“Homens como outros quaisquer”

Construção das masculinidades entre homens em situação de conjugalidade homossexual no Brasil e na Argentina

Autores

  • Moisés Lopes

Palavras-chave:

masculinidades, homossexualidades, intersecionalidades, marcadores de diferença, homoconjugalidades

Resumo

Este artigo visa desenvolver uma discussão a respeito da construção das masculinidades entre homens homossexuais que viviam relações estáveis de conjugalidade com outros homens. Nesta pesquisa inspirome em uma perspectiva que busca trazer à tona elementos intersecionais de análise, tais como gênero, cor/raça/ etnia/nacionalidade, classe/camada social, religião, grupo etário/geracional. Apesar da impossibilidade de analisar estes elementos de forma dissociada, pois, como apontou Brah (2006), a interseção deve ser pensada de maneira articulada e contextual, já que é nela que se produzem determinadas relações interpessoais, formas particulares de opressão e privilégio, formas contextuais de ser e estar no mundo, produz-se, com isso, uma identidade, um sujeito específico e uma subjetividade particular. Neste artigo tomarei como foco de análise a construção das masculinidades entre homens brancos de camadas médias da população em situação de conjugalidade homossexual, no Brasil e na Argentina, a partir de dados de campo levantados entre 2006 e 2008 para a elaboração de minha tese de doutorado em Antropologia Social.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BAZÁN, O. 2006. Historia de la homosexualidad en la Argentina. De la conquista de América al siglo XXI. Buenos Aires: Marea.
BELLUCCI, M. & RAPISARDI, F. 1999. “Alrededor de la identidad. Las luchas políticas del presente”. Nueva Sociedad, n. 162. Disponível em: http://www.nuso.org/upload/articulos/2780_1.pdf. Acessado em 16/01/2009.
BRAH, A. 2006. “Diferença, diversidade, diferenciação”. Cadernos Pagu, Campinas, Unicamp, n. 26:329-376.
BUTLER, J. 2003a. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.
__________. 2003b. “O parentesco é sempre tido como heterossexual?”. Cadernos Pagu, Campinas, Unicamp, n. 21:219-260.
CARDOSO DE OLIVEIRA, L. R. 2009. “Concepções de igualdade e (des)igualdade no Brasil. Uma proposta de pesquisa”. Série Antropologia, n. 425, Brasília.
FRY, P. 1982. Para inglês ver: identidade e cultura na política brasileira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.
GEERTZ, C. 1989. “Um jogo absorvente: notas sobre a briga de galos balinesa”. In: A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC. pp. 278-321.
GUIMARÃES, C. 2004. O homossexual visto por entendidos. Rio de Janeiro: Garamond.
HALBERSTAM, J. 2008. Masculinidad femenina. Madrid: Egales editorial.
HENNEN, P. 2005. “Bear bodies, bear masculinity. Recuperation, resistance, or retreat?”. Gender & Society, v. 19, n. 1:25-43, February. Disponível em: http://gas.sagepub.com/cgi/ content/abstract/19/1/25. Acessado em 30/09/2008.
LACOMBE, A. 2007. “De entendidas e sapatonas. Socializações lésbicas e masculinidades em um bar do Rio de Janeiro”. Cadernos Pagu, Campinas, Unicamp, n. 28:207-225.
LOPES, M. 2009. “‘Casar e dar-se ao respeito’. Conjugalidade entre homossexuais masculinos em Cuiabá”. In: M.L. Heilborn et al. (orgs.). Sexualidade, Saúde e Reprodução. Rio de Janeiro: FGV. pp. 489-508.
__________. 2010. “Homens como outros quaisquer”. Subjetividade e homoconjugalidade masculina no Brasil e na Argentina. Tese de doutorado, Universidade de Brasília ”“ UnB, Brasília.
MALUF, S.W. 2002. “Corporalidade e desejo. Tudo sobre minha mãe e o gênero na margem”. Estudos Feministas, Florianópolis, 10(1):143-153.
NUNAN, A. 2003. Homossexualidade: do preconceito aos padrões de consumo. Rio de Janeiro: Caravansarai.
PAIVA, A.C.S. 2007a. Reservados e invisíveis. O ethos íntimo das parcerias homoeróticas. Fortaleza: PPGS/UFC; Campinas: Pontes.
__________. 2007b. “Reserva e invisibilidade. A construção da homoconjugalidade numa perspectiva micropolítica”. In: M.P. Grossi; A.P. Uziel & L. Mello (orgs.). Conjugalidades, parentalidades e identidades lésbicas, gays e travestis. Rio de Janeiro: Garamound. pp. 23-46.
PECHENY, M. 2001. De la “no-discriminación” al “reconocimiento social”. Un análisis de la evolución de las demandas políticas de las minorías sexuales en América Latina. Texto apresentado no XXIII Congreso de la Latin American Studies Association, Washington D.C., setembro.
PEIRANO, M. (org. e intro.). 2000. “Análises de Rituais”. Série Antropologia, Brasília, n. 283.
RAPISARDI, F. & MODARELLI, A. 2001. Los gays porteños en la última dictadura. Buenos Aires: Sudamericana.
SALESSI, J. 1995. Médicos, maleantes y maricas. Higiene, criminología y homosexualidad en la construcción de la nacíon Argentina. Buenos Aires: Beatriz Viterbo Editora.
SEDGWICK, E.K. 2007. “A epistemologia do armário”. Cadernos Pagu, Campinas, Unicamp, n. 28:19-54.
SÍVORI, H. F. 2005. Locas, chongos y gays. Buenos Aires: Antropofagia.
TARNOVSKI, F.L. 2004. “‘Pai é tudo igual?’. Significados da paternidade para homens que se autodefinem como homossexuais”. In: A. Piscitelli; M.F. Gregori & S. Carrara. Sexualidade e saberes: Convenções e Fronteiras. Rio de Janeiro: Garamond. pp. 385-414.
VALE DE ALMEIDA, M. 2007. “O casamento entre pessoas do mesmo sexo. Sobre ‘gentes remotas e estranhas’ numa ‘sociedade decente’”. In: M.P. Grossi; A.P. Uziel & L. Mello (orgs.). Conjugalidades, parentalidades e identidades lésbicas, gays e travestis. Rio de Janeiro: Garamound. pp. 153-168.

Downloads

Publicado

2018-02-22

Como Citar

Lopes, Moisés. 2018. “‘Homens Como Outros quaisquer’: Construção Das Masculinidades Entre Homens Em situação De Conjugalidade Homossexual No Brasil E Na Argentina”. Anuário Antropológico 36 (1):107-26. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/7007.