Mulher cuidadora, homem arredio

diferenças de gênero na promoção da saúde masculina

Autores

  • Fabíola Rohden

Palavras-chave:

Saúde masculina, relações de gênero, sexualidade, tecnologias de intervenção

Resumo

O objetivo deste artigo é analisar como determinados marcadores de gênero são articulados nos investimentos em torno da medicalização da saúde e da sexualidade do homem, através de uma investigação sobre a Caravana pela Saúde Masculina. Trata-se de uma campanha em prol da saúde promovida pela Sociedade Brasileira de Urologia, com apoio financeiro da Indústria Farmacêutica Eli Lilly, que percorreu 22 cidades brasileiras no ano de 2010. A perspectiva analítica adotada está centrada na ideia de que uma campanha de promoção da saúde pode ser entendida como uma tecnologia de intervenção que articula diferentes fatores e se constitui por meio do engajamento de distintos agentes com posições e interesses particulares. Analisar um evento deste tipo supõe, portanto, que sejam investigados os processos, os interesses, os recursos e os agentes em cena e de que forma são mobilizados. No caso da Caravana pela Saúde Masculina, tão ou mais importante que os meios ou os recursos materiais empregados, foram os conceitos ou as ideias-chave acionados na divulgação e na realização da campanha que privilegiavam a reafirmação de determinadas características associadas a gênero e sexualidade.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BUTLER, Judith. 1995. “Melancholy gender/refused identification”. In: M. Berger, B. Wallis, & S. Watson (orgs.). Constructing masculinity. London: Routledge. pp. 21-37.
CALLON, Michel & LAW, John. 1982. “On interests and their transformation: enrollment and counter-enrollment”. Social Studies of Science, 12:615-625.
CALLON, Michel.1985. “Some elements of a Sociology of Translation: domestication of the scallops and the fishermen of St. Brieuc Bay”. In: J. Law (ed.). Power, action and belief: Sociological Review Monograph, n. 32. London: Routledge & Kegan Paul. pp.196-230.
CARRARA, Sérgio, RUSSO, Jane & FARO, Livi. 2009. “A política de atenção à saúde do homem no Brasil: os paradoxos da medicalização do corpo masculino”. Physis. Revista de Saúde Coletiva, 19 (3):659-678.
COUTO, Marcia T., PINHEIRO, Thiago & VALENÇA, Otávio. 2010. “O homem na atenção primária à saúde: discutindo (in)visibilidade a partir da perspectiva de gênero”. Interface. Comunicação, Saúde e Educação, 14:257-270.
GOMES Romeu. 2008. Sexualidade masculina, gênero e saúde. Rio de Janeiro: Fiocruz.
____ (org.). 2011. Saúde do Homem em debate. Rio de Janeiro: Fiocruz.
GRACE, Victoria, POTTS, Annie, GAVEY, Nicola & VARES, Tina. 2006. “The discursive condition of Viagra”. Sexualities, 9 (3):295-314.
LATOUR, Bruno. 1988. Science in action. Cambridge: Harvard University Press.
____. 1990. “Drawing things together”. In: Michael Lynch & Steve Woolgar (orgs.). Representation in Scientific Practice. Cambridge: MIT Press. pp.19-68.
____. 2005. Reassembling the social: an introduction to actor-network theory. New York: Oxford University Press.
LAW, John. 1987. “Techonology, closure and heterogeneous engineering: the case of the Portuguese expansion”. In: W. Bijker, T. Pinch & T.P. Hugues (eds.). The social construction of technological systems. Cambridge: MIT Press. pp.111-134.
LEXCHIN, Joe. 2006. “Bigger and better: how Pfizer redefined erectile dysfunction”. Plosmedicine, 3 (4):1-4.
LOE, Meika. 2001. “Fixing broken masculinity: Viagra as a technology for the production of gender and sexuality”. Sexuality and Culture, 5 (3):97-125.
____. 2004. The rise of Viagra: how the little bleu pill changed sex in America. New York: New York University Press.
MARSHALL, Barbara & KATZ, Stephen. 2002. “Forever functional: sexual fitness and the ageing male body”. Body and Society, 8 (43):43-70.
MARSHALL, Barbara. 2006. “The new virility: Viagra, male aging and sexual function”. Sexualities, 9 (3):345-362.
OUDSHOORN, Nelly. 2004. “Astronauts in the sperm world: the renegociation of masculine identities in discourses on male contraceptives”. Men and masculinity, 6:349-367.
____. 2003. The male pill: a biography of technology in the making. Durham: Duke University Press.
PANVEL. Ano 9, n. 5, 01 a 30/06/2010.
PINHEIRO Thiago, COUTO, Marcia & SILVA, Geórgia. 2011. “Questões de sexualidade masculina na atenção primária à saúde: gênero e medicalização”. Interface, 15:845-858.
RABINOW, Paul. 1992. “Artificiality and enlightenment: from sociobiology to biosociality”. In: J. Crary & S. Kinter (orgs.). Incorporations. New York: Zone. pp. 234-52.
ROHDEN, Fabíola. 2012. “Capturados pelo sexo: a medicalização da sexualidade masculina em dois momentos”. Ciência & Saúde Coletiva, 17(10):2645-2654.
ROHDEN, Fabíola. 2011. “’O homem é mesmo a sua testosterona’: promoção da andropausa e representações sobre sexualidade e envelhecimento no cenário brasileiro”. Horizontes Antropológicos, 17:161-196.
ROHDEN, Fabíola. 2009. “Diferenças de gênero e medicalização da sexualidade na criação do diagnóstico das disfunções sexuais”. Revista Estudos Feministas, 17(1):89-109.
ROHDEN, Fabíola & TORRES, Igor. 2006. “Le champ actuel de la sexologie au Brésil: considérations initiales”. Sexologies, 15(1):64-71.
SCHRAIBER Lilian, GOMES, Romeu & COUTO, Marcia. 2005. “Homens e saúde na pauta da Saúde Coletiva”. Ciência e Saúde Coletiva, 10 (1):7-34.
STAR, Susan Leigh & GRIESEMER, James R. 1989. “Institutional ecology, ‘translations’ and boundary objects: amateurs and professionals in Berkeley’s Museum of Vertebrate Zoology, 1907-39”. Social Studies of Science, 19 (3):387-420.
VARES, Tina. & BRAUN, Virginia. 2006. “Spreading the word, but what word is that? Viagra and male sexuality in popular culture”. Sexualities, 9 (3):315-332.
Sites consultados:
http://www.abeis.org.br. Acesso em: 23/03/2011.
http://www.bostonmedicalgroup.com.br. Acesso em: 19/08/2013.
http://www.movimentopelasaudemasculina.com.br/. Acesso em: 5/03/2011.

Downloads

Publicado

2018-02-16

Como Citar

Rohden, Fabíola. 2018. “Mulher Cuidadora, Homem Arredio: Diferenças De Gênero Na promoção Da Saúde Masculina”. Anuário Antropológico 39 (1):125-50. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6844.

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.