315–40. Lisboa: ICS.

Newbury, Darren. 2009. Defiant images: photography and apartheid South Africa. Pretoria: Unisa Press.

Penvenne, Jeanne. 2012. “Fotografando Lourenço Marques: A cidade e seus habitantes de 1960 a 1975”. In Os outros da colonização: Ensaios sobre o colonialismo tardio em Moçambique, organizado por Claudia Castelo, Omar R. Thomaz, Sebastião Nascimento e Teresa Cruz e Silva, 173–92. Lisboa: ICS.

Rangel, Ricardo. 2004a. Pão Nosso de Cada Noite. Maputo: Marimbique.

Rangel, Ricardo. 2004b. Ricardo Rangel: fotógrafo. Montreuil: Éditions de l’Oeil.

Rangel, Ricardo. 1994. Ricardo Rangel – Fotógrafo de Moçambique. Paris: CCFM; Editions Finally.

Ranger, Terrence. 2004. “Nationalist Historiography, Patriotic History and the History of the Nation”. Journal of Southern African Studies 30, nº 2: 215–34. http://www.jstor.org/stable/ 4133833

Ribeiro, Fátima, e Antonio Sopa, coords. 1996. 140 anos de imprensa em Moçambique. Porto: Afrontamento.

Ribeiro, Gabriel. 2012. “‘É Pena Seres Mulato!’: Ensaio sobre relações raciais”. Cadernos de Estudos Africanos 23: 21–51. https://doi.org/10.4000/cea.583

Rouille, André. 2009. A fotografia. São Paulo: Senac.

Saúte, Nelson. 2014. “Ricardo Rangel: nome tutelar e inspirador do fotojornalismo em Moçambique”. In Ricardo Rangel: Insubmisso e generoso, organizado por Luís Bernardo Honwana, 41–50. Maputo: Marimbique.

Silva, Raul Calane. 2002. “Homenagem a Ricardo Rangel”. In Iluminando Vidas: Ricardo Rangel e a Fotografia Moçambicana, organizado por Bruno Z’Graggen e Grant L. Neuenburg, 30–5. Maputo: Christoph Merian Verlag.

Sopa, Antonio. 2002. “O Fotojornalismo em Moçambique”. In Iluminando Vidas: Ricardo Rangel e a Fotografia Moçambicana, organizado por Bruno Z’Graggen e Grant L. Neuenburg, 24–9. Maputo: Christoph Merian Verlag.

Sopa, Antonio. 2001. “Flashs sobre a actividade dos estúdios fotográficos em Lourenço Marques”. In Retratos de uma vida, de Sebastião Langa. Maputo: AHM.

Tadeu, Marina, e Teresa Lima. 2009. “Os olhos abertos de Ricardo Rangel”. BBC para África. Londres. https://bbc.in/2pqaxeF

Teixeira, José. 2012. “A lente pertinente: Ricardo Rangel no ‘Pão nosso de cada noite’”. Anais do Colóquio sobre a Obra de Rangel. Maputo: Centro Cultural Brasil-Moçambique.

Thomaz, Omar. 2006. “‘Raça’, nação e status: histórias de guerra e ‘relações raciais’ em Moçambique”. REVISTA USP 68: 252–68. https://doi.org/10.11606/issn.2316-9036. v0i68p252-268

Thomaz, Omar. 2009. “Moçambique: Identidade, colonialismo e libertação”. Via Atlântica 1, nº 16: 267–73. https://doi.org/10.11606/va.v0i16.50481

Thomaz, Omar. 2018. “O tempo e o medo: a longa duração da guerra em Moçambique”. Outros Tempos 15, nº 2: 88–97. https://doi.org/10.18817/ot.v15i26.656

Thomaz, Omar. 2002. “Contextos Cosmopolitas: missões católicas, burocracia colonial e a formação de Moçambique”. Estudos Moçambicanos 19: 27–59.

Thompson, Drew. 2013. “Aim, focus, shoot: photographic narratives of war, independence, and imagination in Mozambique, 1950 to 1993”. Tese de doutorado. Universidade de Minnesota.

Triana, Bruna. 2020. “Ensaios em preto e branco: arquivo, memória e cidade nas fotografias de Ricardo Rangel”. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

Triana, Bruna. 2022. “Desafios metodológicos para uma etnografia de arquivos: escavando arquivos pós-coloniais em Moçambique”. Revista Antropolítica 54, nº 2: 385–410. https://doi.org/10.22409/antropolitica2022.i2.a49342

Triana, Bruna. 2023. “Rastros, ruínas e decadência: contribuições para uma antropologia dos arquivos”. Revista de Antropologia 65, nº 2: e197956. https://doi.org/10.11606/1678-9857.ra.2022.197956

Vicente, Filipa, org. 2014. O Império da Visão: Fotografia no contexto colonial português (1860-1960). Lisboa: Edições 70.

Ferro em brasa. Diretor: Licínio de Azevedo. Moçambique, 2006.

Maputo – Etnografia de uma cidade dividida. Diretores: João Graça e Fábio Ribeiro. Moçambique, 2015.

Nostalgia de la luz. Diretor: Patrício Guzmán. Chile, 2010.

Publicado

2023-08-28

Cómo citar

Triana, Bruna. 2023. «Restos De Passados, Fragmentos De histórias: Memória, Temporalidade E Cidade Nas Fotografias De Ricardo Rangel (1950-1975)». Anuário Antropológico 48 (2):144-68. https://doi.org/10.4000/aa.11104.