Fé na ciência? Como as famílias de micro viram a ciência do vírus Zika acontecer em suas crianças no Recife/PE
DOI:
https://doi.org/10.4000/aa.9448Palabras clave:
Epidemia do vírus Zika, Recife, Antropologia da ciênciaResumen
O vírus Zika (VZ) se instalou no Brasil como uma nova epidemia entre os anos de 2015 e 2016. Sua principal consequência foi reprodutiva, com o nascimento de mais de 4.000 crianças com o que se convencionou chamar de Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCVZ), que reúne um conjunto complexo de muitas deficiências e exige vários tipos de cuidado especializado. Até o momento, na literatura antropológica, muito foi dito sobre essas deficiências, sobre o cotidiano de cuidados e de direitos dessas crianças e suas famílias, mas nem tanto foi documentado sobre a relação que elas mantiveram com a ciência que por muito tempo tentou compreender esse novo vírus, essa nova síndrome. O artigo apresenta razões para essas pessoas terem aceitado os convites vindos da ciência e também terem tecido reflexões mais críticas sobre esse intenso convívio com a mesma. Com base em pesquisa coletiva e etnográfica, realizada ao longo de quatro anos no Recife/PE, epicentro da epidemia do VZ, o artigo pretende contribuir com uma Antropologia da ciência menos “interna ao laboratório”, já que os sujeitos de pesquisa envolvidos na produção de conhecimento sobre o VZ e a SCVZ também ajudaram a avaliar e – mais importante – a construir essa ciência.
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