Antropologia e água

perspectivas plurais

Autores

  • Carla Teixeira
  • Maria Manuel Quintela

Palavras-chave:

antropologia, água

Resumo

A relação entre a água e os humanos é universal na vida social, sem água não há vida e a humanidade não sobrevive sem ela. Estas são premissas do senso comum e das ciências biológicas. A forma como esta relação é estabelecida e o sentido particular que lhe é atribuído em cada contexto geográfico, etnográfico e histórico são já objectos de atenção antropológica. Os estudos produzidos apresentam uma grande diversidade de perspectivas teóricas de acordo com o eixo de análise escolhido, as áreas disciplinares e com o momento social histórico e político vivido das transformações ocorridas na relação entre humanos e este elemento natural (Hipocrates, 1996). Com a disciplinarização da ciência e da química em particular, o líquido água transformou-se em H20, concepções que conviveram e convivem em simultâneo com noções “não científicas” da água e das águas, classificadas e hierarquizadas de acordo com critérios sensoriais (Strang, 2004, 2006), do domínio da experiência e do contacto com este elemento, denominado e percebido como líquido, substância, virtude, remédio, medicamento (Durand, 2003; Quintela, 2001, 2004; Marras, 2004), em todos os seus estados materializáveis (Martel, 1989). Convivem, também, com a atenção dada aos objectos que se produziram para este primeiro nível de contacto, como mediadores desta primeira relação íntima com o corpo, como banheiras, chuveiros e bidés nas suas diversas formas de uso e objectivos (Goubert, 1986; Corbin, 1986; Roche, 1997), bem como com as reflexões sobre a relação com os recursos do meio ambiente: água, rios, lagos, lagoas, mares, poças, montanhas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANDERSON, Susan & TABB, Bruce. 2002 Water, Leisure & Culture: European Historical Perspectives. Oxford: Berg.
BACHELARD, Gaston. 1942. L’eau et les rêves. Essai sur l’imagination de la matière. Paris: Librairie José Corti.
BASTOS, Cristiana. 2003. “Comentário: Antropologias saindo da água”. Etnográfica, 7(1): 3-12 .
____________. (coord.). 2003. “Usos Sociais da água”. Etnográfica, 7(1).
BASTOS, Cristiana; QUINTELA, Maria Manuel & PERESTRELO, António. 2006. “O Novo Aquilégio”. ICS-UL. Disponível em: www.aguas.ics.ul.pt. Acesso em: 03 /09/.012
CORBIN, Alain. 1986 [1982]. Le Miasme et la Junquille. Paris: Flammarion.
CRESSIER, Patrice (dir.). 2006. La maîtrise de l’eau en al-Andalus: Paysages, pratiques et techniques. Madrid: Casa de Velasquez.
DURAND, Jean-Yves. 1996. “O Hidrogeólogo, o Vedor de Água, o Etnógrafo e algumas das suas ‘Técnicas do Corpo’. In: Miguel Vale de Almeida (org.). Corpo Presente: Treze Reflexões Antropológicas sobre o Corpo. Oeiras: Celta Editora. pp. 87-103.
____________. 2003. “A Diluição do Consenso: A Água, de ‘Fonte de Vida’ a ‘Património Colectivo’. Etnográfica, 7 (1): 15-31.
ELIADE, Mircea, 1994 [1949]. “As Águas e o Simbolismo Aquático”. In: ___. Tratado das Religiões. Lisboa: ASA. pp. 243-275.
ELIAS, Norbert. 1976 [1969]. La Civilization des Moeurs. Paris: Calmann-Lévy.
FELDHAUSS, Anne. 1995. Water & Womanhood. Oxford: Oxford University Press.
FTAITA, Toufik. 2006. Anthropologie de l’irrigation les Oasis de Tiznit Maroc. Paris: L’Harmattan.
GOUBERT, Jean-Pierre. 1986. La conquête de l’eau. Paris: Robert-Lafond.
HIDIROGLOU, Patricia. 1994. L’Eau Divine et sa Symbolique. Paris: Editions Albin Michel.
HIPOCRATE. 1996. Airs, eaux, lieux, Paris: Editions Payots & Rivages.
KAPLAN, M. 2007. “Fijian Water in Fiji and New York: local politics and a global commodity”. Cultural Anthropology, 22 (4): 685-776.
____________. 2011. “Lonely drinking fountains and comforting coolers: paradoxes of water value and ironies of water use”. Cultural Anthropology, 26 (4): 514-41
MARRAS, Stelio. 2003. A propósito de Águas Virtuosas. Formação e ocorrências de uma estação balneária no Brasil. Poços de Caldas: Editora UFMG.
MARTEL, Claude. 1989. “L’eau dans tous ses états”. Terrain, 13: 110-116.
ORLOVE, Ben & CATON, Steven C. 2010. “Water sustainability: anthropological approaches and prospects”. Ann. Rev. of Anthropology, 39: 401-415.
QUINTELA, Maria Manuel. 2001. “Turismo e Reumatismo: Etnografia de uma Prática Terapêutica nas Termas de São Pedro do Sul”. Etnográfica, 5 (2): 359-374.
____________. 2004. “Práticas e Saberes Termais em Portugal e no Brasil”. História, Ciências, Saúde ”“ Manguinhos, v. 11, supl. 1, pp. 239-260.
ROCHE, Daniel. 1998. História das Coisas Banais: Nascimento do Consumo nas Sociedades Tradicionais, Sécs. XVII-XIX. Lisboa: Teorema.
SANT’ANA, Denise. 2007. Cidade das águas. Usos de rios, córregos, bicas e chafarizes em São Paulo (1822-1901). São Paulo: Senac.
SANTOS, Silvio Coelho. 2003. “A geração hídrica de Electricidade no sul do Brasil e seus impactos sociais”. Etnográfica, 7(1): 87-103.
SARAIVA, Clara. 2007. “Um museu debaixo de água: o caso da luz”. Etnográfica, 11(2): 441-470.
SCHAMA, Simon. 1996. Paisagem e Memória. São Paulo: Companhia das Letras.
SCHNEIER-MADANES, Graciela (dir.). 2010. La Mondialization de l’eau. La governance en question. Paris: La Découverte.
STERN , Henri. 2003. “Anupam Mishra, Traditions de l’eau dans le désert indien (Les gouttes de lumière du Rajasthan)”. L’Homme, 166, avril-juin.
STRANG, Veronica. 2004. The Meaning of Water. Oxford: Berg.
____________. 2006. “Fluidscapes: water, identity and the senses: introduction”. Worldviews: global religions, culture and ecology, 10(2):147-154.
VIGARELLO, Georges. 1988 [1985]. O Limpo e o Sujo: A Higiene do Corpo desde a Idade Média. Lisboa: Editorial Fragmentos.
WATEAU, Fabienne. 2000. Conflitos e Água de Rega: Ensaio sobre a Organização Social no Vale de Melgaço. Lisboa: Dom Quixote.
____________. 2002. “Object et ordre social. D’une canne de roseau à mesurer l’eau aux príncipes de fontionnement d’une communauté rurale portuguaise”. Terrain, 37: 153-161.
____________. 2010. “Contester un barrage. Anthropologie d’un processus de gestion social à Alqueva (Portugal). In: Graciela Schneier-Madanes (dir.). La Mondialization de l’eau. La governance en question. Paris: La Découverte.
WATEAU, Fabienne & CRESSIER, Patrice (orgs.). 2006. Le partage de l’eau (Espagne, Portugal, Maroc). 2. ed. Mélanges de la Casa de Velasquez, v. 36. Madri: Casa de Velazquez.

Downloads

Publicado

2018-02-21

Como Citar

Teixeira, Carla, e Maria Manuel Quintela. 2018. “Antropologia E água: Perspectivas Plurais”. Anuário Antropológico 36 (2):9-22. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6949.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.