Dos eventos documentados aos documentos manejados
A política de saúde mental brasileira em disputa
DOI:
https://doi.org/10.4000/aa.3282Palavras-chave:
saúde mental, política, reforma psiquiátrica, documentosResumo
Em dezembro de 2015, a nomeação de Valencius Wurch, para o cargo de Coordenador Geral de Saúde Mental, Álcool e outras drogas, reacendeu os debates acerca da atenção em saúde mental no Brasil, fazendo com que a reforma psiquiátrica voltasse à arena das discussões políticas amplamente divulgadas. A nomeação do gestor gerou notas de repúdio, notas de apoio e mobilizações pelo país e nas redes sociais. Estas ações foram documentadas e alcançaram as páginas dos jornais da grande imprensa, demonstrando a existência de uma disputa em torno da política de saúde mental. Nesse artigo, serão apresentadas as ações contrárias e a favor de Valencius, mostrando como elas se fundamentam em acusações que delimitam fronteiras. A análise das ações e acusações permite propor que a disputa em torno da política de saúde mental se organiza a partir de um interessante movimento de documentar eventos e manejar documentos, atualizando embates mais antigos do processo brasileiro de reforma psiquiátrica. Assim, o objetivo principal deste artigo é, à luz das considerações antropológicas sobre documentos, refletir sobre a dimensão documental dessa disputa.
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