Perspectivas e tradições do fazer etnográfico

Autores

  • Raoni Borges Barbosa

DOI:

https://doi.org/10.26512/anuarioantropologico.v41i2.2016/6360

Palavras-chave:

etnografia, tradições antropológicas, escrita racionalista, escrita processualista, escrita reflexiva

Resumo

Este artigo discute o fazer etnográfico como atividade central da antropologia. Se, por um lado, a etnografia significa o método ou o procedimento consolidado e quase definidor da produção científica de conhecimentos antropológicos, por outro, há um conjunto de perspectivas e tradições do fazer etnográfico cujas especificidades se assentam em escolhas teórico-metodológicas relevantes para o desenvolvimento e a produção de evidências de uma pesquisa. A argumentação desenvolvida se apoia no entendimento de que a antropologia se constitui em um movimento de constante reencontro do saber acumulado. Neste encontro, o ethos do fazer antropológico é atualizado como ideologia que norteia os pesquisadores e que operacionaliza uma comunicação entre as mais distintas tradições teóricometodológicas da antropologia.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

BARTH, Frederik. 2000. O guru, o iniciador e outras variações antropológicas. Rio de Janeiro: Contra Capa.
BAUER, Martin W.; GASKELL, George & ALLUM, Nicholas C. 2005. “Qualidade, quantidade e interesses do conhecimento: evitando confusões”. In: Martin Bauer & George Gaskell. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Petrópolis: Vozes.
BHABHA, Homi. 1992. “The world and the home”. Social Text, 31/32:141-153.
______. 1994. The location of culture. London: Routledge.
BOURDIEU, Pierre. 2003. “Participant objectification”. Journal of Royal Anthropology Insti tute, 9(2):281-294.
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. 1988. “A presença do autor e a pós-modernidade na antropologia”. Novos Estudos CEBRAP, (21):133-157.
______. 1989. “Antropologia e poder: uma resenha de etnografias americanas recentes”. BIB ”“ Boletim Informativo e Bibliográfico de Ciências Sociais, (27):3-50.
CARVALHO, José Jorge de. 1999. O olhar etnográfico e a voz subalterna. Série Antropologia, (261):1-30.
CERTAU, Michel de. 1982. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária.
CLIFFORD, James & MARCUS, E. George (Orgs.). 1986. Writing Culture: the poetics and politics of ethnography. Berkeley: University of California Press.
COLOMBO, Enzo. 2005. “Descrever o social: a arte de escrever a pesquisa empírica”. In: Alberto Melucci (Org.). Por uma sociologia reflexiva: pesquisa qualitativa e cultura. Petrópolis: Vozes. pp. 265-288.
CRAPANZANO, Vincent. 1986. “Hermes’ dilemma: the masking of subversion in ethnographic description”. In: James Clifford & E. George Marcus (Orgs). Writing Culture: the poetics and politics of ethnography. Berkeley: University of California Press.
DAS, Veena. 2007. Life and word: violence and the descent into the ordinary. Berkeley; Los Angeles; London: University of California Press.
DURKHEIM, Émile. 2007. As regras do método sociológico. São Paulo: Martins Fontes.
ELIAS, Norbert. 1993. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Zahar. v. 2.
______. 1994. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
______. 2011. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Zahar. v. 1.
ELIAS, Norbert & SCOTSON, John L. 2000. Os estabelecidos e os outsiders. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
FABIAN, Johannes. 1983. The time and the other: how anthropology makes its object. New York: Columbia University Press.
FAVRET-SAADA, Jeanne. 2005. “Ser afetado”. Cadernos de Campo, 3(3):155-161.
FISCHER, Michael M. J. 1986. Ethnicity and the post-modern arts of memory. In: James Clifford e E. George Marcus (Orgs.). Writing Culture: the poetics and politics of ethnography. Berkeley: University of California Press.
GEERTZ, Clifford. 1988. Works and lives: the anthropologist as author. Standford: Standford University Press.
______. 2012. “Uma descrição densa: por uma teoria interpretativa da cultura”. In: ______. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC. pp. 3-24.
GIUMBELLI, Emerson. 2000. “Para além do ‘trabalho de campo’: reflexões supostamente malinowskianas”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 17(48):91-107.
GOFFMAN, Erving. 1988. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: Guanabara.
______. 1998. “Footing”. In: Branca Telles Ribeiro & Pedro M. Garcez (Orgs.). Sociolingüística interacional: antropologia, linguística e sociologia em análise do dis curso. Porto Alegre: AGE. pp. 11-15.
______. 2010. Comportamento em lugares públicos. Petrópolis: Vozes.
______. 2012a. Ritual de interação: ensaios sobre o comportamento face a face. Petrópolis: Vozes.
______. 2012b. Os quadros da experiência social: uma perspectiva de análise. Petrópolis: Vozes.
______. 2014. “Sobre o resfriamento do Marca: alguns aspectos da adaptação ao fracasso”. RBSE ”“ Revista Brasileira de Sociologia das Emoções, 13(39):269-286.
GOLDMAN, Marcio. 2003. “Os tambores dos mortos e os tambores dos vivos: etnografia, antropologia e política em Ilhéus, Bahia”. Revista de Antropologia, 46(42):445-476.
______. 2005. “Jeanne Favret-Saada, os afetos, a etnografia”. Cadernos de Campo, 13(13):149-153.
HABERMAS, Jürgen. 1968. Erkenntnis und Interesse. Frankfurt am Main: Suhrkamp.
HARTLEY, Eugene L. & HARTLEY, Ruth E. 1970. “Status” social e papel social. In: Fernando Henrique Cardoso & Octávio Ianni. Homem e sociedade. 5. Ed. São Paulo: Nacional.
JACOBSON, David. 1991. Reading ethnography. Albany: State University of New York Press.
KAY, Milton & SVASEK, Maruska. 2005. Mixed emotions: anthropological studies of feeling. Oxford; New York: Berg.
KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. 2005. Medos corriqueiros e sociabilidade. João Pessoa: GREM; EdUFPB.
______. 2006. O vínculo ritual. João Pessoa: EdUFPB.
______. 2008. De que João Pessoa tem medo? Uma abordagem em antropologia das emoções. João Pessoa: EdUFPB.
______. 2009. Emoções, sociedade e cultura: a categoria de análise emoções como objeto de investigação na sociologia. Curitiba: CRV.
______. 2010a. “Pertencimento, medos corriqueiros e redes de solidariedade”. Sociologias, 25(12):286-311.
______. 2010b. “Identidade e pertença: disposições morais e disciplinares em um grupo de jovens”. Etnográfica, 12(1):27-58.
______. 2014. “Solidariedade e conflito nos processos de interação cotidiana sob intensa pessoalidade”. Etnográficas, 18(3):521-549.
KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro & BARBOSA, Raoni Borges. 2015. Da subjetividade às emoções: a antropologia e a sociologia das emoções no Brasil. Cadernos do GREM, 7.
KUSNHER, Gilbert. 1969. “The anthropology of complex societies”. Biennal Review of Anthropology, 6:80-131.
MALINOWSKI, Bronislaw. 1976. Argonautas do Pacífico Ocidental: um relato do empreendimento e da aventura dos nativos nos arquipélagos da Nova Guiné melanésia. São Paulo: Abril Cultural.
MARCUS, George E. 1986. Contemporary problems of ethnography in the modern world system. In: James Clifford & E. George Marcus (Orgs). Writing Culture: the poetics and politics of ethnography. Berkeley: University of California Press.
MARCUS, George E. & FISCHER, Michael M. 1986. Anhthropology as cultural critique ”“ an experimental moment in the human sciences. Chicago: The University of Chicago Press.
ORTNER, Sherry B. 2011. “Teoria na antropologia desde os anos 60”. Mana, 17(2):419-466.
PEIRANO, Mariza. 1995. “Onde está a antropologia?” Mana, 3(2):67-102.
______. 2014. “Etnografia não é método”. Horizontes Antropológicos, 20(42):377-391.
PINA CABRAL, João de. 2003. “Semelhança e verossimilhança: horizontes da narrativa etnográfica”. Mana, 9(1):109-122.
RABINOW, Paul. 1986. Representations are social facts: modernity and post-modernity in anthropology. In: James Clifford & George E. Marcus (Orgs.). Writing Culture: the poetics and politics of ethnography. Berkeley: University of California Press.
REZENDE, Claudia & COELHO, Maria Claudia. 2010. Antropologia das emoções. Rio de Janeiro: Ed. FGV.
ROSALDO, Renato. 1991. Culture and truth: the remaking of social analysis. Boston: Beacon Press.
SAID, Edward. 1979. Orientalism. New York: Random House.
SANTOS, Boaventura Souza. 2006. Um discurso sobre as ciências. São Paulo: Cortez.
SILVA, Hélio R. S. 2009. “A situação etnográfica: andar e ver”. Horizontes Antropológicos, 15(32):171-188.
SIMMEL, Georg. 1970. “O indivíduo e a díade”. In: Fernando Henrique Cardoso & Octávio Ianni (Orgs). Homem e sociedade. 5. ed. São Paulo: Nacional. pp. 128-135.
______. 1986. “La ampliación de los grupos y la formación de la individualidad”. In: ______. Sociología: estudios sobre las formas de socialización. Madrid: Alianza. pp. 741-807.
______. 1998. “O conceito e a tragédia da cultura”. In: Jessé Souza & Berthold Öelze (Org.). Simmel e a modernidade. Brasília: EdUnB. p. 77-105.
______. 2003. “Fidelidade: uma tentativa de análise sócio-psicológica”. RBSE ”“ Re vista Brasileira de Sociologia da Emoção, 2(6):513-519.
______. 2010. “Gratidão: um experimento sociológico”. RBSE ”“ Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, 9(26):785-804.
SIMMEL, Georg. 2011. “O conflito como sociação”. RBSE ”“ Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, 10(30):569-574.
______. 2013. “A tríade”. In: Maria Claudia Coelho (Org. e trad.). Estudos sobre interação: textos escolhidos. Rio de Janeiro: EdUERJ. pp. 45-74.
STRATHERN, Marilyn. 1987. “Out of context: the persuasive fictions of anthropology [and comments and replay]”. Current Anthropology, 28(3):251-281.
TAUSSIG, Michael. 1987. Shamanism, colonialism, and the white man: a study in terror and healing. Chicago: The University of Chicago Press.
WEBER, Max. 1922. Wissenschaft als Beruf. Vortrag.
WINCH, Peter. 1979. “Para compreender a uma sociedade primitiva”. Alteridades, 1(1):82-101.
WACQUANT, Löic. 2006. “Seguindo Pierre Bourdieu no campo”. Revista Sociologia Política, 26:13-29.
WERNECK, Alexandre. 2009. O invento de Adão: o papel do ato de dar uma desculpa na manutenção das relações sociais. Tese de doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
______. 2011. “O egoísmo como competência: um estudo de desculpas dadas nas relações de casal como forma de coordenação entre bem de si e moralidade”. Revista de Antropologia, 1(54):133-190.

Downloads

Publicado

2018-01-25

Como Citar

Barbosa, Raoni Borges. 2018. “Perspectivas E tradições Do Fazer etnográfico”. Anuário Antropológico 41 (2):127-55. https://doi.org/10.26512/anuarioantropologico.v41i2.2016/6360.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.