Ordem pública e pública desordem

modelos processuais de controle Social em uma perspectiva comparada (inquérito e jury system)

Autores

  • Roberto Kant de Lima

Palavras-chave:

Antropologia

Resumo

Neste trabalho pretendo elucidar algumas das relações entre o processo de produção da verdade no mundo jurídico e as formas de solução de conflitos que nossa vida em público nos impõe. Desta maneira, pretendo relativizar, contrastando, categorias jurídicas e sociais, como ordem e desordem, obediência e desobediência, numa técnica já tradicional da antropologia social contemporânea (Leach, 1974; Dumont, 1970, 1977, 1985; Geertz, 1978, entre outros). Essas categorias devem ser, assim, remetidas a comportamentos que contêm significados específicos, diferentemente constituídos, de acordo com as tradições de produção da verdade pela resolução de conflitos a que estamos expostos em uma determinada sociedade. É evidente do que foi dito que a idéia de ordem e de violência, por exemplo, não será tratada aqui como um dado unívoco de uma suposta mesma realidade social, mas como categorias pertencentes a um sistema de classificação que precisa ser decodificado. Tal atitude relativizadora, entretanto, não se origina em uma ambição de neutralidade diante dos fatos sociais e políticos que desejo discutir; apenas implica uma postura metodológica que, embora voltada para a interpretação e para a crítica, quer compreender os fenômenos que se dispõe a pensar e, eventualmente, transformar.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BERMAN, Harold J. (org.). 1963. Aspectos do Direito Americano. Rio de Janeiro: Forense.
____________ 1983. Law and Revolution: The Formation of the Western Legal Tradition. Cambridge: Harvard University Press.
BOURDIEU, Pierre. 1974. A Economia das Trocas Simbólicas. São Paulo: Perspectiva.
CARRETEIRO, Rosane Oliveira. 1990. "Manutenção da Ordem Pública e Estratégias de Controle Social: O Ritual Canônico da Confissão” . In Religião e Sociedade: O Ritual da Confissão e a Tradição Inquisitorial no Brasil Republicano. (R. Kant de Lima, org.). Niterói: Cadernos do ICHF/UFF, N9 15. pp. 25-48.
CLASTRES, Pierre. 1978. A Sociedade Contra o Estado. Rio de Janeiro: Francisco Alves.
_____________ 1980. Arqueologia da Violência. São Paulo: Brasillense.
DA MATTA, Roberto. 1979. "Você Sabe Com Quem Está Falando?” In Carnavais, Malandros e Heróis. Rio de Janeiro: Zahar, pp. 139-193.
____________ 1987. A Casa e a Rua. Rio de Janeiro: Rocco.
DAWSON, John P. 1960. A History of Lay Judges. Cambridge: Harvad University Press.
DEVLIN, Sir Patrick. 1966. Trial by Jury, 3- impressão com Addendum. London: Stevens and Sons Limited.
DUMONT, Louis. 1970. Homo Hierarchicus. Chicago: University of Chicago Press.
____________ 1977. Homo Aequalis. Paris: Gallimard.
____________ 1985. O Individualismo. Uma Perspectiva Antropológica da Ideologia Moderna.
Rio de Janeiro: Rocco.
FLORY, Thomas H. 1981. Judge and Jury in Imperial Brazil, 1808-1871. Social Control and Political Stability in the New State. Austin: University of Texas Press.
FOUCAULT, Michel. 1977a. Vigiar e Punir. Petrópolis: Vozes.
____________ 1977b. A História da Sexualidade, Vol. I. Rio de Janeiro: Graal.
_____________ 1983. "Afterword". In Michel Foucault: Beyond Structuralism and Hermeneutics. (H. Dreygus e P. Rabinow, org.), 2? edição. Chicago: University of Chicago Press, pp. 208-252.
GEERTZ, Clifford. 1978. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar.
_____________ 1983. “ Local Knowledge: Fact and Law in Comparative Perspective” . In Local Knowledge. Further Essays in: Interpretative Anthropology. New York: Basic Books, pp. 167-234.
HUGHES, Graham. 1985. We Try Harder. The New York Review of Books. Março: 17-18.
JUNIOR, João Mendes de Almeida. 1920. O Processo Criminal Brasileiro, 3- edição. Rio de Janeiro: Typografia Baptista de Souza.
KANT DE LIMA, Roberto. 1983. “Por Uma Antropologia do Direito, no Brasil” . In Pesquisa Cientifica e Direito. (J. Falcão, org.). Recife: Massangana/CNPq/Instituto Joaquim Nabuco. pp. 89-116.
____________ 1985. A Antropologia da Academia: Quando os indios Somos Nós. Niterói: EDUFF.
____________ 1986. Legal Theory and Judicial Practice: Paradoxes of Police Work in Rio de Janeiro City. Ann Arbor University Microfilms.
____________ 1989. Cultura Jurídica e Práticas Policiais: a Tradição Inquisitorial. Revista Brasileira de Ciências Sociais 4 (10): 65-84.
____________ 1990. "Religião, Direito e Nação: o Ritual da Confissão e a Tradição Inquisitorial no Brasil Republicano". In Religião, Direito e Sociedade: O Ritual da Confissão e a Tradição Inquisitorial no Brasil Republicano. (R. Kant de Lima, org.). Niterói: Cadernos do ICHF/UFF, N® 15. pp. 4-24.
LEACH, Edmund. 1974. "Repensando a Antropologia” . In Repensando a Antropologia. São Paulo: Perspectiva, pp. 13-52.
MARQUES, José Frederico. 1963. A Instituição do Júri. Vol. I. São Paulo: Saraiva.
MERRYMAN, John Henry. 1969. The Civil Tradition. Stanford: Stanford University Press.
MOUZINHO, Glaucia Maria Pontes. 1990. "Saber Jurídico e Livre Convencimento: A Tradição Inquisitorial na República”. In Religião, Direito e Sociedade: O Ritual da Confissão e a Tradição Inquisitorial no Brasil Republicano. (R. Kant de Lima, org.). Niterói: Cadernos do ICHF/UFF, N»15. pp. 25-48.
MURPHY, Walter F. e PRITCHETT, H. C. 1979. Courts, Judges and Politics. An Introduction to the Judicial Process. Nova York: Random House, 3. edição.
PARRY, L. A. [1934] 1975. The History of Torture in England. Montclair, Nova Jersey: Patterson Smith, Montclair.
ROSEN, Lawrence. 1981. Equity and Discretion in a Modern Kslamic Legal System. Law and Society Review, 15(2): 217-245.
SIMON, Rita James. 1975. The Jury System in America. A Critical Overview. Londres: Sage Publications.
SOUTTO MAYOR, Andrea 1990. “O Júri Brasileiro e a Psicologia das Multidões: Algumas Anotações Sobre as Relações entre a Psicologia, o Direito e a Sociologia no Brasil”. In Religião, Direito e Sociedade: O Ritual da Confissão e a Tradição Inquisitorial no Brasil Republicano. (R. Kant de Lima, org.). Niterói: Cadernos do ICHF/UFF, Nç 15. pp. 60-70.
STEINBERG, Allen. 1984. From Private Porsecution to Plea Bargainning: Criminal Prosecution, the District Attorney, and American Legal History. Crime and Delinquency 30(4) 568- 592.
TOCQUEVILLE, Alex de. 1945. Democracy in America. Nova lorque: Vintage Books

Downloads

Publicado

2018-01-26

Como Citar

de Lima, Roberto Kant. 2018. “Ordem Pública E Pública Desordem: Modelos Processuais De Controle Social Em Uma Perspectiva Comparada (inquérito E Jury System)”. Anuário Antropológico 13 (1):21-44. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6408.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.