Parentesco e identidade social

Autores

  • Ovídio de Abreu Filho

Palavras-chave:

Antropologia, Parentesco

Resumo

A literatura sobre família no Brasil tem se caracterizado por uma perspectiva substanciálista que não se preocupa com uma investigação da família enquanto instituição contida num sistema de relações, num sistema de parentesco. Desde Gilberto Freire (1977, 1977a) a família patriarcal tornou- se referência obrigatória seja enquanto realidade, seja enquanto modelo a criticar-se. Conjuntamente com o modelo da família patriarcal firmou-se uma tendência de estudos sobre a família brasileira ou sobre os diferentes tipos de famílias brasileiras que não coloca como questão relevante a definição de um sistema de parentesco. Deste modo, a família, ou as famílias, é definida substantivamente, isto é, por qualidades como a propriedade territorial, a propriedade industrial, a pequena propriedade. Em outro plano: pela característica patriarcal, isto é, pelo poder de páter-famílias percebido como substância definidora da família ou pela ausência da característica patriarcal. Outras características como o tamanho da família, o número médio dos filhos, o tamanho da unidade residencial etc. .. são tomadas como dados relevantes para a caracterização da família. Esta tendência é marcante tanto nos autores defensores da validade do modelo da família patriarcal como nos críticos deste modelo. (Cf. Ramos, 1978;
Cándido, 1951, Willems, 1954; Freire, 1977a, 1977b).

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ABREU, Ovidio. Raça, sangue e lu ta : identidade e parentesco em uma cidade do interior. Dissertação de Mestrado. Museu Nacional, 1980.
ARANTES, Antonio Augusto. “A sagrada família: uma análise estrutural do compadrio”. Cadernos do In s titu to de Filosofia e Ciências Humanas ãa UNICAMP. Brasiliense, 1975.
AZEVEDO, Thales. “Mestiçagem e status” In: Cultura e situação racial no Brasil. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1966a. “Classes sociais e grupos de prestígio” In: Cultura e situação racial no Brasil. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1966b.
BOURDIEU, Pierre. “La terre et les stratégies matrimoniales”, In: Le sens pratique. Paris, Minuit, 1980
CANDIDO, Antonio. “The Brazilian family” In: SMITH, L. & MANCHANT, A. (eds.) Brazil p o r tra it o f h a lf a continent. New York, Dryden Press, 1951.
COSTA PINTO, L. A. Lutas de famílias no Brasil. São Paulo, Ed. N a cional, 1949.
DA MATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis. Rio de Janeiro, Zahar, 1979.
DUMONT, Louis. Homo Hierarchicus. Madrid, Aguilar, 1970.
------------- . In troduc c ión a dos teorías de la antropología social. Barcelona, Anagrama, 1975.
------------- . Homo Aequalis. Paris, Gallimard, 1977. EVANS-PRITCHARD, E. E. Parent et mariage chez les Nuer. Paris, Poyot, 1973.
PLANDRIN, J. S. Families; parenté, maison, sexualité dans l’ancienne société. Paris, Hachette, 1976.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1977a.
------------- . Sobrados e mucambos. Rio de Janeiro, J. Olympio, 1977b.
FREIRE, J. Costa. Ordem médica e norma familiar. Rio de Janeiro, Graal, 1979.
GEERTZ, C. “From the native’s point of view” In: DOLGIN et alii (ed s ). Symbolic Anthropology. New York, Columbia University Press, 1977. t.tiat., Vitor Nunes. Coronelismo, enxada e v o to ; o munic ípio e o re gime representativo no Brasil. Rio de Janeiro, Forense, 1948.
MONTEIRO, D. Teixeira. Os errantes do novo século. São Paulo, Duas Cidades, 1974.
PEREIRA DE QUEIROZ, Maria Isaura. O mandonismo local na vida política brasileira e outros ensaios. São Paulo, Alfa-ômega, 1976.
PIERSON, D. Família e compadrio em uma comunidade rural paulista. Revista de Sociologia. São Paulo (16), 1954.
PITT-RIVERS, J. The fate o f shechem, o r the politics o f sex; essays in the anthropology of the Mediterranean. Cambridge, Cambridge University Press, 1977.
RAMOS, D. City and country: the family in Minas Gerais, 1804-1838 ”” Journal o f family history. Minneapolis, The National Council on Family Relations. 3 (4), 1978.
SCHNEIDER, D. M. American kinship; a cultural account. Englewood- -Cliffs, Prentice-Hall, 1968.
------------- . “What is kinship all about?” In: REINING, p. (ed.) Kinship studies in the Morgan centenial year. Washington, Anthropological Society of Washington, 1972.
VELHO, Gilberto. Projeto emoção e orientação em sociedades complexas. Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, (31). Antropologia Nova Série, 1979.
WILLEMS, E. A estrutura da família brasileira. Revista de Sociologia. São Paulo, (16), 1954.
WOORTMANN, Klaas. Reconsiderando o parentesco. Anuário A n tro pológico 76. Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 1977.

Downloads

Publicado

2018-01-16

Como Citar

de Abreu Filho, Ovídio. 2018. “Parentesco E Identidade Social”. Anuário Antropológico 5 (1):95-118. https://periodicos.unb.br/index.php/anuarioantropologico/article/view/6138.

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.