A etnologia indígena de Julio Cezar Melatti
Palavras-chave:
Antropologia, HomenagemResumo
Quando decidi trabalhar com os Karajá da ilha do Bananal estava dividido entre a novidade de fazer uma pesquisa de campo etnográfica pela primeira vez, ou seja, passar por aquilo que alguns chamam de rito de iniciação da profissão, e as ponderações de etnólogos que pintavam uma situação de contato interétnico difícil entre o grupo, alertando que a etnografia seria contaminada pela aura desanimadora daqueles que fizeram uma experiência etnográfica com os Karajá. Diziam que os Karajá expulsavam os antropólogos, ou ainda, que os que começavam as etnografias não conseguiam terminá- las, devido ao caos provocado pela bebida alcoólica no grupo. O receio aumentou quando percebi que no levantamento etnológico do Centro-Oeste, de modo especial o que foi realizado pelo Harvard Central Brazil Research Project (Maybury Lewis, 1979), os Karajá não haviam sido contemplados. E assim, entre a animação do noviço em Antropologia e um certo receio em relação à situação do grupo, ficava uma desesperança no ar. Foi então que se fez presente a sensatez e a serenidade do professor Julio Cezar Melatti, que sabiamente me mostrou algumas etnografias de sucesso sobre o grupo e ainda sentenciou: “Em último caso, você ouve os índios do lado da cidade...” Ou seja, as dificuldades do campo não seriam maiores que a contribuição que a etnografia poderia dar ao estudar pela primeira vez, e de maneira global, o rito de iniciação dos meninos Karajá ou o rito da Casa Grande.
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Referências
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